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LITURGIA DIÁRIA

LITURGIA DIÁRIA - REFLEXÕES E COMENTÁRIOS

Diário de Sábado 14/05/2011







Sábado, 14 de maio de 2011




“Muitas vezes lamentaríamos se nossos desejos fossem atendidos.” (Esopo)












EVANGELHO DE HOJE




Jo 15,9-17


Como meu Pai me ama, assim também eu vos amo. Permanecei no meu amor. Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu observei o que mandou meu Pai e permaneço no seu amor. Eu vos disse isso, para que a minha alegria esteja em vós, e a vossa alegria seja completa. Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem amor maior do que aquele que dá a vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu Senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Não fostes vós que me escolhestes; fui eu que vos escolhi e vos designei, para dardes fruto e para que o vosso fruto permaneça. Assim, tudo o que pedirdes ao Pai, em meu nome, ele vos dará. O que eu vos mando é que vos ameis uns aos outros.












MEDITANDO O EVANGELHO (1)
Pe. Antônio Queiroz CSsR




Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi.
Hoje nós celebramos a festa do Apóstolo S. Matias. A escolha dele, em substituição a Judas Iscariotes, está narrada na primeira Leitura: At 1,15-26. Fizeram um sorteio. Nós hoje escolhemos os nossos líderes geralmente através da votação. Mas no fundo quem escolhe é sempre Deus, seja através do sorteio, da votação, ou de qualquer outro sistema eleitoral.
Não somos nós que escolhemos a Deus, mas é ele que nos escolhe. Da nossa parte, cabe a disponibilidade, como teve S. Matias. Ele não escolheu ser Apóstolo, foi a Igreja que o escolheu. Ou melhor, foi Deus que o escolheu através da Igreja.
É interessante o discursinho de S. Pedro, que está na primeira Leitura. O qur ele fez foi um discernimento junto com a Comunidade, isto é, uma busca da vontade de Deus. Usando outras palavras, Pedro disse: Deus quer que haja doze Apóstolos, porque foi assim que Jesus constituiu o grupo, que é uma continuação das doze tribos de Israel. Mas Judas nos deixou. Portanto, Deus quer que um de vocês ocupe o lugar dele.
Com essas palavras, Pedro motivou a Igreja ali reunida, umas cento e vinte pessoas, a buscarem uma saída, indicando candidatos para preencher a vaga. Pedro ainda deu critérios para a escolha: “Há homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus vivia no meio de nós, a começar pelo batismo de João até o dia em que foi elevado ao céu. Agora, é preciso que um deles se junte a nós”. Esses são os chamados setenta de dois discípulos. A Comunidade trocou idéias e apresentou Matias e José Barsabás.
A Comunidade escolheu através de um sorteio. Nós hoje costumamos fazer votação ou outro sistema qualquer. É a mesma coisa. No fundo, quem escolhe é Deus, seja através do sorteio, ou dos votos, ou de qualquer outro sistema eleitoral.
O importante é a Comunidade fazer as três coisas que essa Comunidade fez: 1ª) Ter o desejo de fazer a vontade de Deus, não a própria vontade. 2ª) Rezar, pedindo a Deus que ilumine e dirija na hora de votar ou de escolher. 3ª) Os membros fazerem a sua parte, conversando entre si e trocar idéias sobrem quem é o mais indicado para o cargo.
Deus quer que os postos vagos nas pastorais, nos ministérios e nos vários serviços da nossa Comunidade sejam preenchidos. Vários motivos levam um cargo a ficar vago: doença, mudança da família para outra cidade, impossibilidade de continuar, devido a compromissos pessoais ou familiares, devido a doença. E também por um motivo muito comum: a pessoa que exercia o cargo parou de participar da Comunidade.
