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LITURGIA DIÁRIA

LITURGIA DIÁRIA - REFLEXÕES E COMENTÁRIOS

Diário de Quinta-feira 14/05/2015


Quinta-feira, 14 de maio de 2015


“Depois da liberdade desaparecer, resta um país, mas já não há pátria." (Chateaubriand)




EVANGELHO DE HOJE
Jo 15,9-17


— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo João.
— Glória a vós, Senhor!


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 9Como meu Pai me amou, assim também eu vos amei. Permanecei no meu amor. 10Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, assim como eu guardei os mandamentos do meu Pai e permaneço no seu amor.
11E eu vos disse isto, para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja plena. 12Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei. 13Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos. 14Vós sois meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. 15Já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que faz o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai.
16Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos designei para irdes e para que produzais fruto e o vosso fruto permaneça. O que então pedirdes ao Pai em meu nome, ele vo-lo concederá. 17Isto é o que vos ordeno: amai-vos uns aos outros.



Palavra da Salvação
Glória a vós Senhor.







MEDITAÇÃO DO EVANGELHO
Pe. Antonio Queiroz


Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi.
Hoje nós celebramos a festa do Apóstolo S. Matias. A escolha dele, em substituição a Judas Iscariotes, está narrada na primeira Leitura: At 1,15-26. Fizeram um sorteio. Nós hoje escolhemos os nossos líderes geralmente através da votação. Mas no fundo quem escolhe é sempre Deus, seja através do sorteio, da votação, ou de qualquer outro sistema eleitoral.
Não somos nós que escolhemos a Deus, mas é ele que nos escolhe. Da nossa parte, cabe a disponibilidade, como teve S. Matias. Ele não escolheu ser Apóstolo, foi a Igreja que o escolheu. Ou melhor, foi Deus que o escolheu através da Igreja.
É interessante o discursinho de S. Pedro, que está na primeira Leitura. O que ele fez foi um discernimento junto com a Comunidade, isto é, uma busca da vontade de Deus. Usando outras palavras, Pedro disse: Deus quer que haja doze Apóstolos, porque foi assim que Jesus constituiu o grupo, que é uma continuação das doze tribos de Israel. Mas Judas nos deixou. Portanto, Deus quer que um de vocês ocupe o lugar dele.
Com essas palavras, Pedro motivou a Igreja ali reunida, umas cento e vinte pessoas, a buscarem uma saída, indicando candidatos para preencher a vaga. Pedro ainda deu critérios para a escolha: “Há homens que nos acompanharam durante todo o tempo em que o Senhor Jesus vivia no meio de nós, a começar pelo batismo de João até o dia em que foi elevado ao céu. Agora, é preciso que um deles se junte a nós”. Esses são os chamados setenta de dois discípulos. A Comunidade trocou idéias e apresentou Matias e José Barsabás.
A Comunidade escolheu através de um sorteio. Nós hoje costumamos fazer votação ou outro sistema qualquer. É a mesma coisa. No fundo, quem escolhe é Deus, seja através do sorteio, ou dos votos, ou de qualquer outro sistema eleitoral.
O importante é a Comunidade fazer as três coisas que essa Comunidade fez: 1ª) Ter o desejo de fazer a vontade de Deus, não a própria vontade. 2ª) Rezar, pedindo a Deus que ilumine e dirija na hora de votar ou de escolher. 3ª) Os membros fazerem a sua parte, conversando entre si e trocar idéias sobrem quem é o mais indicado para o cargo.
