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LITURGIA DIÁRIA

LITURGIA DIÁRIA - REFLEXÕES E COMENTÁRIOS

Diário de Sábado Santo 19/04/2014



Sábado Santo, 19 de abril  de 2014



“A única coisa de que você deve ter medo é do próprio medo” Franklin D. Roosevelt



EVANGELHO DE HOJE
Mt 28,1-10


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Mateus.
— Glória a vós, Senhor!


11Depois do sábado, ao amanhecer do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. 2De repente, houve um grande tremor de terra: o anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, retirou a pedra e sentou-se nela. 3Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes eram brancas como a neve. 4Os guardas ficaram com tanto medo do anjo, que tremeram, e ficaram como mortos.
5Então o anjo disse às mulheres: “Não tenhais medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. 6Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito! Vinde ver o lugar em que ele estava. 7Ide depressa contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que vai à vossa frente para a Galileia. Lá vós o vereis. É o que tenho a dizer-vos”.
8As mulheres partiram depressa do sepulcro. Estavam com medo, mas correram com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos.
9De repente, Jesus foi ao encontro delas, e disse: “Alegrai-vos!”
As mulheres aproximaram-se, e prostraram-se diante de Jesus, abraçando seus pés. 10Então Jesus disse a elas: “Não tenhais medo. Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia. Lá eles me verão”.


Palavra da Salvação
Glória a vós Senhor.






MEDITAÇÃO DO EVANGELHO
Luiz Carlos


A manhã deste domingo muda de maneira total e radical a compreensão do homem a respeito da morte e da vida. “Onde está ó morte o teu aguilhão? Onde está ó inferno a tua vitória?” (I Co 15:55).
O túmulo vazio mostra e garante que a ação de Deus em Cristo não termina na morte, o anjo diz as mulheres: “eu sei que vocês procuram Jesus crucificado, mas Ele não está mais aqui, Ele ressuscitou”, não existe mais um Cristo sofrido, sofrível e derrotado, o que existe é um Cristo vitorioso, glorioso, ressurreto e se quiserem lembrar de dor, sofrimento e morte lembrem que tudo isso foi feito pelos homens, mas adorem o Cristo vivo.
A ressureição de Cristo matou todo tipo de morte, a morte da insegurança, a morte do medo, a morte do pecado, por que o pecado que introduziu a morte não tem forças para o Cristo ressurreto, porque se “o salário do pecado é a morte, o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor” diz Paulo em Rm 6:23.
Maria Madalena ainda chora do lado de fora, junto ao sepulcro (Jo 20:11) Ela viu os anjos e eles perguntaram: “mulher porque choras? “Levaram o meu Senhor e não sei onde O puseram.” (Jo20:13). Depois desse dialogo ela vê Jesus, mas não sabe que é
Ele, ela o confunde com o jardineiro, os olhos de Maria estavam embaraçados, a dor, o medo, a tristeza, a saudade, a decepção muitas vezes embaraçam os olhos e nos impedem de ver o Senhor do nosso lado, de ver a sua ação em nós e por nós, olhos marejados nos fazem confundi-lo com o que ele não é, por isso muitos O culpam por uma tragédia, porque com os olhos cobertos pela dor, não vemos que na tragédia é Ele quem nos segura com mão forte, com mão poderosa, com mão de amor.
Jesus não desiste de Maria, Ele sabe que ela precisa de consolo, e Ele a consola, Ele a chama pelo nome “Maria” (Jo 20:16), ela reconhece aquela voz, assim como o olhar, a voz de Cristo é inconfundível, “as suas ovelhas Ele chama pelo nome e elas reconhecem a sua voz” (Jo 10:3-4).
À tarde do mesmo dia os discípulos estão juntos, as portas estão fechadas, mas quem sai do túmulo e o deixa vazio é capaz e tem poder de entrar num ambiente fechado e enche-lo com sua glória e amor, “paz seja convosco” é a saudação de Cristo, não tem crítica, não tem ira, não tem dedo apontando erros, as palavras de Cristo para os homens que o negaram e fugiram e que também andaram e andariam com Ele para sempre foram palavras de paz, mas Ele também envia, Ele os separa para um serviço: “assim como o Pai me enviou eu os envio a vós.” Era preciso espalhar para o mundo essa mensagem, essa boa notícia, esse evangelho de que Deus se fez carne e habitou entre nós (Jo 1:14), de que Ele morreu para que tivéssemos vida, de que houve cruz e túmulo, mas que o túmulo ficou vazio por que quem foi para lá ressuscitou!
Em Cristo.
Amém




