Quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
“Que este último dia do ano seja o
cobrir das sementeiras sobre seus sulcos e no próximo ato da brotação, e no
crescimento das plantas haja alegria pela certeza da boa colheita!”
EVANGELHO DE HOJE
Lc 2,36-40
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus
Cristo, + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor!
1No princípio era a
Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2No princípio,
estava ela com Deus. 3Tudo foi feito por ela e sem ela nada se fez de tudo que
foi feito. 4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5E a luz brilha
nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la.
6Surgiu um homem
enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar
testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a
luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade,
que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano.
10A Palavra estava no
mundo – e o mundo foi feito por meio dela – mas o mundo não quis conhecê-la.
11Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram. 12Mas, a todos os que a
receberam, deu-
-lhes capacidade de se
tornar filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, 13pois estes não
nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do varão, mas de
Deus mesmo.
14E a Palavra se fez
carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe
do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade. 15Dele, João dá
testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim
passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”. 16De sua plenitude
todos nós recebemos graça por graça. 17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei,
mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. 18A Deus, ninguém
jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo
deu a conhecer.
Palavra da Salvação
Glória a vós Senhor.
MEDITAÇÃO DO EVANGELHO
Padre Antonio Queiroz
E a Palavra
se fez carne.
Nós estamos
no último dia do ano. Vamos olhar para trás e agradecer. Agradecer a vida nossa
e de nossos queridos, agradecer a saúde, a família, as amizades e tantas outras
coisas. Não nos esqueçamos de agradecer a Redenção, que é o maior presente que
ganhamos. Jesus é “Emanuel”: Deus conosco.
O Evangelho
da Missa de hoje, além de introdução ao Evangelho de S. João, é também síntese
deste Evangelho. A página tem sublime altura teológica e nos relata o
nascimento histórico de Jesus com a Encarnação de Deus, eterno e criador de
todas as coisas. Por isso, Jesus é chamado de Palavra, pois a palavra manifesta
algo que não vemos, que é a idéia de quem fala.
O Evangelho
contém três partes, entre as quais se intercala o testemunho de João Batista
sobre Cristo, a Luz do mundo: 1) A existência eterna da Palavra criadora de
Deus. 2) A vinda dessa Palavra ao mundo, a força transformadora dela no meio do
mundo pecador, e a resposta deste mundo a ela, que tem duas direções opostas:
“O mundo não quis conhecê-la... Mas aqueles que a receberam...” É a
incredulidade e a fé que se opõem. 3) A Encarnação é um modo novo de presença
de Deus entre os homens, mais próxima e pessoal do que a criação. É isto que
celebramos no Natal.
Também está
aqui o mistério mais profundo e o ponto inicial do seguimento de Jesus: a fé
cristã.
O versículo
14: “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós” constitui o cume do Novo
Testamento. A Palavra se fez carne, isto é, sujeitou-se à debilidade, á mortalidade
e impotência humana. O imenso e eterno criador do mundo com suas galáxias,
torna-se uma criatura que chora, que tem fome e sede. É assim que Deus consegue
uma total proximidade com o homem. É o mistério do amor de Deus por nós, tão
grande que nunca o entenderemos plenamente. A partir de agora, Jesus Cristo, a
Palavra viva do Pai, será o lugar de encontro entre Deus e os homens, pois é
igual a nós em tudo, exceto no pecado.
Deus se
serviu da condição humana para salvar o homem. Hoje, ele continua se servindo
da nossa condição humana para levar a todos essa salvação. Cabe a nós beber com
alegria desta fonte de Água Viva, que começou no Natal, e levá-la aos outros.
“Veio para o
que era seu, mas os seus não o receberam.” É uma síntese da triste resposta a Deus,
não só por parte do povo judeu mas do mundo inteiro. Se a mensagem libertadora
da Encarnação de Deus ainda não mudou a face do nosso planeta, ninguém pode
julgar-se isento de responsabilidade no conflito entre a luz e as trevas.
Por causa
das trevas do nosso coração, ainda não captamos o mistério de amor e a mensagem
de conversão a Deus e aos irmãos que o Natal nos transmitiu. “A Luz veio, mas
os homens preferiram as trevas à Luz, porque suas obras eram más”. Quem age
errado prefere as trevas para que suas obras não sejam manifestas. O certo é
que ainda não acolhemos direito a divina visita que bateu à nossa porta. “De
tal modo amou Deus ao mundo que lhe deu seu Filho único” (Jo 3,16).
Certa vez,
um jovem rei, durante uma caçada no campo, travou conversa com um jovem pastor
que lhe parecia simpático. Depois do bate papo, o príncipe quis fazer amizade
com o rapaz. Mas este, consciente da distância social que os separa, recusou
tal amizade. Então o jovem rei arranjou uma maneira mais eficaz. Foi para casa
e voltou disfarçado em pastor, como se fosse da mesma classe social do
simpático jovem. E surgiu a amizade.
Deus fez
conosco como este jovem: tornou-se igual a nós para que lhe sejamos amigos e
amigas. Mas, infelizmente, ele está conosco, igualzinho a nós, e não nos
tornamos seus amigos, nem o conhecemos.
“Quando se
completou o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de uma mulher” (Gl
4,4). Nós agradecemos a Maria sua valiosa colaboração na nesse plano salvador
de Deus, e pedimos a ela que nos ajude a acolher bem a visita que Deus nos faz.
E a Palavra
se fez carne.