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LITURGIA DIÁRIA

LITURGIA DIÁRIA - REFLEXÕES E COMENTÁRIOS

Diário de Sábado 15/11/2014


Sábado, 15 de novembro de 2014.


“O errado é errado mesmo que todos o pratiquem, o certo é certo mesmo que ninguém o pratique.”


EVANGELHO DE HOJE
Lc 18,1-8

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Lucas.


Naquele tempo, 1Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir, dizendo: 2“Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. 3Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário!’ 4Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. 5Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha agredir-me!’” 6E o Senhor acrescentou: “Escutai o que diz este juiz injusto. 7E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar? 8Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”


Palavra da Salvação
Glória a vós Senhor.





MEDITAÇÃO DO EVANGELHO
Padre Queiroz


Deus fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele.
Neste Evangelho, Jesus nos conta a parábola do juiz injusto, que não queria atender a viúva e, no fim, só a atendeu devido à insistência dela. O centro da parábola não é o juiz, evidentemente, mas a viúva, e mais precisamente, a insistência da viúva.
Quando rezamos, Deus nos atende logo e não nos faz esperar. Acontece que ele faz o que é bom para nós e do jeito que é melhor para nós, o que nem sempre coincide com o que nós pensamos.
O evangelista S. Lucas começa a narração com as seguintes palavras: “Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir”. Está aí o objetivo da parábola. Devemos ser, diante de Deus, como a viúva diante do juiz: pedir, pedir, pedir... e ficarmos insistindo até receber o que queremos.
Devemos persistir na oração, mesmo quando dá impressão que Deus não está ouvindo. Deus é Pai amoroso. Ele nos escuta com atenção, desde o primeiro pedido que fizemos. Escuta e atende. A forma dele atender é que, muitas vezes, é um mistério para nós.
A oração é também uma escola. Ela purifica os nossos afetos, organiza as nossas idéias, direciona os nossos pensamentos e vai, aos poucos, colocando-nos no caminho certo da nossa felicidade. O resultado da oração perseverante é sempre uma grande alegria, ânimo e vontade de lutar e vencer.
Quando rezamos, Deus nos atende mostrando-nos os primeiros passos do caminho. Os outros passos, ele vai mostrar depois que dermos os primeiros passos. Se ele nos mostrasse todos os passos logo no início, correríamos o risco de esquecê-los. “Não vos preocupeis com o dia de amanhã”.
Quem não reza, afoga-se num copo d’água. O horizonte das nossas possibilidades é bem pequeno, termina logo ali. Nós não dominamos nem a nós mesmos! Daí a angústia. Mas com Deus as nossas possibilidades tornam-se infinitas e sem fronteiras.
Santo Afonso Maria de Ligório dizia: “Quem reza se salva, quem não reza se condena”. Nós não queremos ser condenados, por isso vamos rezar.
Rezar de manhã, rezar ao meio dia, rezar à noite; rezar quando estamos tristes e quando estamos alegres; rezar principalmente quando somos tentados. As tentações começam pelos nossos pensamentos. Portanto, desde aí, já devemos rebatê-los com uma prece. Pode ser uma oração curtinha, que chamamos jaculatórias, feitas mentalmente. “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”. Em resumo, rezar sempre e nunca cessar de o fazer.
A oração age em nós como limpa-brisa de carro. As falhas diárias vão embaçando a nossa visão, obscurecendo a inteligência, enfraquecendo a vontade, descontrolando os sentimentos... É hora de ligar o limpa-brisa, através da oração.
Deus caminha ao nosso lado nas vinte e quatro horas do dia. Mas, por respeito à nossa liberdade, ele não entra na nossa vida, se não pedirmos. Ele fica nos esperando em cada esquina da vida, com seus sinais, alertas, advertências e convites. Ele é capaz de morrer na Cruz, na nossa frente, mas sem interferir na nossa liberdade. Agora, se pedimos, abrindo a porta para ele, maravilhas acontecerão.
A oração é estrada de duas mãos. Nós falamos com Deus e Deus fala conosco. Imagine um amigo encontrar-se com você e falar o tempo todo! Seria chato, não? Às vezes, somos chatos com Deus, pois não o deixamos falar nada para nós! Ele nos fala através da Sagrada Escritura.
Quem toma a iniciativa da oração é sempre Deus. Ele que percebe as nossas necessidades, e nos inspira, movendo-nos a pedir, a agradecer, a pedir perdão, a louvá-lo... “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,15). Deus é que nos dá o pensar, o querer e o agir.
O destaque está na persistência da viúva. Se até um homem ruim atende, por causa da insistência, quanto mais Deus que é nosso Pai amoroso! “Será que vai fazê-los esperar?”
No final da parábola, Jesus lamenta: “Mas o Filho do Homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?” Que pena a falta de fé! Nós perdemos a fé por tão pouca coisa! Basta um aparente atraso de Deus em nos atender, pronto.
Vamos responder à pergunta de Jesus, dizendo: “Sim, Jesus. Quando o Senhor vier, vai encontrar fé. Como Santa Mônica, nós, através da oração, vamos perseverar firmes na fé, confiantes na esperança e alegres na caridade”.
Havia, certa vez, um mendigo que passava o dia na rodoviária pedindo esmolas. As pessoas davam moedinhas para ele.
Um dia, ele viu um homem indo embora, foi atrás, bateu nas costas dele e disse: “Por favor, o senhor podia dar-me uma moeda de dez centavos?” Assim que o homem se virou para trás, o mendigo o reconheceu: era seu pai! Então disse: “Meu pai! O senhor não está me conhecendo?”
O pai lançou-se ao pescoço dele e falou emocionado: “Meu filho! Já fazem dezoito anos que estou procurando você! Eu quero dar-lhe tudo o que eu possuo, todos os meus bens”.
Que nós não andemos pela vida em busca de dez centavos, sendo que ao nosso lado está o nosso Pai, rico e amoroso, que quer dar-nos tudo o que possui. O bom Deus quer que lhe entreguemos todas as nossas preocupações, para assim podermos dedicar-nos mais ao cumprimento da sua vontade sobre nós.
Maria Santíssima é nossa Mestra de oração. “Ensina teu povo a rezar, Maria, Mãe de Jesus!”
Deus fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele.




