Domingo, 04 de novembro de 2012
"A fé faz as
coisas possíveis, não fáceis."
EVANGELHO DE HOJE
Mt 5,1-12
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus
Cristo, + segundo Mateus
— Glória a vós, Senhor!
Naquele tempo, 1vendo Jesus as
multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, 2e Jesus
começou a ensiná-los:
3"Bem-aventurados os pobres em
espírito, porque deles é o Reino dos Céus.
4Bem-aventurados os aflitos, porque
serão consolados.
5Bem-aventurados os mansos, porque
possuirão a terra.
6Bem-aventurados os que têm fome e sede
de justiça, porque serão saciados.
7Bem-aventurados os misericordiosos,
porque alcançarão misericórdia.
8Bem-aventurados os puros de coração,
porque verão a Deus.
9Bem-aventurados os que promovem a paz,
porque serão chamados filhos de Deus.
10Bem-aventurados os que são
perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus!
11Bem-aventurados sois vós, quando vos
injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós,
por causa de mim. 12aAlegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa
recompensa nos céus".
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
MEDITANDO O EVANGELHO
Alexandre Soledade
Bom dia!
Bem aventurados… Sim! Somos agraciados, pois cremos em Deus e
depositamos Nele a nossa confiança de um dia, uma semana, um mês, (…) ainda
melhor. Vendo dessa forma, começamos a semana em que refletiremos o amor de
Deus por sua criatura através do Coração humano e divino de Jesus.
A passagem das bem-aventuranças nos faz pensar que na verdade em nossas
fraquezas habita nossa fortaleza. Quando digo fraqueza não estou me referindo a
pecados ou falhas. Refiro-me aos nossos medos, sentimentos não preenchidos,
angústias… Pensar que Deus habita onde não imaginamos que Ele estaria nos gera
um grande conforto.
É difícil de imaginar Deus no mendigo que pede uma esmola na rua? Será
que vejo a imagem de Deus naquele que paga por uma pena na prisão? Consigo ver
Seus santos traços na criança que faz malabares no semáforo?
Sim! É tremendamente difícil vê-LO nesses exemplos ofertados e outros
que passaram no nosso pensamento. Nossos olhos não vêem, pois nosso coração
acostumou a não sentir.
Existe um trecho da condenação de Jesus em que Pedro, aquele que disse
que o seguiria aonde Ele fosse, por medo, resigna-se apenas a olhá-lo de longe.
“(…) Prenderam-no então e conduziram-no à casa do príncipe dos
sacerdotes. PEDRO SEGUIA-O DE LONGE“. (Lucas 22, 54)
A grande diferença entre nós e aquele que a vida e as opções feitas por
seus pais ou por eles mesmos fizeram, É A DISTANCIA com qual acompanham a
Jesus. Dinheiro não repara essa distância, tão pouco constrói outro caminho,
apenas através da DIGNIDADE, do RESPEITO e do DIREITO SENDO CUMPRIDO poderão
obter.
“(…) O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e gozo no
Espírito Santo“. (Romanos 14, 27)
Acreditar em Deus é esperar numa recompensa futura, mas não fazer as
boas obras pensando em obtê-la, pois se assim fizéssemos de que valeu nossa boa
vontade se no fundo era fruto de um INTERESSE? Mudar o paradigma hoje poderá
garantir a vida amanhã.
Voltemos a aquela reflexão: Deus habita em na nossa fraqueza
O mundo nos ensinou (e ainda ensina) a sermos racionais e frios como
aqueles precisam ser ao lidar dia-a-a-dia com a morte, a doença, as
calamidades, a fome… Quando não sofremos mais com a angústia do irmão que pede,
quando não lutamos mais pela justiça de quem merece, quando fechamos os olhos
ao sofrimento, o mundo nos chama de fortes, adaptados, preparados. Pensar no
outro passou a ser um grande sinal de fraqueza e ao depararmos e conflitarmos
esse grande paradigma provavelmente encontraremos a mão de Deus. “(…) Felizes
as pessoas que têm o coração puro, pois elas verão a Deus. – Felizes as pessoas
que trabalham pela paz, pois Deus as tratará como seus filhos”.
Fazendo uma ultima reflexão: QUANTO MAIS CRESCE O NÚMERO DE BOTÕES E
FUNÇÕES DOS NOSSOS CONTROLES-REMOTOS, MENOS GENTE SE ENGAJA NA LUTA EM FAVOR DE
QUEM MAIS PRECISA.