Deus quer que os postos vagos nas pastorais, nos ministérios e nos vários serviços da nossa Comunidade sejam preenchidos. Vários motivos levam um cargo a ficar vago: doença, mudança da família para outra cidade, impossibilidade de continuar, devido a compromissos pessoais ou familiares, devido a doença. E também por um motivo muito comum: a pessoa que exercia o cargo parou de participar da Comunidade.
O próprio fato de haver uma função vaga é um chamado de Deus para todos os membros da Comunidade. É algo que nos inquieta. A primeira coisa que a gente pensa é: Será que eu tenho condições de assumir essa função? Ou: Será que eu não poderia convencer alguém a assumi-la?
Imagine se S. Pedro aparecesse hoje na nossa Comunidade, convivesse uns dias com ela e depois fizesse um discursinho na hora da Missa: “Irmãos, eu descobri que tal cargo está vago. Isso não pode acontecer! Deus não quer isso! Peço a vocês que se reúnam, conversem entre si e apresentem alguns candidatos para fazermos uma votação”. Que bonito seria, não? Que aprendamos a lição da escolha de Matias! Uma função vaga na nossa Comunidade é, por si mesma, um chamamento de Deus a nós. Que nos esforcemos para que, de uma forma ou de outra, essa função seja preenchida.
No Evangelho, Jesus fala que o seu amor nasce da obediência aos seus mandamentos: “Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor”. Essa expressão “no meu amor” refere-se não apenas ao nosso amor a ele, mas ao amor que ele carrega no coração, que é o amor que existe dentro da SS. Trindade e que foi derramado em nossos corações (Rm 5,5).
De fato, o amor de Deus não é apenas sentimento, ele se mostra nas nossas ações e atitudes. “Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor! Senhor!’, entrará no Reino dos Céus, mas só aquele que põe em prática a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21).
Um dos mandamentos de Jesus é pertencer à sua Igreja, que é una, santa, católica e apostólica.
E neste Evangelho Jesus fala também: “Eu não vos chamo servos, mas amigos”. Ele quer ser nosso amigo. Vamos também ser amigos dele, amigos fiéis e sinceros, como ele é conosco.
“Ninguém tem amor maior do que aquele que dá sua vida pelos amigos.” O Apóstolo S. Matias pregou a Palavra de Deus na Palestina, e depois na Ásia Menor, onde morreu mártir. Diz a tradição que ele foi apedrejado e depois morto a machadadas. Portanto, deu a vida por Cristo e pela santa Igreja.
Existe o chamado martírio incruento, isto é, martírio sem sangue. São cristãos que dão a vida por Cristo e pela Igreja, e morrem por esta causa. Diante de Deus, o martírio incruento tem o mesmo valor do martírio de sangue.
Certa vez, um pai comprou para o seu filho de sete anos uma pipa, brinquedo que em alguns lugares é chamado de papagaio. O menino foi direto para o terreiro, a fim de soltar a pipa. Mas ele não conseguiu levantá-la. Por mais que se esforçava, a pipa não subia. O garoto corria pra lá e pra cá, mas nada.
O pai viu, veio, pegou a linha e com facilidade levantou a pipa, mas só a uns dois metros do chão, para que o menino fizesse o resto. Passou a linha para o filho e explicou como fazer. Aí sim, o papagaio se levantou, foi para as alturas e o garotinho ficou muito feliz.
S. Pedro, na eleição do Apóstolo Matias, fez como esse pai. Ele não levantou a pipa mas ajudou o filho a fazê-la. S. Pedro não escolheu o sucessor de Judas, mas incentivou e orientou a Comunidade como fazê-lo. As pessoas têm muitas pipas para serem levantadas. Que tal nós darmos uma mãozinha? Feliz daquele e daquela que, apesar do vento, não deixa a sua pipa cair nem se enroscar nas árvores!
Que Maria Santíssima e os Apóstolos S. Pedro e S. Matias nos ajudem a levar em frente a nossa Comunidade, observando os mandamentos de Jesus.
Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi.