CASA, LAR E FAMÍLIA


Como aproveitar pequenos espaços.

Imóveis de tamanho reduzido exigem criatividade para melhor aproveitamento dos ambientes
Os apartamentos estão cada vez menores. Não apenas por uma questão de custos, já que a tendência é que as construtoras diminuam espaços e aumentem o número de apartamentos por prédio. Há também uma procura grande por parte de pessoas que optam por morar sozinhas ou casais que não pretendem ter filhos tão cedo. De acordo com o vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis, Paulo Tavares, a demanda por apartamentos pequenos tem crescido. “A venda desses apartamentos é excelente. A saída é rápida e atinge uma grande faixa de público.

A arquiteta Ana Machado Sallum acredita que a procura por apartamentos menores, de 70 e 80 metros quadrados, deve-se, principalmente, a uma tendência da cultura atual. “As pessoas estão retardando alguns acontecimentos da vida. Estão casando e tendo filhos mais tarde e priorizando a estabilidade financeira. O resultado são muitas pessoas morando sozinhas ou com parceiros, em apartamentos de um, dois e até três quartos”, analisa a arquiteta. Independentemente do motivo, viver em espaços menores exige criatividade. É preciso saber aproveitar cada canto e, ao mesmo tempo, tornar o ambiente agradável, aconchegante, mas sem excessos. Ana aposta na idéia de integração de espaços para aproveitar melhor os pequenos apartamentos e fazer os poucos metros quadrados do imóvel renderem. A regra é diminuir o número de paredes e conectar ambientes, como salas e cozinhas; um dos quartos com a sala; e até mesmo banheiro com quarto. “Os ambientes agora são mais bem planejados. Cozinhas americanas, que unem sala de jantar e cozinha por um balcão, exigem peças bonitas e bem-acabadas. A geladeira hoje é uma peça tão valorizada quanto a televisão.”

Ambientes bem planejados:

Eliminar paredes para integrar cômodos diferentes, instalar divisórias mais estreitas e usar painéis ou espelho são recursos que permitem melhor aproveitamento do espaço.