O próprio fato de haver uma função vaga é um chamado de Deus para todos os membros da Comunidade. É algo que nos inquieta. A primeira coisa que a gente pensa é: Será q eu tenho condições de assumir essa função? Ou: Será que eu não poderia convencer alguém a assumi-la?
Imagine se S. Pedro aparecesse hoje na nossa Comunidade, convivesse uns dias com ela e depois fizesse um discursinho na hora da Missa: “Irmãos, eu descobri que tal cargo está vago. Isso não pode acontecer! Deus não quer isso! Peço a vocês que se reúnam, conversem entre si e apresentem alguns candidatos para fazermos uma votação”. Que bonito seria, não? Que aprendamos a lição da escolha de Matias! Uma função vaga na nossa Comunidade é, por si mesma, um chamamento de Deus a nós. Que nos esforcemos para que, de uma forma ou de outra, essa função seja preenchida.
No Evangelho, Jesus fala que o seu amor nasce da obediência aos seus mandamentos: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor”. Essa expressão “no meu amor” refere-se não apenas ao nosso amor a ele, mas ao amor que ele carrega no coração, que é o amor que existe dentro da SS. Trindade e que foi derramado em nossos corações (Rm 5,5).
De fato, o amor de Deus não é apenas sentimento, ele se mostra nas nossas ações e atitudes. “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21).
Um dos mandamentos de Jesus é pertencer à sua Igreja, que é una, santa, católica e apostólica.
E neste Evangelho Jesus fala também: “Eu não vos chamo servos, mas amigos”. Ele quer ser nosso amigo. Vamos também ser amigos dele, amigos fiéis e sinceros, como ele é conosco.
“Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos.” O Apóstolo S. Matias pregou a Palavra de Deus na Palestina, e depois na Ásia Menor, onde morreu mártir. Diz a tradição que ele foi apedrejado e depois morto a machadadas. Portanto, deu a vida por Cristo e pela santa Igreja.
Existe o chamado martírio incruento, isto é, martírio sem sangue. São cristãos que dão a vida por Cristo e pela Igreja, e morrem por esta causa. Diante de Deus, o martírio incruento tem o mesmo valor do martírio de sangue.
Certa vez, um pai comprou para o seu filho de sete anos uma pipa, brinquedo que em alguns lugares é chamado de papagaio. O menino foi direto para o terreiro, a fim de soltar a pipa. Mas ele não conseguiu levantá-la. Por mais que se esforçava, a pipa não subia. O garoto corria pra lá e pra cá, mas nada.
O pai viu, veio, pegou a linha e com facilidade levantou a pipa, mas só a uns dois metros do chão, para que o menino fizesse o resto. Passou a linha para o filho e explicou como fazer. Aí sim, o papagaio se levantou, foi para as alturas e o garotinho ficou muito feliz.
S. Pedro, na eleição do Apóstolo Matias, fez como esse pai. Ele não levantou a pipa mas ajudou o filho a fazê-la. S. Pedro não escolheu o sucessor de Judas, mas incentivou e orientou a Comunidade como fazê-lo. As pessoas têm muitas pipas para serem levantadas. Que tal nós darmos uma mãozinha? Feliz daquele e daquela que, apesar do vento, não deixa a sua pipa cair nem se enroscar nas árvores!
Que Maria Santíssima e os Apóstolos S. Pedro e S. Matias nos ajudem a levar em frente a nossa Comunidade, observando os mandamentos de Jesus.
Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi.
















