Domingo, 13
de abril de 2014
"O
capitalismo gera o seu próprio coveiro." [Karl Marx]
EVANGELHO
DE HOJE
Mt
26,14-27,66
— O Senhor
esteja convosco.
— Ele está
no meio de nós.
—
PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Mateus.
— Glória a
vós, Senhor!
NARRAÇÃO DA
PAIXÃO
Paixão de
nosso Senhor Jesus Cristo segundo Mateus
Narrador 1:
Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo Mateus: Naquele tempo, 11Jesus foi
posto diante de Pôncio Pilatos, e este o interrogou:
Ass.: “Tu és
o rei dos judeus?”
Narrador 1:
Jesus declarou:
Pres.: “É
como dizes”.
Narrador 1:
12E nada respondeu, quando foi acusado pelos sumos sacerdotes e anciãos.
13Então Pilatos perguntou:
Leitor 1:
“Não estás ouvindo de quanta coisa eles te acusam?”
Narrador 1:
14Mas Jesus não respondeu uma só palavra, e o governador ficou muito
impressionado. 15Na festa da Páscoa, o governador costumava soltar o
prisioneiro que a multidão quisesse. 16Naquela ocasião, tinham um prisioneiro
famoso, chamado Barrabás. 17Então Pilatos perguntou à multidão reunida:
Ass.: “Quem
vós quereis que eu solte: Barrabás, ou Jesus, a quem chamam de Cristo?”
Narrador 2:
18Pilatos bem sabia que eles haviam entregado Jesus por inveja. 19Enquanto Pilatos
estava sentado no tribunal, sua mulher mandou dizer a ele:
Mulher: “Não
te envolvas com esse justo, porque esta noite, em sonho, sofri muito por causa
dele”.
Narrador 2:
20Porém, os sumos sacerdotes e os anciãos convenceram as multidões para que pedissem
Barrabás e que fizessem Jesus morrer. 21O governador tornou a perguntar:
Ass.: “Qual
dos dois quereis que eu solte?”
Narrador 2:
Eles gritaram:
Ass.:
“Barrabás”.
Narrador 2:
22Pilatos perguntou:
Leitor 2:
“Que farei com Jesus, que chamam de Cristo?
Narrador 2:
Todos gritaram:
Ass.: “Seja
crucificado!”
Narrador 2:
23Pilatos falou:
Leitor 1:
“Mas, que mal ele fez?”
Narrador 2:
Eles, porém, gritaram com mais força:
Ass.: “Seja
crucificado!”
Narrador 1:
24Pilatos viu que nada conseguia e que poderia haver uma revolta. Então mandou
trazer água, lavou as mãos diante da multidão, e disse:
Leitor 2:
“Eu não sou responsável pelo sangue deste homem. Este é um problema vosso!”
Narrador 1:
25O povo todo respondeu:
Ass.: “Que o
sangue dele caia sobre nós e sobre os nossos filhos”.
Narrador 1:
26Então Pilatos soltou Barrabás, mandou flagelar Jesus, e entregou-o para ser
crucificado. 27Em seguida, os soldados de Pilatos levaram Jesus ao palácio do
governador, e reuniram toda a tropa em volta dele. 28Tiraram sua roupa e o
vestiram com um manto vermelho; 29depois teceram uma coroa de espinhos, puseram
a coroa em sua cabeça, e uma vara em sua mão direita. Então se ajoelharam
diante de Jesus e zombaram, dizendo:
Ass.:
“Salve, rei dos judeus!”
Narrador 2:
30Cuspiram nele e, pegando uma vara, bateram na sua cabeça. 31Depois de zombar
dele, tiraram-lhe o manto vermelho e, de novo, o vestiram com suas próprias
roupas. Daí o levaram para crucificar. 32Quando saíam, encontraram um homem
chamado Simão, da cidade de Cirene, e o obrigaram a carregar a cruz de Jesus.
33E chegaram a um lugar chamado Gólgota, que quer dizer “lugar da caveira”.