MUNDO ANIMAL


Como prestar socorro de emergência para cães
Por Ayrton Mugnaini Jr


Sempre digo que cães são como crianças de dois anos e meio, necessitam de atenção e cuidados. Sempre digo também que o ser humano tende a pensar que acidentes, doenças graves e casamentos são desgraças que só acontecem com outras pessoas e com os cães de outras pessoas. Por isso é importante termos alguma noção de primeiros socorros, inclusive para ajudarmos e até salvarmos nossos peludos em caso de emergência. E aqui vai um guia geral para os casos mais comuns que podem ocorrer a nossas crianças peludas.
Algumas providências são semelhantes às tomadas quando os problemas ocorrem com humanos, embora possa ser um pouco mais difícil detectá-los em cães, já que estes não falam idiomas humanos e muitas vezes até fogem ao serem feridos. E nunca se esqueça de manter a calma, tua e do peludo, nem de chamar o veterinário ou levar o cão até ele em caso de demora para resolver o problema.
Asfixia ou Engasgo
Sabemos (ou deveríamos saber) que não devemos largar pelo chão nada que possa ser engolido por crianças pequenas ou cães. Mas pode acontecer de o peludo deglutir alguma coisa que pare na garganta. Então ele geme de dor, ou não pára de tossir, babar ou vomitar, ou bate na boca com a pata — obviamente tentando se livrar do que o incomoda lá dentro — , ou demonstra estar sem fôlego, com boca e gengivas azuis, roxas ou brancas.
Se o peludo não conseguir se livrar sozinho do que lhe sufoca, nossa primeira providência é ajudá-lo abrindo-lhe a boca — mas antes, se o bicho for bravo e de médio a grande porte, imobilize-o segurando-o pela pelagem entre as orelhas, senão ele pode te morder mesmo. Ah, sim: não esqueça uma lanterna, abajur ou outra fonte de luz para enxergar bem lá dentro da boca do cão e não correr o risco de, ao tentar remover o que obstrui a garganta do bicho, não enxergar direito e empurrar mais para dentro ainda. Uma pinça por perto ajudará muito na remoção.
Se o cão for pequeno ou médio, você pode suspendê-lo de cabeça para baixo, seguro e pendurado pelas patas dianteiras, exatamente como um bebê humano recém-nascido, sacudindo-o ou dando-lhe tapas nas costas na região dos ombros, para tirar o objeto usando a força da gravidade. Pode-se também suspender assim um cão de grande porte, se você for um He-Man ou uma She-Ra; caso não seja, levante-lhe as patas dianteiras, como se o bicho fosse um carrinho de mão, para incliná-lo à frente e tentar remover a obstrução.
Outra possibilidade, se o cão não estiver conseguindo respirar, é aplicar a chamada Manobra de Heimlich: com o cão de cabeça para baixo ou pelo menos de cabeça baixa, pressione algumas vezes com o punho fechado (ou alguns dedos, se o cão for pequeno) a região logo abaixo da caixa torácica o bicho até ele liberar o que está preso na garganta. Se o cão aparentar estar desmaiado e sem pulso, faça-lhe ressuscitação cardio-pulmonar imediatamente e chame o veterinário.
Intoxicação e envenenamento
Pode também acontecer de o cão ingerir coisas indevidas que ficaram indevidamente soltas ou espalhadas por aí como veneno de rato, plantas venenosas, medicamentos e até chocolate (a teobromina do cacau é nociva aos cães; afinal, como diz Raul, "o que eu como a prato pleno bem pode ser o seu veneno") e, veja só, medicação antipulgas em excesso. Lembremos que cães podem se intoxicar até com medicamentos próprios para humanos, que podem (os medicamentos) ter-lhe sido dados com muito boa intenção mas pouca informação.
O cão envenenado ou intoxicado pode ficar inquieto ou desorientado, ter espasmos, tremores, rigidez muscular ou até apatia e desmaios, perder apetite, ter ataques súbitos de vômito e diarreia, beber e urinar mais que o normal, boca salivando ou espumando ou, como no caso de asfixia, estapear a boca, engasgar ou ter dificuldade em respirar. A primeira providência é verificar o que o cão pode ter comido e recolher em sacos plásticos o que aparecer de vômito ou diarreia para exame (certos venenos têm efeito retardado e cumulativo, só se manifestando em até meses após começarem a ser ingeridos), e corra com o cão ao veterinário — melhor ainda se puder telefonar e avisar que um caso de envenenamento está a caminho. E cada tipo de intoxicação ou envenenamento exige um exame e tratamento (lavagem estomacal, injeções, diálises, exames de sangue e rins, internamento)
Desmaios ou ataques cardíacos
Ouça, veja e apalpe bem para ver se o cão está respirando, dando tapinhas de leve e chamando-o pelo nome — mas cuidado para não ser mordido caso ele desperte de repente. Se ele não estiver respirando, abra-lhe a boca, puxe um pouco da língua dele para fora e faça ressureição boca-a-focinho, soprando-lhe para dentro do próprio até o tórax dele subir — mas evite ar em excesso. Para verificar a pulsação do bicho, o ideal e mais prático pode não ser encostar o ouvido no peito e sim sentir o pulso femural, na parte de dentro de uma das patas traseiras. Pode ser necessária ressurreição cardio-pulmonar, semelhante à humana, mas com o peludo deitado não de costas e sim sobre o lado direito (exceto se for de porte muito pequeno), com a pata dianteira colocada dobrada no cotovelo; o ponto onde o cotovelo do cão tocar o corpo é o ideal para aplicar pressão com as mãos uma sobre a outra, formando a famosa "ventosa" manual para aplicar pressão no bicho, soprando-lhe nas narinas após um certo número de pressões (dez para cães grandes, cinco para cães menores e três para peludinhos bem pequenos). Repita até o cão responder.
Atropelamentos ou quedas
Após ser atropelado, o cão deve ser removido o mais depressa e cuidadosamente possível da via e daí verificar se ele está inconsciente e respirando; se for o caso, deve-se apliquar a ressurreição que descrevemos acima. Sangramentos devem ser limpos e cobertos, e fraturas devem ser imobilizadas com tipoias de pano ou o que estiver à mão (até cadarço de tênis pode servir). O ideal é transportar o bicho numa "maca" que pode ser uma folha de papelão ou outra superfície firme ou, na falta desta, uma toalha, cobertor, peça de roupa que sirva de "rede". O bicho deve ser acalmado, pois, ao contrário de pacientes humanos, ele não costuma se conformar em ser imobilizado e preso a uma maca, improvisada ou não. E coloquem delicadamente o cão no carro rumo a um veterinário, que fará todos os exames e procedimentos para detectar e tratar fraturas, feridas, infecções, fortes dores e outros problemas.
Pode acontecer de o peludo, por puro instinto, após ser atropelado, conseguir ignorar a dor e sair correndo, geralmente voltando para casa, o que pode tornar difícil ao dono perceber imediatamente que o cão está ferido (ainda mais porque a maioria dos danos físicos causados por atropelamentos são internos!); mas logo que perceber, o dono deve, claro, levar o cão ao veterinário imediatamente. E pode acontecer também de, se você for a primeira pessoa que o cão vir após ser atropelado, ele te associe ao acidente, pense que você foi o causador e queira te atacar, portanto esteja prevenido(a).

