Segunda-feira,
19 de junho de 2017
“Na vida é
preciso ter raiz, não âncora. A raiz te alimenta, a âncora te imobiliza.”
(Mário Sergio Cortela)
EVANGELHO
DE HOJE
Mt 5, 38-42
— O Senhor
esteja convosco.
— Ele está
no meio de nós.
—
PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Mateus.
— Glória a
vós, Senhor!
Naquele
tempo, 1os publicanos e pecadores aproximaram-se de Jesus para o escutar. 2Os
fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os
pecadores e faz refeição com eles”.
3Então Jesus
contou-lhes esta parábola: 11“Um homem tinha dois filhos. 12O filho mais novo
disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os
bens entre eles. 13Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e
partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada.
14Quando
tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele
começou a passar necessidade. 15Então foi pedir trabalho a um homem do lugar,
que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queira matar a fome
com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam.
17Então caiu
em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui,
morrendo de fome’. 18Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai,
pequei contra Deus e contra ti; 19já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me
como a um dos teus empregados’.
20Então ele
partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e
sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. 21O
filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço
ser chamado teu filho’.
22Mas o pai
disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E
colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23Trazei um novilho gordo e
matai-o. Vamos fazer um banquete. 24Porque este meu filho estava morto e tornou
a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa.
25O filho
mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho
de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo.
27O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo,
porque o recuperou com saúde’.
28Mas ele
ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29Ele,
porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci
a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus
amigos. 30Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas,
matas para ele o novilho cevado’.
31Então o
pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas
era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou
a viver; estava perdido, e foi encontrado”’.
www.paulinas.org.br/diafeliz
Palavra da
Salvação
Glória a vós
Senhor.
MEDITAÇÃO
DO EVANGELHO
Alexandre
Soledade
Bom
dia!
Escrevi
isso no ano passado, mas ainda vive essa mensagem como fosse hoje…
Desde
criança meus avós me puseram no karatê para ajudar a controlar o potencial
destrutivo que todos temos. A sabedoria dos meus dois velhos me propiciou
grandes ensinamentos.
A
intenção não era que eu aprendesse a me defender ou a bater em alguém, mas que
tivesse controle sobre um dos lobos que temos dentro de cada um de nós, Aprendi
que não devemos fazer nada motivado pela vingança ou pela raiva. No karatê, ao
tentar revidar um golpe tomado, deixávamos a “guarda” sempre aberta para
apanhar mais e sofrer ainda mais.
Faixas
vão se passando e você vai entendendo que um golpe levado deve gerar um
aprendizado e não a vontade de vingança. Onde se encaixa no evangelho de hoje?
“(…) Mas eu lhes digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês“.
Certa
vez falava eu dos cabelos brancos que ganhamos por tentar viver além dos nossos
problemas os da responsabilidade dos que correm da responsabilidade; falamos
dos cabelos grisalhos que surgem da raiva, do comodismo, da sobrecarga, da
intolerância, da falsidade, (…), mas estranhamente Jesus e os escritos contidos
na bíblia nos convidam a não revidar com as mesmas armas e sim com a sabedoria
e a paciência.
Nas
provações do dia-a-dia Deus nos pede CALMA!
“(…)
humilha teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de
sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus;
dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua
vida se enriqueça. Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na
humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a
prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação. Põe tua
confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele.
Conserva o temor dele até na velhice. Vós, que temeis o Senhor, esperai em sua
misericórdia, não vos afasteis dele, para que não caiais; vós, que temeis o
Senhor, tende confiança nele, a fim de que não se desvaneça vossa recompensa.
Vós, que temeis o Senhor, esperai nele; sua misericórdia vos será fonte de
alegria. Vós, que temeis o Senhor, amai-o, e vossos corações se encherão de
luz”. (Eclesiástico 2, 2-10)
Olhar
o ensinamento que surgiu no monte, por completo ou em partes é maravilhoso, mas
devemos admitir que humanamente é duro de se cumprir. Nossa fraqueza pede pra
avançar sobre o agressor, mas Jesus sugere que contornemos; nossa fragilidade
deseja revidar, mas a sabedoria nos convida a respirar e contar até dez, vinte,
trinta, quarenta… Triste é saber que quando o perverso sabe que não o
atacaremos, parece ter mais vontade de cutucar. (risos)
A
mensagem do monte difere em muito da filosofia de Auguste Comte – o
positivista. A mensagem de Jesus nos propõe não a passividade da subserviência
do escravo, do oprimido, do rendido, mas pensar alternativas que contornem e
continuem a caminhar. A política de Jesus nos pede que “NÃO ENTREMOS NO JOGO”
dos que vivem esse mundo.