MEDITANDO O EVANGELHO (2)
Frei Carlos Mesters, O.Carm




O evangelho de hoje traz a parte final do Discurso do Pão da Vida. Trata-se da discussão dos discípulos entre si e com Jesus (Jo 6,60-66) e da conversa de Jesus com Simão Pedro (Jo 6,67-69). O objetivo é mostrar as exigências da fé e a necessidade de um compromisso firme com Jesus e com a sua proposta. Até aqui tudo se passava na sinagoga de Cafarnaum. Não se indica o lugar para esta parte final.
João 6,60-63: Sem a luz do Espírito não se entendem estas palavras. Muitos discípulos achavam que Jesus estava indo longe demais! Estava acabando com a celebração da Páscoa e estava se colocando a si mesmo no lugar mais central da Páscoa. Por isso, muita gente se desligou da comunidade e não ia mais com Jesus. Jesus reage dizendo: "É o espírito que dá vida, a carne para nada serve. As palavras que vos disse são espírito e vida". Não devem tomar ao pé da letra as coisas que ele diz. Só mesmo com a ajuda da luz do Espírito Santo é possível entender o sentido pleno de tudo que Jesus falou (Jo 14,25-26; 16,12-13). Paulo dirá na carta aos coríntios: “A letra mata, é o Espírito que dá vida à letra!” (2Cor 3,6).
João 6,64-66: Alguns de vocês não acreditam. Em seu discurso Jesus tinha se apresentado como o alimento que sacia a fome e a sede de todos aqueles e aquelas que buscam a Deus. No primeiro Êxodo, aconteceu a prova de Meriba. Diante da fome e da sede no deserto, muitos duvidavam de que Deus estivesse com eles: “Javé está ou não está no meio de nós?” (Ex 17,7) e murmuravam contra Moisés (cf. Ex 17,2-3; 16,7-8). Queriam romper e voltar para o Egito. Nesta mesma tentação caem os discípulos, duvidando da presença de Jesus na partilha do pão. Diante das palavras de Jesus sobre “comer minha carne e beber o meu sangue”, muitos murmuravam igual ao povo no deserto (Jo 6,60) e tomam a decisão de romper com Jesus e com a comunidade. “voltavam atrás e já não andavam mais com ele” (Jo 6,66).


João 6,67-71: Confissão de Pedro. No fim sobram só os doze. Diante da crise provocada por suas palavras e seus gestos, Jesus se volta para seus amigos e amigas mais íntimos, aqui representados pelos Doze, e diz para eles: "Se quiserem, podem ir embora!" Jesus não faz questão de ter muita gente. Nem muda o discurso quando a mensagem não agrada. Ele fala para revelar o Pai e não para agradar a quem quer que seja. Prefere permanecer só, do que estar acompanhado por pessoas que não se comprometem com o projeto do Pai. A resposta de Pedro é bonita: "A quem iremos! Tu tens palavras de vida eterna e nós cremos e reconhecemos que tu és o Santo de Deus!” Mesmo sem entender tudo, Pedro aceita Jesus como Messias e crê nele. Em nome do grupo ele professa sua fé no pão partilhado e na palavra. Jesus é a palavra e o pão que saciam o novo povo de Deus (Dt 8,3). Apesar de todos os seus limites, Pedro não é como Nicodemos que queria ver tudo bem claro de acordo com as suas próprias idéias. Mesmo assim, entre os doze havia quem não aceitava a proposta de Jesus. Neste círculo mais íntimo existia um adversário (diabo) (Jo 6,70-71) “que come do meu pão, mas levanta o calcanhar contra mim” (Sl 41,10; Jo 13,18).




Para um confronto pessoal




1) Coloco-me na posição de Pedro diante de Jesus. Que resposta dou a Jesus que me pergunta: “Você também quer ir embora?”


2) Coloco-me na posição de Jesus. Hoje, muita gente está deixando de andar com Jesus. Culpa de quem?