Bem aventurados somos nós que persistimos em acreditar.
Um imenso abraço fraterno!
MUNDO ANIMAL
Aos 17 anos, morre Camões, o cachorro
que inspirou Saramago
Camões,
o cachorro no qual o escritor português José Saramago se inspirou para criar O
Achado, o melhor aliado do oleiro protagonista de seu romance A Caverna, morreu
nesta quinta-feira (2) em Lanzarote, informou a viúva do escritor, Pilar del
Río, em um texto emocionado publicado na página da Fundação de mesmo nome do
escritor.
“Morreu
Camões, o cão que inspirou Saramago”, é o título dado por Pilar del Río em sua
despedida ao animal, que chegou a seu lar de Lanzarote no mesmo tempo em que o
escritor soube que tinha sido agraciado com o Prêmio Camões, em 1995. “Entra,
chegaste a tua casa. Assim entrou Camões na vida de José Saramago”, continua a
viúva do prêmio Nobel de Literatura sobre este cachorro, “doce e nobre”, que
foi batizado como o grande poeta português e que sofreu com a morte do escritor
em 2010.
O
escritor e sua esposa conviviam com três cachorros em sua casa de Lanzarote:
Pepe, um poodle; Greta, uma fêmea Yorkshire; e Camões, da raça conhecida como
cão d’água, o único que ainda estava vivo, e como seus companheiros, recolhido
da rua. “Quando Camões apareceu por aqui, com seu pelo preto e a exclusiva
gravata branca que o distingue de qualquer outro exemplar da espécie canina,
todos os humanos de casa se pronunciaram sobre a suposta raça do recém chegado:
um poodle. Fui o único que disse que poodle não era, mas cão d’água português”,
escreveu em seu blog o romancista em fevereiro de 2009.
Em
tal texto, Saramago falava deste animal, de seus atributos por causa de idade, de
seus companheiros Pepe e Greta (“que já foram embora para o paraíso dos
cachorros”), e brincava com a coincidência que o presidente dos Estados Unidos,
Barack Obama, tinha escolhido um cão d’água português para suas filhas. “Novos
tempo se aproximam”, dizia com ironia. O autor se inspirou neste companheiro
para criar O Achado, o cachorro de honorável comportamento que aparece – também
de repente – na casa do oleiro Cipriano Algor, protagonista de A Caverna
(2000).
Mas
este não é o único caso no qual os cães são portadores de mensagens nos livros
do Prêmio Nobel de Literatura 1998, pois em Ensaio Sobre a Cegueira, um
cachorro bebe as lágrimas de uma mulher, um momento do qual o escritor se
mostrava especialmente orgulhoso. Em O Homem Duplicado, Tomarctus salvará o
protagonista do romance, Tertuliano Máximo Afonso, e em A Jangada de Pedra, os
cinco protagonistas encontram um cachorro que o escritor batizou como Constante
(entre outras opções como Fiel, Piloto e Sentinela), por seu afã de acompanhar
um dos personagens até o túmulo.
“Encontro
nos cachorros mais humanidade que nos homens”, afirmou o autor português em
2003 no México, uma das ocasiões nas quais falou longamente sobre sua relação
com os cães, e o papel que estes tiveram em seus romances.
Fonte:
Agência EFE
MOMENTO DE REFLEXÃO
“O otimismo é uma disposição
alegre que permite que um bule de chá assobie, apesar de estar com água quente
até o nariz.” (Anônimo)
Eu tinha dez anos de idade quando
minha mãe teve paralisia, causada por um tumor na espinha dorsal. Antes disso,
ela havia sido uma mulher vibrante e vigorosa, de tal maneira ativa que a
maioria das pessoas achava impressionante.
Mesmo quando era pequena, eu
ficava admirada com suas realizações e por sua beleza. Porém, quando tinha
trinta e um anos, sua vida mudou. Assim como a minha.
Do dia para a noite, parecia, ela
passou a ficar deitada de costas em uma cama de hospital. Um tumor benigno a
havia incapacitado, mas eu era jovem demais para compreender a ironia da
palavra "benigno" – pois ela nunca mais seria a mesma.
Ainda tenho imagens vívidas dela
antes da paralisia. Ela sempre foi gregária e recebia muitas visitas. Com
freqüência passava horas preparando canapés e enchendo a casa de flores, que
colhia frescas no jardim cultivado ao lado da casa.
Selecionava as músicas populares
da época e rearrumava a mobília a fim de abrir espaço para que os amigos
pudessem se entregar à dança. Na realidade, era minha mãe quem mais gostava de
dançar.