Irmãos
e irmãs brigam por cargos, locais em destaque, poder, (…); mas bem que poderiam
deslocar esse potencial para coisas boas e construtivas. E nós também! Ao invés
da réplica, da noite mal dormida pensando na resposta que daremos ao que nos
magoou, Ele nos convida a continuar andando.
“(…)
Deponde, pois, toda malícia, toda astúcia, fingimentos, invejas e toda espécie
de maledicência Como crianças recém-nascidas desejai com ardor o leite
espiritual que vos fará crescer para a salvação, se é que tendes saboreado quão
suave é o Senhor (Sl 33,9). Achegai-vos a ele, pedra viva que os homens
rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus; e quais outras pedras
vivas, vós também vos tornais os materiais deste edifício espiritual, um
sacerdócio santo, para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus, por
Jesus Cristo. Por isso lê-se na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra
angular, escolhida, preciosa: quem nela puser sua confiança não será confundido
(Is 28,16)“. (I Pedro 2, 1-6)
Não
paguemos o mal com o mal. Não nos deixemos confundir!
Um
imenso abraço fraterno!
MOTIVAÇÃO
NO TRABALHO
Esses
Alegres e Descolados Publicitários
Escrito por Luiz Marins
Imagine
a cena. Feriado prolongado. Toda a cúpula da empresa reunida num hotel fazenda
para decidir sobre o orçamento – o budget – como gostam de chamar aquela inútil peça
obrigatória em quase todas as empresas. Inútil porque todos sabem que ninguém
cumprirá o tal budget. Todos já até sabem as desculpas
"técnicas"(sic) que darão no decorrer e no final do ano para
justificar o seu não-cumprimento – o mercado
mudou, a tecnologia evolui, o risco.... tudo o que não era possível ser
previsto à época da elaboração do tal budget que começa a ser discutido em
abril, revisado em junho, enviado à matriz em outubro e aprovado mundialmente
em novembro. Pura perda de tempo! Mas deixa o budget pra lá. Sem budget nenhuma
empresa consegue acreditar nas próprias mentiras. É preciso ter uma base sobre
a qual as mentiras devem começar a ser inventadas. Essa base é o budget. Tem
que ter.
Mas a cena é a seguinte. Todos irritados com a
reunião. Sem família, feriado prolongado. Aquele "chato" do diretor
financeiro comandando a reunião. Afinal chegou a hora dele. Dele e do pessoal
de "planning" que também tem que ter o seu momento de glória na
empresa. E esse momento é o do tal budget.
A única palavra que se ouvia era
"corta"! Corta isto, corta aquilo. O EBTDI, o EVA, o OBZ exigem esses
cortes todos. Os acionistas não perdoam. Tem que cortar! "Essa idéia é
muito boa – mas os acionista não
querem nada que demore mais do que seis meses para implementar e dar resultados
no caixa....". E assim vai a reunião.
De repente chega a hora dos
gastos/investimentos(sic) em publicidade e propaganda ou seja lá como denominam
isso o pessoal financeiro. A verba é monstra. Tantos milhões!
O
pessoal de Pesquisa & Desenvolvimento e da Diretoria Industrial pula e diz – "Pelo amor de Deus, precisamos de um novo equipamento de
controle de qualidade há mais de três anos e
nunca é
aprovado! E custa menos de 5% dessa verba toda de publicidade!"
O
pessoal de RH não acredita! "Já faz quatro anos que ninguém de nossa
empresa participa de congressos internacionais importantes para o futuro de
nossa empresa porque não temos verba. E tudo o que queremos é uma fração ínfima
dessa verba toda de publicidade!"
O
Diretor de Logística e Distribuição fica em pé e faz o seguinte discurso:
"Gostaria de enfatizar pela nonagésima vez que nosso sistema logístico é
furado. Se não investirmos nisso agora não teremos como fazer nossos produtos
chegarem ao mercado. Temos que desenvolver Centros de Distribuição Integrada e
dotar tudo de um software que nos traga pelos menos próximos(sic) de nossos
competidores. Depois não digam que eu não avisei...".