Olhos
Pode acontecer de alguma coisa, como uma farpa ou pancada, atingir o olho do cão. O ideal é, ao contrário do procedimento para engasgamentos, não tentar remover o objeto do olho do peludo, mas apenas desinfetar o local com alguma solução especial para higiene ocular e cobri-lo com gaze ou um pano antes de levar o bicho ao veterinário. Se o problema for apenas um golpe que deixou o olho do cão preto ou inchado, uma compressa fria e repouso deverão resolver.
Ah, sim: se o cão for muito bravo, convém colocar-lhe uma focinheira (que pode até ser improvisada com corda, gravata, meia-calça, o que estiver à mão), para evitar que ele tente te mastigar, antes de examiná-lo nos olhos e...
Patas, garras e feridas em geral
Cães, assim como crianças humanas, não escapam de um machucado ou outro, que geralmente pode ser curado fácil e rapidamente. Feridas que sangram devem ser limpas com água e podem ser estancadas com gaze ou uma toalha e leve pressão durante uns vinte minutos. Se o ferimento for numa das patas, ela pode ser erguida acima da altura do coração do bicho, para deter a circulação do sangue; se este jorra muito (e quanto mais claro, mais profundo é o ferimento), e o ferimento for muito grande e duas camadas constantemente pressionadas de gaze ou pano não forem suficientes para ajudar a estancar a sangria, é preciso levar o cão ao veterinário mais imediatamente ainda (sempre pressionando a região para ajudar a estancar o sangue sem remover a gaze ou os panos). Para feridas mais superficiais basta lavar com água morna e sabão bactericida (além de aparar os pêlos próximos para evitar que eles grudem no ferimento e dificultem a cicatrização); pode ser necessário colocar no cão aquele colar de "abajur" se ele insistir em seguir o instinto de lamber a ferida ou arrancar o curativo. E farpas, cacos e outros corpos estranhos que estiverem muito encruados deverão ser removidos pelo veterinário. Lá o peludo terá o tratamento necessário, e que além de limpeza do ferimento pode incluir extração de corpos estranhos, raios-X, pontos e transfusão de sangue.
Esse foi apenas um guia geral de primeiros socorros, e alguns itens merecem estudo mais detalhado, mas espero poder ter ajudado no atendimento e assistência emergencial aos peludos que necessitarem. (E eu falei de casamentos como coisa que só acontece com outras pessoas; sim, há casamentos que dão certo, mas é mais fácil encontrar um casal de cães Catalburun na casa de uma pessoa amiga.)








MOMENTO DE REFLEXÃO

Não o que eu quero, porém o que tu queres.” (Mc 14, 36)

Jesus está no Horto das Oliveiras, na propriedade chamada Getsêmani. A hora tão esperada chegou. É o momento crucial de toda a sua existência. Ele se prostra por terra e suplica a Deus, chamando-o de “Pai”, numa confidência cheia de ternura, para “afastar dele esse cálice” (cf. Mt 14, 36), expressão que se refere à sua Paixão e Morte. Jesus pede ao Pai que aquela hora passe… Mas, enfim, entrega-se completamente à vontade de Deus:

Não o que eu quero, porém o que tu queres.