Hipnotizada, eu a observava se
vestir para as festividades noturnas. Mesmo hoje em dia ainda me lembro de
nosso vestido favorito, com sua saia preta e corpete de renda azul-marinho, o
contraste perfeito para seu cabelo louro.
Fiquei tão emocionada quanto ela
no dia em que trouxe para casa sapatos de salto alto de renda preta e, naquela
noite, minha mãe certamente era a mulher mais bonita do mundo.
Eu acreditava que ela podia fazer
qualquer coisa, fosse jogar tênis (ganhara campeonatos na universidade),
costurar (fazia todas as nossas roupas), tirar fotografias (ganhou um concurso
nacional), escrever (era colunista de um jornal) ou cozinhar (especialmente
pratos espanhóis para meu pai).
Agora, apesar de não poder fazer
nenhuma dessas coisas, ela encarava sua doença com o mesmo entusiasmo que tinha
em relação a tudo o mais.
Palavras como
"deficiente" e "fisioterapia" tornaram-se parte de um
estranho mundo novo no qual entramos juntas, e as bolas de borracha para
crianças que ela se esforçava para apertar adquiriram um simbolismo que jamais
haviam possuído.
Gradualmente, passei a ajudar nos
cuidados com a mãe que sempre cuidara de mim. Aprendi a cuidar do meu próprio
cabelo - e do dela. Eventualmente, tornou-se rotina levá-la na cadeira de rodas
até a cozinha, onde ela me ensinava a arte de descascar cenouras e batatas e
como esfregar alho e sal e pedaços de manteiga em uma boa carne assada.
Quando, pela primeira vez, ouvi
falarem em uma bengala, opus-me:
- Não quero que a minha linda mãe
use uma bengala. Mas a única coisa que ela disse foi:
- Não é melhor você me ver
andando com uma bengala do que não me ver andando de maneira alguma?
Cada conquista era um marco para
nós duas: a máquina de escrever elétrica, o carro com câmbio e freio
automáticos, sua volta à universidade, onde se diplomou em Educação Especial.
Ela aprendeu tudo o que podia
sobre as pessoas com deficiências e acabou fundando um grupo ativista de apoio
chamado “Os Incapacitados”. Certo dia, sem ter falado muito de antemão, ela me
levou e a meus irmãos a uma reunião dos Incapacitados.
Eu nunca vira tantas pessoas com
tantas deficiências. Voltei para casa, silenciosamente introspectiva, pensando
em como nós realmente tínhamos sorte. Ela nos levou muitas vezes depois disso
e, eventualmente, a visão de um homem ou uma mulher sem pernas ou braços não
nos chocava mais.
Minha mãe também nos apresentou
as vítimas de paralisia cerebral, enfatizando que a maioria era tão inteligente
quanto nós, talvez mais. E nos ensinou a nos comunicarmos com os deficientes
mentais, mostrando como eles eram frequentemente mais afetuosos, comparados às
pessoas normais. Durante tudo isso, meu pai continuou a amá-la e apoiá-la.
Quando eu estava com onze anos,
minha mãe me contou que ela e papai iriam ter um bebê. Muito depois, eu soube
que seus médicos tinham insistido para que ela fizesse um aborto (terapêutico)
- uma opção à qual ela resistiu veementemente.
Logo, éramos mães juntas, já que
virei mãe adotiva de minha irmã, Mary Therese.
Em pouquíssimo tempo aprendi a
trocar fraldas, banhá-la e alimentá-la. Ainda que mamãe tenha mantido a
disciplina maternal, para mim foi um passo gigantesco além da brincadeira com
bonecas.
Um momento se destaca mesmo hoje
em dia: o dia em que Mary Therese, na época com dois anos, caiu e esfolou o
joelho, abriu-se em prantos e passou correndo pelos braços estendidos de minha
mãe para os meus. Tarde demais, eu vislumbrei a faísca de dor no rosto de
mamãe, mas tudo o que ela disse foi:
- É natural que ela corra para
você, pois você toma conta dela tão bem...
Como minha mãe aceitava sua
condição com tanto otimismo, raramente me senti triste ou ressentida. Mas nunca
irei esquecer o dia em que minha complacência foi destruída.
Muito tempo depois da imagem de
minha mãe em salto agulha ter se dissipado da minha consciência, houve uma
festa em nossa casa. A esta altura eu era adolescente, e vi minha sorridente
mãe sentada na lateral, olhando seus amigos dançarem, e fui atingida pela cruel
ironia de suas limitações físicas. Subitamente, fui transportada de volta à
época de minha primeira infância e a visão de minha mãe dançando radiante
estava novamente diante de mim.