Mas
o todo poderoso pessoal do Marketing – que todos
desconfiam que joga mais para o time das agências de
publicidade do que da empresa – com um
olhar de desdém para os pobres mortais das demais áreas pede
licença
e pede para chamar o pessoal da "agência" para que eles mostrem a "nossa nova
"campanha".
Lá
entra o pessoal da agência. Vestidos de griffe, brincos nas orelhas (nada
contra os brincos – apenas uma
descrição),
roupa toda preta, cabelos repletos de gel e cara de sono. Como sempre um ar
blasé
de quem está super-irritado por perder o feriado em Angra, Búzios ou Trancoso.
A
tal campanha previa páginas de páginas das mais caras revistas brasileiras.
Comerciais de 30 segundos nos horários nobres das TV mais caras. E para dar um
charme diferencial e mostrar o produto ao mercado de forma convincente, as
tomadas todas – fotos, filmes, cast, etc. – deveriam ser feitas, parte na Europa – Paris e Londres e parte defronte às pirâmidos
do Egito ou mesmo em algum lugar do Oriente Médio – o "tema do tempo" afirmava o publicitário com um
sorriso de quem vê coisas que nenhum mortal consegue enxergar. Só de custos de
viagem, estadia, alimentação, locação de equipamentos e sites de cena e que
tais, lá ia mais da metade da verba de muitos milhões. E os artistas? Havia
toda uma logística para levar tal e qual artista para essas tomadas. Só viajam
de primeira classe, exigem suites de luxo, explicava o alegre e descolado
publicitário, daí o custo ser "um pouco salgado" ao que emendava
"mas muito abaixo das outras opções que nossos criativos(sic)
propuseram". E ainda teve a
petulância de dizer –
"Estamos propondo uma coisa simples devido às restrições
de verba que vocês dizem ter...".
Eu
olhava para os olhos atônitos do Diretor Industrial, do Diretor de Logística,
do Gerente de Pesquisa & Desenvolvimento, do RH.... Eles simplesmente não
acreditavam em tudo o que estavam ouvindo! Paris? Egito? Oriente Médio?
Primeira Classe? Parece que eu via o Gerente de P&D imaginando o novo
microscópio que precisava, o de Logística. E o pobre do RH sonhava apenas com
um novo projetor multimídia de quatro mil dólares já que o atual da empresa
projetava tudo com as cores fora de foco e já tinha uns 10 anos de idade. Pura
ilusão!
O
ingênuo Diretor de Vendas (e não de marketing) sugeriu maior investimento nos
pontos-de-venda e utilizar parte da verba de publicidade para treinar
vendedores dos clientes e fazer outras ações mais diretas no mercado. Quase foi
crucificado pelo Diretor de Marketing e depois ridicularizado pelo pessoal da
Agência. Passaram por cima dele como um trator!
A
verdade é que o pessoal de marketing já tinha acertado tudo antes com a
Presidência. Afinal eles passaram quase uma semana na casa do publicitário numa
praia famosa e à beira da piscina, com uísque (ou melhor whisky) do mais caro,
caviares, salmões, camarões (lula, não) e passeando na lancha de "n"
pés já haviam decidido tudo. Até como apresentar a tal "campanha"
para os demais mortais da empresa e fazê-los aprovar, sem muita discussão. Afinal a "marca" é tudo, dizia o
Diretor de Marketing. Temos que ter maior visibilidade no mercado emendava o
Presidente.
O
comentário entre os demais mortais era que "a coisa já estava
armada". Outro comentário era "aí tem coisa..." e ainda "é melhor a gente votar logo a
favor, porque isso é coisa de cachorro grande...".
No
intevalo de café, nos cantos da sala, os demais diretores me confidenciavam – "todo ano é assim, professor..." e diziam
"Mas, um dia, essa farra vai acabar e vamos ser mais sérios
nos nossos investimentos e pensar seriamente no futuro da empresa."
A
verba de publicidade foi aprovada. Para fazer uma "média" com os
demais, o Presidente cortou a verba em 1,5%(sic). Todos riram....