Narrador 1:
34Ali deram vinho misturado com fel para Jesus beber. Ele provou, mas não quis
beber. 35Depois de o crucificarem, fizeram um sorteio, repartindo entre si as
suas vestes. 36E ficaram ali sentados, montando guarda. 37Acima da cabeça de
Jesus puseram o motivo da sua condenação:
Ass.: “Este
é Jesus, o Rei dos Judeus”.
Narrador 1:
38Com ele também crucificaram dois ladrões, um à direita e outro à esquerda de
Jesus. 39As pessoas que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e
dizendo:
Ass.: 40”Tu,
que ias destruir o Templo e construí-lo de novo em três dias, salva-te a ti
mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!”
Narrador 2:
41Do mesmo modo, os sumos sacerdotes, junto com os mestres da Lei e os anciãos,
também zombavam de Jesus:
Ass.:42”A
outros salvou... a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel... Desça agora da
cruz! e acreditaremos nele. 43Confiou em Deus; que o livre agora, se é que Deus
o ama! Já que ele disse: Eu sou o Filho de Deus”.
Narrador 1:
44Do mesmo modo, também os dois ladrões que foram crucificados com Jesus o
insultavam. 45Desde o meio-dia até as três horas da tarde, houve escuridão
sobre toda a terra. 46Pelas três horas da tarde, Jesus deu um forte grito:
Pres.: “Eli,
Eli, lamá sabactâni?”
Narrador 1:
Que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” 47Alguns dos que
ali estavam, ouvindo-o, disseram:
Ass.: “Ele
está chamando Elias!”
Narrador 1:
48E logo um deles, correndo, pegou uma esponja, ensopou-a em vinagre, colocou-a
na ponta de uma vara, e lhe deu para beber. 49Outros, porém, disseram:
Ass.:
“Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!”
Narrador 1:
50Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito.
Todos se
ajoelham e ficam em silêncio
Narrador 2:
51E eis que a cortina do santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a
terra tremeu e as pedras se partiram. 52Os túmulos se abriram e muitos corpos
dos santos falecidos ressuscitaram! 53Saindo dos túmulos, depois da
ressurreição de Jesus, apareceram na Cidade Santa e foram vistos por muitas
pessoas. 54O oficial e os soldados que estavam com ele guardando Jesus, ao
notarem o terremoto e tudo que havia acontecido, ficaram com muito medo e
disseram:
Ass.: “Ele
era mesmo Filho de Deus!”
Palavra da
Salvação
Glória a vós
Senhor.
MEDITAÇÃO
DO EVANGELHO
M. Asun
Gutiérrez,
Começa
a Semana Santa, a semana da dor e do
amor da morte e da vida. A primeira semana do novo mundo.
Jesus
caminha decidido para a sua Páscoa, para a Páscoa completa, que é morte e
ressurreição.
Como
é possível conhecer Jesus de bem perto e vendê-l’O? Essa atitude totalmente incompreenssível, é única e exclusiva de
Judas?
Os
evangelhos sublinham a responsabilidade histórica de Judas, não a sua “culpa
jurídica”, menos ainda a sua “condenação eterna”.
O
grão de trigo está a cair na terra e vai morrer.
O
fermento está a esconder-se na massa.
Para
isso veio, para que todos possam comer, para que toda a massa se faça pão.
É
uma ceia de despedida, a última das frequentes refeições que Jesus celebrou (Mc
2, 19; Lc 13,28-29; 14, 15-24), figura e anúncio do alegre banquete que nos
há-de reunir a todos no reino de Deus.
Pedro
demonstra demasiada segurança em si mesmo:
ainda que todos, eu não; eu sou melhor, a minha fé é mais forte… como vou duvidar da minha fé?
Seguiremos
com Jesus mais além do entusiasmo
inicial, quando os problemas se apresentarem e não sejamos de compreender Deus?
Jesus
sempre, e mais ainda nas situações difíceis, refugia-se na oração.
Impressiona
a solidão de Jesus. Em vão volta a procurar consolo nos seus amigos.