Apartamentos pequenos devem ser planejados com inteligência, otimizando os ambientes, mas deixando espaços confortáveis de circulação. De acordo com a arquiteta Ana Machado Sallum, as próprias construtoras estão deixando opções para que o cliente possa criar e aproveitar os espaços da melhor forma. “Os apartamentos novos são construídos sem empecilhos hidráulicos em certas paredes, já pensando na possibilidade de o proprietário ampliar o espaço. Por exemplo, num apartamento de dois quartos, o banheiro não é mais colocado entre os quartos, para caso de a pessoa querer ampliar o cômodo.” Ana adora o desafio de transformar esses espaços pequenos em ambientes agradáveis e versáteis. Para isso, ela sugere, além de eliminar paredes e integrar cozinha e sala, o uso de divisórias de dry wall. A arquiteta explica que essas divisórias são de fácil colocação e têm cerca de dez centímetros a menos que as paredes comuns. “Enquanto uma parede de tijolos ocupa, em média, 15 centímetros, a divisória tem 5 centímetros. E ela não tem desvantagem na comparação com a parede comum.” Levando ao pé da letra o conceito de Ana, Droysen Lopes Tomich decidiu realmente integrar ambientes. Ele é dentista e há dois anos mora sozinho em um apartamento de três quartos, com 90 metros quadrados. Droysen quebrou paredes, investiu no acabamento e o imóvel passou a ter dois quartos, com cozinha americana e até mesmo banheira dentro do quarto. “Queria fazer um ambiente aconchegante e que tivesse o meu perfil. Optei por uma estética agradável e um espaço que eu pudesse realmente aproveitar, já que adoro ficar em casa.” O apartamento também ganhou painéis de madeira e espelho, que ajudaram a aumentar a sensação de amplitude.

Versatilidade

O arquiteto Rodrigo Albuquerque afirma que existe uma tendência por parte das construtoras de aproveitar espaço, baixar custos e, conseqüentemente, o preço dos imóveis. Ele também acredita que integrar ambientes seja uma boa solução para ampliar os apartamentos. O arquiteto sugere cômodos com diversas utilidades. “O múltiplo uso de um espaço é uma saída inteligente para os pequenos apartamentos. Além das mudanças mais radicais, o sucesso pode estar na decoração e no mobiliário”, afirma o arquiteto. Para ele, um escritório pode ser o quarto de hóspedes, a bancada da televisão ser desenhada de forma que fique um espaço para computador, e o balcão da cozinha americana incluir bancos que sejam usados como copa ou espaço gourmet.

Rodrigo acredita que, além dos tradicionais pufes versáteis e práticos, outros detalhes podem ajudar. “Uma mesa de canto pode ser substituída por um baú, unindo finalidades. O aparador, comportar embaixo o bufê para guardar copos, pratos etc. Camas sempre com gavetões. O ideal é aproveitar tudo e deixar de ser um simples enfeite ou ter apenas uma utilidade.” O arquiteto completa explicando que, no caso de imóveis pequenos, o banheiro não pode ter uma simples bancada sem armários embaixo. Ela tem que comportar um espaço para guardar produtos de higiene e outros objetos, já que será usada também, por exemplo, como penteadeira. Outra grande aposta é o uso de espelhos. Além de ter um custo baixo, eles dão a sensação de que o espaço foi duplicado. “Eles refletem a luz, aumentando o ambiente. E são esteticamente muito bonitos.” Rodrigo indica a inserção de espelhos não só em paredes, mas também em móveis e luminárias. “Já projetei até uma luminária cercada de espelhos.”

Texto: Mariana Fonseca - Site: Lugar Certo
Fonte:http://www.cygnusimoveis.com.br/internas.php?area=dicas&secao=dicas_0702_01




MOMENTO DE REFLEXÃO

“... viram Jesus caminhando sobre as águas e se aproximando do barco. Os discípulos ficaram com medo...” 