Todos
as demandas de equipamentos, ampliação, treinaamentos, etc. dos demais departamentos
foram cortadas – "é
preciso ser "duro" no corte, disse o Presidente. É
isso que os acionistas desejam."
Os
alegres e descolados publicitários agradeceram a atenção e, como se não
bastasse o que já haviam feito, ainda deram uma caneta Montblanc para cada um
dos presentes e disseram: "Vamos comemorar em Angra. Alguém quer ir?"
Imagine
você, leitor, a "alegria" dos participantes! Um deles, olhando para a
cara caneta disse: "É isso que eles fazem com a minha verba de
pesquisa...".
Ainda
não acabou. À noite, durante o jantar, um dos participantes trouxe o último
número de uma revista especializada e um jornal desses que circulam entre as
Agências e publicitários. Mostrava o Festival de Cannes.
O
jornal e a revista eram repletos de fotos desse pessoal alegre e descolado em
Cannes. Todos sorrindo. Whisky na mão, abraçados, emocionados. Ganharam
"leões" de ouro, prata, bronze e que tais. Moças bonitas emolduravam
a reportagem. A reportagem afirmava – "A Agência
'tal' (a mesma da empresa deste artigo) este ano compareceu com menos
representantes. Nem todos puderam ir. Houve contenção de despesas". Numa
certa altura a matéria afirmava –
"Cannes continua um festival de festas" e enumarava as dezenas de festas e recepções
que as agências brasileiras davam aos seus descolados companheiros de
alegria.
Uma
das reportagens falava que uma agência havia perdido os seus prêmios por
apresentar comerciais "falsos"(sic), isto é, de empresas ou de
produtos que não existiam ou sem a aprovação ou rejeitados pelo cliente. E
dizia que isso se repetia todos os anos e que os organizados estavam
"pensando como resolver esse problema"(sic)
Imagine
o leitor um engenheiro, um pesquisador, lendo essa matéria! Lendo e sabendo que
sua verba foi cortada e foi "desviada" para... Cannes! E imagine o
leitor quando esses mesmos diretores de outras áreas souberam que a tal Agência
ainda convidou o Diretor de Marketing, o Gerente de Marketing e o próprio
Presidente para "prestigiarem" a agência em Cannes, com tudo pago
pela própria Agência – Primeira
Classe, Hotel cinco estrelas, etc...".
"Eu
quero a minha centrífuga!" – "Eu
quero o meu projetor multimídia!" –
"Eu quero o meu software de logística!"
– "Eu quero o meu trabalho de promoçã
no ponto-de-venda e treinamento de clientes!" gritavam o pesquisador, o RH, o homem de
logística e distribuição e o de vendas. Em vão! Cortaram tudo!
"É
isso que os acionistas desejam!"
Será??
Esse
"descolamento" – por isso os
chamei de "descolados" – da
realidade da empresa, do dia-a-dia real e concreto das dificuldades financeiras
e convívio
diário
com os clientes ainda matará a profissão de
publicitário
e suas agências. Ao tempo em que as empresas (sem exceção) vêm cortando o
que podem, maximizando tostões, não tem cabimento os alegres publicitários
demonstraram tanto descolamento e desdém para a realidade.
Essa
visão autofágica dos publicitários que trabalham pensando – primeiro no seu amigo(sic) publicitário concorrente; segundo na
agência do seu publicitário concorrente; terceiro em como ganhar prêmios e sair
nas colunas sociais; quarto na sua imagem como empresário-rico com barcos,
mansões, cavalos, etc. e só por último no cliente está irritando profundamente
as empresas clientes. Muito mais do que os publicitários podem imaginar em sua
arrogante auto-visão de que sabem de tudo o que ocorre na empresa.