Jesus
sabe assumir o inevitável com liberdade interior, pois crê profundamente
que
em todo o momento, inclusive no mais duro, está nos braços amorosos do Pai.
Jesus
não vem pregar verdades gerais, religiosas ou morais, mas proclamar a chegada
do Reino, a Boa Notícia do Evangelho.
É
plenamente rejeitado: é escândalo para os dirigentes religiosos, perigo para o
poder político, decepção para a maior parte do povo e desconcerto para os
discípulos.
Jesus
podia ter dado respostas eloquentes e
convincentes, podia ter pronunciado um grande discurso, podia ter posto em
ridículo os seus acusadores.
A
sua opção não é o triunfalismo.
Não
pronuncia uma palavra contra ninguém. O
silêncio de Jesus é paciente, obediente, misericordioso.
Chave
para entender o aparente silêncio de Deus.
O
duplo julgamento, político e religioso, que Jesus padeceu foi a expressão da
injustiça. Matavam-n’O simplesmente
porque punha em risco a credibilidade do sistema religioso, político e
econômico. Não organizando revoltas populares, mas apresentando um projeto de
vida alternativo onde as pessoas valiam por si mesmas e todas tinham os mesmos
direitos.
Jesus
dá-nos a sua própria tarefa: fazer valer
o direito das pessoas excluídas e pobres. Baixar da cruz as pessoas
crucificadas.
Pedro
entra em pânico quando o descobrem. Pronuncia as palavras mais tristes que pode
dizer quem segue Jesus: “não conheço
esse homem”.
Podemos
identificar-nos com Pedro. Julgava-se
com forças e falha. Ao chorar
amargamente começa a conhecer-se a si mesmo, a fundamentar-se mais na
fidelidade e no amor de Jesus que na sua própria segurança. Jesus perdoa
sempre, confia e dá uma nova oportunidade.
Nós,
os crentes, afirmamos que a história de Judas e de Pedro – traidores , a dos
discípulos – covardes , a de todos nós
(julgamo-nos melhores que eles?) - está nas mãos de Deus e Deus a vai
fazendo, apesar de tudo, história de salvação.
Jesus
crucificado leva-nos a esperar que também para os que crucificam, a última
palavra será o perdão. “Pai, perdoa-lhes... (Lc23,34).
E,
ao final de tudo, tão pouco existirá a separação que hoje se dá – e se deve dar
- entre os que são crucificados e os que crucificam.
Esperamos
que Deus encaminhará tudo para o seu Reino ainda que não saibamos quando nem
como, mas que conta conosco para o alcançar.
Jesus
apresenta-se sempre como alternativa de alguém ou de algo.
Quando
não se tem o valor de optar só por Ele, fazendo calar outros ruídos, outros
interesses, atua-se da mesma maneira que a multidão e Pilatos. Abandonamo-l’O. Condenamo-l'O.
É
fácil manipular a multidão. Num momento
pode gritar “hosana”, e noutro momento “crucifica-O”...
Será
que é a minha postura? Quando me convém, aclamo e acolho Jesus, quando não me
convém, rejeito-O...?
Jesus
foi polêmico contra as normas de pureza,
perante toda a espécie de doutrinas e normas (Mc 7,1-23). Foi polêmico
frente ao mais sagrado do sistema religioso: o templo. Detivieram Jesus, julgaram-n’O,
condenaram-n’O e O executaram pela sua vida, os seus ensinamentos e a sua
conduta.
O
seu exemplo nos convida a termos uma
maior coerência do Evangelho na nossa vida. A escolhê-l’O a Ele
e não a Barrabás;a sermos pessoas solidárias como Simão, valentes e obstinadas
como as mulheres de Jerusalém.
É
um grito de verdadeira angústia, mas ao mesmo tempo expressa o desejo de se agarrar a Deus contra toda a esperança,
de reivindicar a Deus como meu Deus, ainda que, às vezes, O sinta ausente. Dor e esperança.
