Quinta-feira,
19 de julho de 2012
"Aprendi
o silêncio com os faladores, a tolerância com os intolerantes, a bondade com os
maldosos; e, por estranho que pareça, sou grato a esses professores."(Khalil
Gibran)
EVANGELHO
DE HOJE
Mt 11,28-30
- Venham a
mim, todos vocês que estão cansados de carregar as suas pesadas cargas, e eu
lhes darei descanso. Sejam meus seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso
e tenho um coração humilde; e vocês encontrarão descanso. Os deveres que eu
exijo de vocês são fáceis, e a carga que eu ponho sobre vocês é leve.
MEDITANDO
O EVANGELHO
Padre
Antonio Queiroz
Vinde a mim
todos vós que estais cansados.
No
Evangelho de hoje, Jesus nos convida a nos aproximarmos dele. Se aceitarmos o
convite, nós que andamos “cansados e fatigados sob o peso dos nossos fardos”,
encontraremos descanso. Portanto, não existe convite melhor.
“O
meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” O fardo de Jesus á a obediência aos
mandamentos. É um jugo suave, porque Deus nos ajuda com a sua graça.
“Aprendei
de mim que sou manso e humilde de coração.” Como que é uma pessoa mansa e
humilde? É pacífica, acolhedora, paciente, compreensiva, alegre, serviçal e
amiga. As pessoas não precisam se preparar para se aproximar delas, porque
sabem que sempre serão bem acolhidas e compreendidas. As crianças são as
primeiras a conhecerem essas pessoas e logo as procuram. Por outro lado, há
pessoas que são de difícil relacionamento. Você ensaia, ensaia, para falar algo
com elas, e mesmo assim se dá mal às vezes.
Jesus
sempre se mostrou uma pessoa boa, acolhedora, compreensiva, humilde aberta. E
nos convida a vivermos ao seu lado. Que bom!
“O
Senhor corrige a quem ama e castiga a quem aceita como filho” (Hb 12,4). “Eu
repreendo e educo aos que amo” (Ap 3,10). É justamente o amor que Deus tem por
nós que o leva a nos impor o seu suave jugo.
E
Jesus não mudou este seu comportamento, mesmo nas suas horas mais difíceis, que
foram a condenação e a morte. “Jesus, tendo amado os seus que estavam no mundo,
amou-os até o fim” (Jo 13,1).
“Ele
tomou sobre si as nossas enfermidades e assumiu os nossos sofrimentos. Foi
castigado por nossos crimes. Nós fomos curados, graças aos seus padecimentos. O
justo justificou a muitos” (Is 53,4). A nossa salvação foi o principal gesto de
amor de Jesus.
“Cristo
morreu pelos pecadores, o justo pelos injustos, a fim de os conduzir a Deus”
(1Pd 3,18). Amar quem é bom, até que não é difícil. Mas amar a uma pessoa ruim,
ou a um inimigo, é difícil. Jesus nos amou quando éramos ruins e este seu amor
nos tornou bons.
E
ele nos pede para imitá-lo: “Irmãos, tende em vós os mesmos sentimentos de
Cristo Jesus que, sendo rico se fez pobre por amor de vós!” (Fl 2,5). “Jesus,
manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso.”
Queremos imitar o Senhor, tendo a virtude da benignidade, que é o amor às
pessoas fracas, que cometem erros ou que nos ofendem.
Ninguém
é totalmente ruim, nem totalmente bom. Só o demônio é totalmente ruim, e só
Deus é totalmente bom. Todos nós temos um pouco de bondade e um pouco de
maldade. Mas a virtude da benignidade nos leva a ver o lado bom das pessoas.
Esse é o melhor incentivo para que as pessoas más se tornem boas.
O
Natal é uma festa cercada de paz, porque nela celebramos o nascimento de Jesus,
a própria paz encarnada. Que agora, no advento, nos preparemos para celebrar o
Natal com um coração cheio de paz.
Certa
vez, dois amigos estavam conversando, mas entre eles havia uma parede. A certo
momento, um deles comentou que a parede era azul. O outro discordou: “Azul
coisa nenhuma! Você não deve estar enxergando bem. Não está vendo que a cor
desta parede é amarela?”
“Como
amarela?! – disse o outro – você é que precisa trocar os óculos. Está na cara
que esta parede é azul”. “Mas como pode? – retrucou o outro – como você teima
em dizer que é azul?!”
E
a discussão continuou rolando, no meio já de algum insulto. Até que um deles
resolveu dar a volta e ver a parede do lado do outro. Realmente ela era azul.
Azul de um lado e amarela do outro.
A
pessoa mansa e humilde de coração vê as realidades do lado do seu irmão ou
irmã. Por isso está sempre em paz.
A
última invocação da ladainha de Nossa Senhora é Rainha da Paz. Que Maria nos
ajude a nos preparar bem para celebrar o nascimento do seu Filho, o Príncipe da
Paz.
Vinde a mim
todos vós que estais cansados.
MEIO
AMBIENTE
A Igreja e
uma terra mais habitável
Morreram com sete anos e um dia de
diferença: Dorothy Stang, missionária norte-americana na região amazônica, que
adotou o Brasil como sua própria terra, foi assassinada por seis disparos em 12
de fevereiro de 2005; Dom Ladislao Biernaski, Bispo de San José dos Pinhais e
presidente da Comissão Pastoral da Terra ou CPT, organização da Igreja
brasileira, morreu de câncer em 13 de fevereiro de 2012.