MOMENTO DE REFLEXÃO

  
Toda sexta-feira à noite começa o shabat para a tradição judaica. Shabat é o conceito que propõe descanso ao final do ciclo semanal de produção, inspirado no descanso divino, no sétimo dia da Criação.
Muito além de uma proposta trabalhista, entendemos a pausa como fundamental para a saúde de tudo o que é vivo. A noite é pausa, o inverno é pausa, mesmo a morte é pausa. Onde não há pausa, a vida lentamente se extingue.
Para um mundo no qual funcionar 24 horas por dia parece não ser suficiente, onde o meio ambiente e a terra imploram por uma folga, onde nós mesmos não suportamos mais a falta de tempo, descansar se torna uma necessidade do planeta. Hoje, o tempo de 'pausa' é preenchido por diversão e alienação. Lazer não é feito de descanso, mas de ocupações 'para não nos ocuparmos'. A própria palavra entretenimento indica o desejo de não parar. E a incapacidade de parar é uma forma de depressão. O mundo está deprimido e a indústria do entretenimento cresce nessas condições. Nossas cidades se parecem cada vez mais com a Disneylândia. Longas filas para aproveitar experiências pouco interativas. Fim de dia com gosto de vazio. Um divertido que não é nem bom nem ruim. Dia pronto para ser esquecido, não fossem as fotos e a memória de uma expectativa frustrada que ninguém revela para não dar o gostinho ao próximo.
Entramos no milênio num mundo que é um grande shopping. A Internet e a televisão não dormem. Não há mais insônia solitária; solitário é quem dorme. As bolsas do Ocidente e do Oriente se revezam fazendo do ganhar e perder, das informações e dos rumores, atividade incessante. A CNN inventou um tempo linear que só pode parar no fim. Mas as paradas estão por toda a caminhada e por todo o processo. Sem acostamento, a vida parece fluir mais rápida e eficiente, mas ao custo fóbico de uma paisagem que passa. O futuro é tão rápido que se confunde com o presente. As montanhas estão com olheiras, os rios precisam de um bom banho, as cidades de uma cochilada, o mar de umas férias, o domingo de um feriado.
Nossos namorados querem 'ficar', trocando o 'ser' pelo 'estar'. Saímos da escravidão do século XIX para o leasing do século XXI - um dia seremos nossos? Quem tem tempo não é sério, quem não tem tempo é importante. Nunca fizemos tanto e realizamos tão pouco. Nunca tantos fizeram tanto por tão poucos.
Parar não é interromper. Muitas vezes continuar é que é uma interrupção. O dia de não trabalhar não é o dia de se distrair - literalmente, ficar desatento. É um dia de atenção, de ser atencioso consigo e com sua vida. A pergunta que as pessoas se fazem no descanso é 'o que vamos fazer hoje?' - já marcada pela ansiedade. E sonhamos com uma longevidade de 120 anos, quando não sabemos o que fazer numa tarde de domingo.
Quem ganha tempo, por definição, perde. Quem mata tempo, fere-se mortalmente. É este o grande 'radical livre' que envelhece nossa alegria - o sonho de fazer do tempo uma mercadoria. Em tempos de novo milênio, vamos resgatar coisas que são milenares. A pausa é que traz a surpresa e não o que vem depois. A pausa é que dá sentido à caminhada. A prática espiritual deste milênio será viver as pausas. Não haverá maior sábio do que aquele que souber quando algo terminou e quando algo vai começar. Afinal, por que o Criador descansou? Talvez porque, mais difícil do que iniciar um processo do nada, seja dá-lo como concluído.


Rabino Nilton Bonder

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