Comunhão
com os sofrimentos humanos e esperança no Deus da vida.
O
“abandonado” abandona-se nas mãos do Pai.
“Jesus
padece o inferno da ausência de Deus, para que assim não haja inferno
para
mais ninguém” (Von Balthasar).
“A
morte de Jesus na cruz é a consequência duma vida no serviço radical à justiça
e ao amor; é seqüela da sua opção pelos
pobres e os deserdados; da opção pelo seu povo, que sofria exploração e
extorsão. Neste mundo, toda a opção em
favor da justiça e do amor é arriscar a vida”.
(E. Schillebeeckx)
Para
José de Arimatéia é tempo de falar, de pedir, de arriscar. Para as mulheres
tempo de permanecer quietas como testemunhos silenciosos do crucificado. Breve
chegará para elas o tempo de tomar a palavra e de ser as primeiras a anunciar a
Ressurreição.
Jesus
falava de Reino-Reinado e essa palavra provocava medo e punha alerta as
autoridades. Quanto mais poder, mais medo.
Jesus
torna-nos capazes de permanecermos junto aos túmulos do nosso mundo, para os
abrir e anunciar que a morte não tem a última palavra. Anunciar que estamos
destinados, não à cruz, mas à vida. Não ao sofrimento, mas à alegria
perfeita. O definitivo não são as
“semanas santas” que vivenciamos, mas a Páscoa, a Ressurreição, a Vida.
VÍDEO
DA SEMANA
Paixão de
Cristo
MOMENTO
DE REFLEXÃO
Às vezes penso como
seria Judas. Qual a sua aparência, como agia, quem eram seus amigos?
Acho que pintei na
minha mente um retrato dele. Sempre o imaginei como um homem magro, de olhos
redondos e negros, astucioso, vil; com barba pontuda e tudo. A minha ideia
mostrava-o distanciado dos outros apóstolos. Sem amigos. Remoto. Ele era sem
dúvida desonesto e traiçoeiro. Provavelmente produto deum lar destruído. Um
delinquente juvenil na adolescência.
Interrogo-me,
porém, se isso é mesmo verdade. Não temos qualquer evidência (salvo o silêncio
de Judas), sugerindo o seu isolamento. Há pouca razão para crer que fosse
desonesto. De facto, ele cuidava da tesouraria. Ninguém poria um ladrão para
tomar conta do dinheiro. Na última ceia, quando Jesus disse que o seu traidor
estava sentado à mesa, não vemos os apóstolos voltarem-se imediatamente para
Judas como o culpado lógico.
Penso que julgamos
Judas erroneamente. Ele talvez fosse o oposto disso tudo. Em lugar de astucioso
e magro, quem sabe se era robusto e jovial? Em vez de calado e introvertido,
pode ser que tivesse sido falante e
bem-intencionado. Não sei.
Mas, apesar de tudo
o que não sabemos sobre Judas, de uma coisa temos a certeza: ele não tinha um
relacionamento com o Mestre.
Ele viu Jesus, mas
não O conheceu. Ele ouviu Jesus, mas não compreendeu. Tinha religião, mas não
comunhão.
Ao rodear a mesa no
cenáculo, Satanás procurava um tipo especial de homem para trair o Senhor.
Precisavade um homem que tivesse visto Jesus, mas não O conhecesse. De alguém
que soubesse dos actos de Jesus, mas não atentasse para a
Sua missão. Judas era
esse homem. Ele conhecia o império, mas
jamais conheceu o Homem.
Aprendemos esta
lição eterna do traidor:
As melhores armas
de destruição de Satanás não estão fora, mas dentro da igreja. Nenhuma igreja
morrerá por causa da imoralidade em Hollywood. Mas morrerá corroída por dentro,
por aqueles que usam o nome de Jesus, mas nunca O conheceram.
Judas usava o manto
da religião, mas jamais conheceu o coração de Cristo.
Façamos disso o
nosso objectivo: conhecê-Lo… profundamente.
Max Lucado
Nenhum comentário:
Postar um comentário