Oração final




SENHOR, sou teu servo, sim, sou teu servo, filho de tua serva:
quebraste as minhas cadeias.
Vou te oferecer um sacrifício de louvor e invocarei o nome do Senhor. (Sl 115, 16-17)






















CASA, LAR E FAMÍLIA
Dicas da Dra.Shirley Campos




Reconhecendo a Carne inspecionada




Todo alimento de origem animal deve ser avaliado por algum serviço de inspeção federal, estadual ou municipal e esta informação está disponível no local de compra ou na embalagem. A ausência desta informação coloca em dúvida a garantia do produto. Saiba mais sobre inspeção de carne bovina:
Atualmente, no Brasil, após a promulgação da lei federal nº 7889, de 23 de novembro de 1989, existem três competências legais nas quais se exercem os serviços de inspeção de produtos de origem animal. São as seguintes:


A) Serviço de Inspeção Federal: registram-se nesse serviço os estabelecimentos que comercializam produtos entre Estados e/ou para exportação;
B) Serviço de Inspeção Estadual: nesse serviço são registrados os estabelecimentos que comercializam produtos para outro município;
C) Serviço de Inspeção Municipal: são registrados nesse serviço os estabelecimentos que comercializam produtos dentro do município.


Assim, os estabelecimentos registrados no Serviço de Inspeção Municipal não podem comercializar fora do município de origem, bem como os registrados nos serviços estaduais não podem comercializar fora do Estado de origem.


São competentes para realizar essas inspeções nos estabelecimentos produtores e no transporte o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e as secretarias estaduais e municipais de Agricultura. Já a fiscalização no varejo compete à Secretaria da Saúde, por intermédio da Vigilância Sanitária, serviço que pode ser estadual ou municipal.
Em um estabelecimento de abate de bovinos, o animal é submetido a uma série de análises e exames antes e depois do abate para garantir ao consumidor final um produto de qualidade _são as denominadas inspeção "ante mortem" e inspeção "post mortem".


A importância da inspeção "ante mortem"


A inspeção "ante mortem" é de suma importância em um estabelecimento de abate, visto que algumas enfermidades têm sintomatologia clara nos animais vivos. No exame "post mortem", pouca ou nenhuma alteração é detectada.
A constatação de alterações nos animais antes do abate determina sua separação do lote. Dessa maneira, evita-se a entrada de animais portadores de doenças infecto-contagiosas (como a raiva, o tétano, o carbúnculo etc.) na sala de abate, o que, além de atentar contra a saúde pública, contaminaria as instalações e os equipamentos.
No transporte, o animal sofre forte estresse. Seu descanso, durante o período de repouso no estabelecimento de abate (de 6 a 24 horas) serve para que reponha suas energias, para que se adapte ao novo local e para que seja observado o seu comportamento por um médico veterinário especializado, que tomará as medidas cabíveis, caso haja alguma alteração.


A importância da inspeção "post mortem"


A inspeção "post mortem" é feita durante a manipulação do animal, após o abate. São realizadas várias análises e exames em suas vísceras e gânglios, a fim de garantir a qualidade do produto antes de ser colocado à disposição do consumidor.
Os locais ou pontos da sala de matança onde são realizados tais exames são chamados "linhas de inspeção" e estão assim padronizados:


A) Exames dos pés - realizados em estabelecimentos exportadores
B) Exame do conjunto cabeça-língua
C) Cronologia dentária - exame facultativo
D) Exames do trato gastrointestinal e do baço, do pâncreas, da vesícula
urinária e do útero
E) Exame do fígado
F) Exame do coração e dos pulmões
G) Exame dos rins
H) Exame dos lados interno e externo da parte caudal (traseira) da
carcaça e dos nódulos linfáticos correspondentes
I) Exame dos lados interno e externo da parte cranial (dianteira) da
carcaça e dos nódulos pré-escapulares.


Após a realização de todos os exames, estando própria para o consumo, a carcaça recebe o carimbo de inspeção em partes predeterminadas, sofre uma toalete final e vai para a refrigeração, aguardando expedição para o consumo. Caso seja detectado algum problema, a carcaça não vai para o consumo, tomando o médico veterinário as providências cabíveis.


A importância do frio na qualidade da carne


O resfriamento da carcaça antes de seu envio para o consumo é muito importante tanto do ponto de vista sanitário como do ponto de vista da garantia de qualidade e de tempo de prateleira (duração da validade).
A "frigorificação" ou tratamento pelo frio industrial ou artificial constitui a técnica mais utilizada na conservação de carnes, preservando-as como recurso estacional, quer garantindo seu transporte a distância, quer possibilitando seu uso na industrialização ou consumo.