E
saibam os que estão lendo este artigo que todos comentam nas empresas que
"Os "modernos" publicitários que se dizem tão modernos, viram
onça (ou leões) quando se fala em "livre concorrência", quando os
clientes (que pagam a conta) querem saber dos custos reais do que fazem as
agências, quando tomam para si a contratação da produção de filmes, trabalhos
gráficos, etc., quando são a favor dos bureau de mídia e que tais. Tudo o que as empresas hoje fazem com
qualquer fornecedor de produtos e serviços não vale para as Agências, nem para
os publicitários – "Essa
ingerência
compromete a qualidade da criação..."(sic) afirmam eles sem a menor
vergonha do descolamento da realidade que essa visão denota. A patrulha
ideológica deles próprios sobre eles próprios é de tal ordem de grandeza que
muitas agências – pasmem – podem até dar desconto e abrir mão
da tal "bonificação de agência" que os veículos oferecem. Mas pedem
que isso tudo fique em "absoluto sigilo". Conheço casos em que a
agência fez até um contrato "fake" (falso) para mostrar às outras
agências concorrentes – que é
para quem realmente trabalham e vivem. Esse contrato falso (tal como os
comerciais de Cannes), tinha como valor, simplesmente o dobro do valor real da
contratação. E eles ainda diziam: "Sabe como é – o pessoal das outras agências não
pode saber que estamos trabalhando por um valor tão baixo e que abrimos mão da
bonificação."
Eles
chamam isso de "defesa da classe em benefício da qualidade" e
portanto em "benefício do cliente"(sic), etc. – ou seja usam os mesmos argumentos arcaicos dos anos 60-70. Eram
os mesmos argumentos utilizados pelos revendedores de veículos quando por
"Lei" um cidadão não podia comprar um carro fora de sua área de
residência ou trabalho ou melhor, uma revenda não podia vender veículos para
tais clientes. Eram os mesmos argumentos que proibiam a abertura de novas
torrefações de café sem autorização do IBC ou de postos de gasolina a
"x" metros de distância, farmácias, etc. sem autorização de
"órgãos competentes". Tudo para "favorecer" o cliente – esse pobre infeliz que não sabe
distingüir
produtos de qualidade de não-qualidade, que pode ser ludibriado o tempo todo
por maus prestadores de serviço e maus comerciantes.
Além
disso a irritação cresce quando as pessoas da empresa vêem que os publicitários
se acham na condição de "palpitar" em quase tudo da empresa cliente – do lay out das salas até design dos
produtos. Mas ai do pobre mortal que der uma mera sugestão
numa campanha ou num simples "anúncio"!
Não
é
da área.
Não
entende. É pobre de espírito! "Não opine nem
na cor do anúncio! Eles rodam a baiana e dizem que você é um pobre diabo que
não entende de mercado..." disse um diretor de produtos.
E
tudo vem irritando. As dezenas de outdoors que enchem a cidade no "Dia do
Mídia" cumprimentando esses profissionais, por mais inocente que possa
parecer, irrita o anunciante. Por que tanta badalação com os "mídia"?
Por que as empresas não fazem o mesmo para um suposto "Dia do Gerente ou
Diretor de Compras" das empresas?
Isso sem falar da falta de fidelidade e ética no meio. "Os profissionais
mudam de agência como as pessoas de roupa" disse-me um anunciante.
"Pode ver que nas revistas deles só aperece assim: Fulano de Tal
(ex-agência tal), Beltrana (ex-tal e qual), Cicrano (ex-.....)". Eles
pedem "total sigilo" sobre a campanha que estão preparando – mas os nossos dados confidenciais vão para todos os concorrentes através desse
troca-troca de pessoal das agências. "Não há lealdade alguma entre eles.
Eles vivem se comendo uns aos outros", emendou um terceiro. "E quando mudam de agência vêm até nós,
anunciantes, dizendo gatos e sapatos da agência da qual acabaram de sair e
tentando levar a nossa conta para sua nova agência", falou um quarto sob o
olhar concordante de todos os demais presentes.
Essa
coisa de as agências, veículos, publicitários, viverem num mundo à parte, descolados
da realidade concreta das dificuldades do dia-a-dia das empresas precisa ser
urgentemente repensado. As empresas têm consciência que toda essa
"festa" – e é
assim que eles enxergam – é
feita com o suado dinheiro da empresa, a custa de cortes essenciais em outras
áreas.
Sei
que serei execrado e crucificado pelos meus queridos amigos publicitários – se é que lerão este
artigo – pois que não costumam ler, para não
atrapalhar a sua "criatividade" original.
Sei
que vão dizer que "engenheiros" pensam assim mesmo. São obtusos. Que
o pessoal de RH então, é melhor nem comentar. E que o pessoal de vendas foi
feito mesmo para comer poeira na rua e ir atrás do cliente e vender a
"marca" já construída pelos publicitários – e que isso é "bico" e que vendedor que reclama
é mesmo incompetente.