Jesus sabe que a sua Paixão não é um acontecimento casual nem simplesmente uma decisão dos homens, mas é um plano de Deus. Ele será processado e rejeitado pelos homens; o “cálice”, porém, vem das mãos de Deus.
Jesus nos ensina que o Pai tem um plano de amor para cada um de nós, que Ele nos ama com um amor pessoal e, se acreditarmos nesse amor e correspondermos com o nosso amor – é essa a condição –, Ele fará com que tudo seja finalizado para o bem. Para Jesus, nada aconteceu por acaso, nem sequer a Paixão e a Morte.
Depois aconteceu a Ressurreição, cuja festividade solene celebramos neste mês.
O exemplo de Jesus, o Ressuscitado, serve de luz para a nossa vida. Devemos saber interpretar tudo o que vem ao nosso encontro, o que acontece, o que nos rodeia e também tudo o que nos faz sofrer, como vontade de Deus que nos ama ou como uma permissão de Deus que nos ama também assim. Então, tudo na vida terá sentido, tudo será extremamente útil, mesmo aquilo que, na hora, nos parece incompreensível e absurdo, mesmo aquilo que nos pode fazer precipitar numa angústia mortal, como aconteceu com Jesus. Será suficiente que, junto com ele, saibamos repetir, com um ato de confiança total no amor do Pai:

Não o que eu quero, porém o que tu queres.

A vontade dele é que vivamos, que lhe agradeçamos com alegria pelas dádivas da vida; mas, às vezes, ela certamente não corresponde ao que imaginamos. Não é, por exemplo, uma situação diante da qual temos de nos resignar, em especial quando deparamos com a dor, nem uma sucessão de atos monótonos espalhados ao longo da nossa vida.
A vontade de Deus é a sua voz que nos fala e nos convida continuamente, é o modo pelo qual ele nos expressa o seu amor, para nos dar a sua plenitude de Vida.
Poderíamos fazer uma representação disso com a imagem do Sol, cujos raios seriam a sua vontade para cada um de nós. Cada pessoa caminha ao longo de um raio, diferente do raio de quem está ao lado, mas sempre um raio de sol, ou seja, a vontade de Deus. Portanto, todos nós fazemos uma única vontade, a de Deus; no entanto, ela é diferente para cada um. Os raios, quanto mais se aproximam do Sol, mais se aproximam entre si. Também nós, quanto mais nos aproximamos de Deus, pela observância sempre mais perfeita da vontade divina, mais nos aproximamos entre nós… até sermos todos um.
Vivendo assim, tudo na nossa vida pode mudar. Em vez de procurarmos a quem gostamos e amar somente a eles, podemos dar atenção a todos aqueles que a vontade de Deus põe ao nosso lado. Em vez de procurarmos aquilo de que gostamos, podemos nos dedicar àquelas coisas que a vontade de Deus nos sugere e preferi-las. Se estivermos inteiramente projetados na vontade divina daquele momento (“o que tu queres”), seremos consequentemente levados ao desapego de todas as coisas e do nosso eu (“não o que eu quero”). Esse desapego não é tanto resultado de uma busca proposital, porque se deve buscar só a Deus, mas acontece de fato. Então a alegria será completa. Basta mergulharmos no momento que passa e cumprir naquele instante a vontade de Deus, repetindo:

Não o que eu quero, porém o que tu queres.

O momento que passou não existe mais; o momento futuro ainda não está em nosso poder. Acontece como a um passageiro no trem: para chegar ao destino, ele não fica andando para frente e para trás, mas fica sentado no seu lugar. Assim, devemos ficar firmes no presente; o trem do tempo viaja por si. Só podemos amar a Deus no momento presente que nos é dado, pronunciando o próprio “sim” vigoroso, radical, ativíssimo, à vontade dele.
Portanto, vamos amar aquele sorriso que temos a dar, aquele trabalho a ser executado, aquele carro a ser conduzido, aquela refeição a ser preparada, aquela atividade a ser organizada, aquela pessoa que sofre ao nosso lado.
Nem sequer a provação ou o sofrimento nos devem assustar se, com Jesus, soubermos reconhecer neles a vontade de Deus, ou seja, o seu amor para cada um de nós. Poderemos até mesmo rezar assim:
“Senhor, faze que eu nada tenha a temer, porque tudo o que vai acontecer será a tua vontade e nada mais! Senhor, faze que eu não tenha outro desejo, porque nada é mais desejável do que exclusivamente a tua vontade.
O que é importante na vida? Importante é a tua vontade.
Faze que nada me perturbe, porque tudo é a tua vontade. Faze que eu não me agite com nada, porque tudo é tua vontade.”

Chiara Lubich


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