Imaginei se mamãe se lembraria
também. Espontaneamente, andei em sua direção e então vi que, apesar de estar
sorrindo, seus olhos estavam marejados de lágrimas.
Corri para fora do aposento e
para o meu quarto, enterrei meu rosto no travesseiro e chorei copiosamente -
todas as lágrimas que ela jamais chorara. Pela primeira vez, eu me enraiveci
contra Deus e contra a vida e suas injustiças para com a minha mãe.
A lembrança do sorriso brilhante
de minha mãe permaneceu comigo. Daquele momento em diante, enxerguei sua
habilidade de superar a perda de tantas batalhas anteriores e seu ímpeto em
olhar para a frente - coisas que eu tomava por certas - como um grande mistério
e uma poderosa inspiração.
Quando eu estava crescida e
comecei a trabalhar com o sistema penal, mamãe se interessou em trabalhar com
os prisioneiros. Ela telefonou para a penitenciária e pediu para dar aulas de
Redação Criativa para os detentos. Lembro-me de como eles se amontoavam em
volta dela sempre que ela chegava e pareciam se agarrar a cada palavra sua,
como eu fizera na infância.
Mesmo quando não podia mais se
deslocar até a prisão, ela freqüentemente se correspondia com vários detentos.
Um dia pediu-me para enviar uma
carta para um prisioneiro, ''Waymon”. Perguntei se poderia lê-la antes e ela
concordou, sem perceber, eu acho, o quanto aquilo seria revelador para mim.
Dizia:
"Querido Waymon,
Quero que saiba que tenho pensado
em você com frequência desde que recebi sua carta. Você mencionou como é
difícil estar preso atrás das grades e meu coração se une ao seu. Mas quando
você disse que eu não imagino o que é estar na prisão, senti-me compelida a
dizer-lhe que está errado.
Existem diferentes tipos de
liberdade, Waymon, diferentes tipos de prisões. Às vezes, nossas prisões são
auto-impostas.
Quando, com a idade de trinta e
um anos, levantei-me um dia para descobrir que estava completamente paralisada,
senti-me em uma armadilha - dominada pela sensação de estar presa dentro de um
corpo que não mais me permitiria correr através de uma campina, dançar ou
carregar minha filha nos braços.
Fiquei deitada ali durante muito
tempo, lutando para chegar a um acordo com minha enfermidade, tentando não sucumbir
em auto-piedade. Perguntei-me se, na verdade, valeria a pena viver nessas
condições, se não seria melhor morrer.
Pensei a respeito desse conceito
de prisão, pois me parecia que havia perdido tudo o que importava na vida. Eu
estava próxima do desespero.
Mas, então, um dia me ocorreu
que, na realidade ainda havia opções abertas para mim e que eu tinha a
liberdade de escolher entre elas. Será que eu iria sorrir quando visse meus
filhos de novo, ou iria chorar? Iria zangar-me com Deus, ou iria pedir que Ele
fortalecesse minha fé?
Em outras palavras, o que eu iria
fazer com o livre-arbítrio que Ele havia me dado e que ainda era meu?
Tomei a decisão de lutar,
enquanto estivesse viva, para viver o mais plenamente possível, para procurar
tornar minhas experiências aparentemente negativas em experiências positivas,
procurar formas de transcender minhas limitações físicas expandindo minhas
fronteiras mentais e espirituais.
Eu podia escolher entre ser um
exemplo positivo para meus filhos ou podia murchar e morrer emocional assim
como fisicamente.
Existem muitos tipos de
liberdade, Waymon. Quando perdemos um tipo de liberdade, temos que simplesmente
procurar por outro. Você e eu somos abençoados com a liberdade de escolher
entre bons livros que iremos ler e quais deixaremos de lado.
Você pode olhar para as suas
grades, ou pode olhar através delas. Você pode ser um exemplo para prisioneiros
mais jovens, ou pode se misturar com os encrenqueiros.
Você pode amar a Deus e buscar
conhecê-Lo, ou pode virar as costas para Ele. Até certo ponto, Waymon, estamos
nisto juntos. "
Quando finalmente terminei de ler
a carta, minha visão estava borrada pelas lágrimas. Ainda assim, pela primeira
vez, eu enxerguei minha mãe com clareza.
E eu a entendi.
(Marie Ragghiandi)
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