Dorothy Stang, conhecida localmente
como Irmã Dorothy, tornou-se famosa depois de seu trágico final. Vivia em Anapu
(uma cidade do Pará), onde promovia um projeto de desenvolvimento sustentável
que fomentava a produção familiar cuidando do meio ambiente. Foi assassinada
porque seu projeto entorpecia os interesses de proprietários de terras locais.
Embora tanto os assassinos como os instigadores do assassinato tenham sido
condenados, a irmã Dorothy não estaria contente hoje: O Código Florestal, em
caminho de ser aprovado em Brasília, e as controvérsias ao redor da barragem de
Belo Monte (terceiro maior complexo hidrelétrico do mundo) abrirá ainda mais as
feridas na Amazônia e de seus habitantes indígenas, sem mencionar os danos
causados por monocultivos de plantação de agronegócios.
Ladislau Biernaski era uma pessoa
apaixonada pela terra, como Jelson Oliveira, membro da CPT escreveu na página
web da Comissão: “Com as mãos cheias de calos e as unhas escuras desfrutava
orgulhoso mostrando aos visitantes o jardim que ele pessoalmente se encarregara
de cuidar, ao lado da singela casa onde vivia. Esta paixão pela terra, herdada
de sua família de imigrantes polacos, levou-o a transformar a ‘terra’ numa
causa evangélica e política. Com esta motivação, passou anos visitando os
acampamentos e assentamentos da comunidade. Com frequência deixava de lado a
mitra e outros símbolos episcopais para unir-se solidariamente ao povo, comemorando
este compromisso profético pela justiça. Dom Ladislau tinha aprendido a
compreender e a explicar a missão pastoral da Igreja aos pobres. Inspirado por
essa clareza, participou de inúmeras manifestações dos pobres no Paraná, tanto
no campo como na cidade”.
Estas duas testemunhas nos recordam
duas coisas. A primeira é que a terra não é uma simples mercadoria ou um ativo
financeiro —em contraste com o que os abutres que “açambarcam a propriedade das
terras” fazem-nos crer: as multinacionais e os estados que numa década
açambarcaram uma superfície que cobre oito vezes o Reino Unido—.
A terra, pelo contrário, é um valor de
proteção especial, uma condição essencial para a afirmação da dignidade humana,
e também é o “primeiro elemento” da cultura de uma comunidade e sua identidade.
Inclusive quando a economia global atual é em grande parte subcontratada, a
agricultura se transformou em objeto da lógica da bolsa de valores, e nossa
vida cotidiana é cada vez mais mediada pela tecnologia. No entanto, a terra
continua sendo especificamente o fator que constitui a base da universalidade
dos direitos, já que nos chamamos seres humanos, e nascemos numa só terra
(humus).
A segunda mensagem de Irmã Dorothy e
Dom Ladislau é principalmente para aqueles que ainda repetem o estribilho de
que a Igreja deve abster-se da política para dedicar-se às coisas do céu: O
verdadeiro cristão é aquele que se esforça com todas suas forças para tornar o
mundo, e de fato a terra, mais habitável.
Autor: Stefano Femminis - Fonte: Mirada
Global
MOMENTO
DE REFLEXÃO
"Aqueles
que exigem e reclamam consideração, geralmente são os que ainda não a
merecem."
Quando
temos algum merecimento não nos damos conta de tal e não prestamos atenção se
nos dão ou não algum valor. Somos tão naturais, tão simples, e o que fazemos é
tão nosso que nem percebemos se alguém nos observa ou nos aplaude.
A
consideração deve ser espontânea; não devemos desejá-la, mas merecê-la. E se a
merecermos, ela não nos fará falta, porque perdemo-la de vista. Satisfaz-nos
sentirmo-nos tranqüilos e contentes conosco mesmos. Esse é o prêmio do que se
coloca à altura de merecer consideração.
Não
observa se alguém está vendo aquilo que faz com a intenção de merecer
consideração ou elogios. Tudo que faz é com naturalidade. E, muitas vezes, se
admira que destaquem e aplaudam um ato seu, pois não vê realmente razão para
tal.
Portanto,
aquele que reclama, com ou sem razão, que foi preterido, pode estar certo de
que ainda não merece ser exaltado.
A
exaltação deve vir de dentro de nós, com a certeza de que procedemos bem, que
fizemos o melhor que pudemos e que, aconteça o que acontecer - injustiça, perseguição,
ingratidão -, seguiremos sempre a nossa rota, porque nosso destino não é ser
enaltecido pelos homens vulgares, mas por nós mesmos e por aqueles que
estiverem à altura de reconhecer os verdadeiros valores.
Não
cedamos o nosso patrimônio espiritual amealhado pelos séculos afora em troca
das mágoas e ressentimentos que a vida precisa colocar no nosso caminho.
Saibamos
que o desejo de ver reconhecido o nosso valor é ainda uma vaidade que deve ser
combatida.
Que
a consideração do mundo não nos faça falta. "Meu Reino não é deste
mundo", falou Jesus. Tomemos essa lição como norma de nossa vida."
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