Mas
não agüentei a tentação de fazer este artigo e dizer aos meus amigos
publicitários – Wake Up Moçada!
– pois que ouço e vivo isso diariamente nas empresas.
E,
se as agências e publicitários não fizerem esse dever de repensar, saibam que
os clientes (empresas) estão fazendo. E só agüentam essa coisa toda porque
ainda não descobriram como substituir o todo. As mudanças já estão ocorrendo.
As empresas já estão menos dóceis às descabidas exigências das Agências e sua
descolada visão da realidade empresarial de um mundo globalizado, competitivo,
de margens cada vez mais estreitas e de cortes.
E
quando isso acontecer, as agências e publicitários verão atônitos a rápida
união entre anunciantes e veículos. Nem um nem outro agüenta mais. Os
anunciantes já estão criando coragem para falar alguma coisa. Os veículos são
mais cautelosos porque sabem que publicitários são raivosos e vingativos. E aí,
mais uma vez, os alegres e descolados publicitários fingirão não compreender o
que está acontecendo. Fingirão não entender o porquê de tanta ira contra eles – pobres indefesos, que vararam madrugadas criativas e que tudo
deram de si para "construir as marcas" –
o maior patrimônio de seus clientes. E que ajudaram este ou aquele veículo
que só
existe "graças à nossa agência" que os prestigiou....
E
aí, haverá choro e ranger de dentes.
Acredite,
agora é a hora de mudar ou morrer!
MOMENTO
DE REFLEXÃO
Quarenta
anos, quarenta e cinco. Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo
passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A
velhice tem suas alegrias, as sua compensações - todos dizem isso, embora você
pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.
Todavia,
também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela
nostalgia da mocidade.
Não
de amores nem de paixão; a doçura da meia-idade não lhe exige essas
efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu
sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de
criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram
as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas, que hoje são seus
filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você
não encontra de modo algum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres -
não são mais aqueles que você recorda.
E
então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação
ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis - nisso
é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua raça, da
qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida. Pois
aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que se lhe é
"devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito
sobre ele, ou pelo menos o seu direito de o amar com extravagância; ao
contrário, causaria escândalo ou decepção, se você não o acolhesse
imediatamente com todo aquele amor que há anos se acumulava, desdenhado, no seu
coração.
Sim,
tenho a certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as
mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que
vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.
Aliás,
desconfio muito de que netos são melhores que namorados, pois que as violências
da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. Se o Doutor Fausto fosse
avô, trocaria calmamente dez Margaridas por um neto...
No
entanto! Nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, o entrave
maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não
deixa por isso de ser a mãe do neto. Não importa que ela hipocritamente, ensine
a criança a lhe dar beijos e a lhe chamar de "vovozinha" e lhe conte
que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São
lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas
posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis
muito semelhantes ao da esposa e da amante nos triângulos conjugais. A mãe tem
todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele,
dá-lhe banho, veste-o, embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a
obrigação de educar e o ônus de castigar.
Já
a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do
imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas.
Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulito. Não
tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o
último recurso dos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de
rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem
todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e
o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as
mãos, recusar a sopa e comer croquetes, tomar café, mexer na louça, fazer trem
com as cadeiras na sala, destruir revistas, derramar água no gato, acender e
apagar a luz elétrica mil vezes se quiser - e até fingir que está discando o
telefone. Riscar a parede com lápis dizendo que foi sem querer - e ser
acreditado!
Fazer
má-criação aos gritos e em vez de apanhar ir para os braços do avô, e lá
escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna...
Sabe-se
que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados prazeres
da alma. Porém não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o
seu neto, numa manhã de sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito
de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das
outras avós com seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu
maravilhoso neto!
E
quando você vai embalar o neto e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe
reconhece, sorri e diz "Vó", seu coração estala de felicidade, como
pão ao forno.
E
o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe
castiga, e ele olha para você, sabendo que, se você não ousa intervir
abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade.
Até
as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto:
o bibelô de estimação que se quebrou porque o menino - involuntariamente! -
bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas
recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beicinho pronto para
o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se
zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, vó? Era um simples boneco que
custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague.
Rachel de
Queiroz
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