O rebaixamento da temperatura aos níveis adequados atua na inibição ou na destruição de microorganismos de putrefação e no retardamento da atividade enzimática, aumentando o prazo de vida comercial da carne. Independentemente do controle dos microorganismos responsáveis pela deterioração, o frio contribui de uma forma muito importante para o controle das infecções e toxinfecções alimentares em virtude da incapacidade que tem a maioria de seus agentes de crescer rapidamente em temperaturas em torno de 4ºC.


Como saber se a carne é inspecionada?


No varejo, vários aspectos podem ajudar o consumidor a saber se o produto que ele está comprando vem de estabelecimento inspecionado. Quando a carne se apresenta em cortes e embalada, a rotulagem deve conter todas as informações necessárias para que se saiba que estabelecimento processou aquele produto, como a logomarca do serviço de inspeção, que contém um número que identifica o estabelecimento, a data do processamento, a data de validade, a temperatura de conservação etc. Quando está em grandes peças, é possível observar os carimbos de inspeção (de cor azul/roxa, feitos com tinta atóxica) em cujo interior existe um número que identifica o estabelecimento produtor. Se as peças estiverem em cortes e se não houver nenhuma identificação do estabelecimento produtor, o consumidor deverá exigir do estabelecimento varejista a nota fiscal de compra do produto, o que lhe permitirá constatar se a carne veio de estabelecimento registrado ou não.


Caso não se comprove a origem da carne, o consumidor deve denunciar o estabelecimento às autoridades de saúde pública para que seja feita a verificação da qualidade do produto oferecido.
A denúncia pode ser encaminhada à Secretaria da Saúde, ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento ou à Secretaria de Agricultura ou ainda a organizações não-governamentais, que as levarão ao conhecimento das autoridades competentes.
Para fazer uma comunicação à Agência de Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo, pode-se usar o seguinte endereço eletrônico: (cmleal@cda.sp.gov.br). Denúncias também podem ser feitas pelo telefone (19) 3241-4700, ramal 2285.


Texto elaborado pelo Médico Veterinário Carlos Maurício Leal, diretor do SISP (Serviço de Inspeção de Produtos de Origem Animal do Estado de São Paulo). cmleal@cda.sp.gov.br














MOMENTO DE REFLEXÃO




Não o que eu quero, porém o que tu queres.” (Mc 14, 36)
Jesus está no Horto das Oliveiras, na propriedade chamada Getsêmani. A hora tão esperada chegou. É o momento crucial de toda a sua existência. Ele se prostra por terra e suplica a Deus, chamando-o de “Pai”, numa confidência cheia de ternura, para “afastar dele esse cálice” (cf. Mt 14, 36), expressão que se refere à sua Paixão e Morte. Jesus pede ao Pai que aquela hora passe… Mas, enfim, entrega-se completamente à vontade de Deus:


Não o que eu quero, porém o que tu queres


Jesus sabe que a sua Paixão não é um acontecimento casual nem simplesmente uma decisão dos homens, mas é um plano de Deus. Ele será processado e rejeitado pelos homens; o “cálice”, porém, vem das mãos de Deus.
Jesus nos ensina que o Pai tem um plano de amor para cada um de nós, que Ele nos ama com um amor pessoal e, se acreditarmos nesse amor e correspondermos com o nosso amor – é essa a condição –, Ele fará com que tudo seja finalizado para o bem. Para Jesus, nada aconteceu por acaso, nem sequer a Paixão e a Morte.
Depois aconteceu a Ressurreição, cuja festividade solene celebramos neste mês.
O exemplo de Jesus, o Ressuscitado, serve de luz para a nossa vida. Devemos saber interpretar tudo o que vem ao nosso encontro, o que acontece, o que nos rodeia e também tudo o que nos faz sofrer, como vontade de Deus que nos ama ou como uma permissão de Deus que nos ama também assim. Então, tudo na vida terá sentido, tudo será extremamente útil, mesmo aquilo que, na hora, nos parece incompreensível e absurdo, mesmo aquilo que nos pode fazer precipitar numa angústia mortal, como aconteceu com Jesus. Será suficiente que, junto com ele, saibamos repetir, com um ato de confiança total no amor do Pai:


Não o que eu quero, porém o que tu queres


A vontade dele é que vivamos, que lhe agradeçamos com alegria pelas dádivas da vida; mas, às vezes, ela certamente não corresponde ao que imaginamos. Não é, por exemplo, uma situação diante da qual temos de nos resignar, em especial quando deparamos com a dor, nem uma sucessão de atos monótonos espalhados ao longo da nossa vida.
A vontade de Deus é a sua voz que nos fala e nos convida continuamente, é o modo pelo qual ele nos expressa o seu amor, para nos dar a sua plenitude de Vida.
Poderíamos fazer uma representação disso com a imagem do Sol, cujos raios seriam a sua vontade para cada um de nós. Cada pessoa caminha ao longo de um raio, diferente do raio de quem está ao lado, mas sempre um raio de sol, ou seja, a vontade de Deus. Portanto, todos nós fazemos uma única vontade, a de Deus; no entanto, ela é diferente para cada um. Os raios, quanto mais se aproximam do Sol, mais se aproximam entre si. Também nós, quanto mais nos aproximamos de Deus, pela observância sempre mais perfeita da vontade divina, mais nos aproximamos entre nós… até sermos todos um.
Vivendo assim, tudo na nossa vida pode mudar. Em vez de procurarmos a quem gostamos e amar somente a eles, podemos dar atenção a todos aqueles que a vontade de Deus põe ao nosso lado. Em vez de procurarmos aquilo de que gostamos, podemos nos dedicar àquelas coisas que a vontade de Deus nos sugere e preferi-las. Se estivermos inteiramente projetados na vontade divina daquele momento (“o que tu queres”), seremos consequentemente levados ao desapego de todas as coisas e do nosso eu (“não o que eu quero”). Esse desapego não é tanto resultado de uma busca proposital, porque se deve buscar só a Deus, mas acontece de fato. Então a alegria será completa. Basta mergulharmos no momento que passa e cumprir naquele instante a vontade de Deus, repetindo:


Não o que eu quero, porém o que tu queres


O momento que passou não existe mais; o momento futuro ainda não está em nosso poder. Acontece como a um passageiro no trem: para chegar ao destino, ele não fica andando para frente e para trás, mas fica sentado no seu lugar. Assim, devemos ficar firmes no presente; o trem do tempo viaja por si. Só podemos amar a Deus no momento presente que nos é dado, pronunciando o próprio “sim” vigoroso, radical, ativíssimo, à vontade dele.
Portanto, vamos amar aquele sorriso que temos a dar, aquele trabalho a ser executado, aquele carro a ser conduzido, aquela refeição a ser preparada, aquela atividade a ser organizada, aquela pessoa que sofre ao nosso lado.
Nem sequer a provação ou o sofrimento nos devem assustar se, com Jesus, soubermos reconhecer neles a vontade de Deus, ou seja, o seu amor para cada um de nós. Poderemos até mesmo rezar assim:
“Senhor, faze que eu nada tenha a temer, porque tudo o que vai acontecer será a tua vontade e nada mais! Senhor, faze que eu não tenha outro desejo, porque nada é mais desejável do que exclusivamente a tua vontade.
O que é importante na vida? Importante é a tua vontade.
Faze que nada me perturbe, porque tudo é a tua vontade. Faze que eu não me agite com nada, porque tudo é tua vontade.”


Chiara Lubich




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