A fé sempre foi a filha do medo. O medo impulsionou Pedro para fora do barco. Ele já tinha navegado entre aquelas ondas. Sabia do que essas tormentas eram capazes. Tinha ouvido outras histórias, visto naufrágios. Conhecia as viúvas. Ele sabia que a tempestade poderia matar e, então, sentiu vontade de sair dali.
Durante toda a noite ele quis escapar dali. Por nove horas, foi arrastado com o barco, lutou com os remos e buscou esperança em cada sombra que aparecia no horizonte. Estava ensopado até a alma e cansado do lamento de morte trazido pelo vento.
Olhe para os olhos de Pedro e você não conseguirá enxergar um homem de convicção.
Procure sua face e não encontrará um semblante forte. Mais tarde, sim, vai vê-lo com coragem no jardim, testemunhar sua devoção no Pentecostes e contemplar sua fé nas epístolas.
Mas não nessa noite. Olhe para seus olhos, agora, e veja o medo; um temor sufocante e trepidante de um homem que não tinha saída.
Mas desse medo nasceria um ato de fé, pois a fé é a filha do medo.
"O temor do Senhor é o princípio da sabedoria", escreveu o sábio.
Pedro poderia ter sido a ilustração do sermão acima.
Se Pedro tivesse visto Jesus caminhar sobre as águas durante um dia calmo e pacífico, você acha que ele teria andado até Jesus?
Nem eu.
Se caso o mar estivesse calmo, sem ondas, como se fosse um tapete, e a viagem agradável, você acha que Pedro teria implorado para que Jesus o tirasse dali e o fizesse passear sobre as ondas? Duvido.
Mas, dê a alguém uma opção de escolha entre a morte certa e uma oportunidade maluca, e verá que a oportunidade sempre será a escolhida.
Grandes atos de fé raramente nasceram de um planejamento ou de um cálculo frio.
Não foi a lógica que fez Moisés erguer seu cajado nas margens do Mar Vermelho.
Não foi uma pesquisa médica que convenceu Naamã a mergulhar sete vezes no rio.
Não foi o bom senso que fez Paulo abandonar a Lei e abraçar a graça.
E não foi um comitê secreto que orou numa pequena sala em Jerusalém para libertar Pedro da prisão. Foi um grupo de crentes temerosos, desesperados, que se sentiram pressionados contra a parede. Foi uma igreja sem opções. Uma congregação de joão-ninguéns pedindo por ajuda.
E mais do que nunca eles foram fortes.
No princípio de um ato de fé, há sempre uma semente de medo.
As biografias de discípulos corajosos sempre iniciam com capítulos de puro pânico.
Temor da morte, do fracasso, da solidão, de uma vida vã, de fracassar em conhecer a Deus.
A fé começa quando você vê Deus na montanha, mas você mesmo está no vale e sabe que está muito fraco para subir. Consegue enxergar o que está precisando... o que tem... e descobre que o que tem não é suficiente para realizar qualquer coisa.
Pedro deu o melhor de si. Porém, o seu melhor não era o bastante.
Moisés tinha um mar em sua frente e um inimigo nas suas costas. Os israelitas poderiam muito bem nadar ou lutar, mas nenhuma das opções era o bastante.
Naamã tinha experimentado outros métodos de cura e consultado adivinhos. Viajar uma longa distância para se meter em um rio de lama não tem muito sentido quando existem rios cristalinos em seu quintal. Mas, que opções ele tinha?
Paulo tinha perfeito conhecimento da lei, era mestre do sistema. Mas um olhar para Deus o convenceu de que sacrifícios e símbolos não eram o bastante.
A igreja em Jerusalém sabia que não havia esperança de libertar Pedro da prisão. Eles tinham cristãos que poderiam lutar, mas eram poucos. Tinham armas, mas não eram potentes. Não precisavam de músculo, precisavam de milagre.
E Pedro também. Ele estava consciente de dois fatos: descia cada vez mais enquanto o Senhor Jesus se levantava. E sabia onde queria estar.
Não há nada errado com essa reação. A fé que se inicia com o temor terminará mais próxima ao Pai.
Já faz algum tempo que fui para o oeste do Texas falar no funeral de um grande amigo da família. Ele tinha criado cinco filhos. Um de seus filhos, Paul, contou uma história sobre uma das mais antigas memórias que tinha sobre seu pai.
Era primavera lá no Texas, ou seja, a estação dos tornados. Paul tinha somente três ou quatro anos de idade naquela época, mas se lembrava claramente do dia em que um tornado atingiu sua pequena cidade.
Seu pai arrastou as crianças para dentro da casa e as fez deitar no chão, enquanto ele mesmo deitava-se sobre um colchão em cima deles. Porém, o pai não estava protegido. Paul se lembrou de ter espiado por debaixo do colchão e visto seu pai de pé ao lado de uma janela aberta, assistindo a nuvem afunilada sacudir e destruir tudo ao longo da pradaria.
Quando Paul viu seu pai, sabia onde queria estar. Desvencilhou-se dos braços da mãe, engatinhou para fora do colchão e correu para abraçar as pernas do pai. — Algo me dizia, continuou Paul — que o lugar mais seguro para estar quando há uma tormenta era perto do meu pai. Algo havia dito a mesma coisa para Pedro.
— "Se é o senhor mesmo, Senhor, " — Pedro disse "mande que eu vá andando em cima da água até onde está."
Pedro não estava testando Jesus; ele estava clamando. Pisar sobre um mar agitado não é um gesto muito lógico; é um gesto de desespero.
Pedro agarrou-se na beirada do barco, colocou uma perna para fora... e depois a outra.
Alguns passos foram dados. Era como se existisse um caminho de rochas sob seus pés. No final do caminho estava a face luminosa do amigo que sempre o encorajava.
Nós fazemos a mesma coisa, não é verdade? Chegamos até Cristo em horas de grande necessidade. Abandonamos o barco das boas obras. Descobrimos, assim como Moisés, que a força humana não pode nos salvar. Olhamos para Deus desesperadamente. Percebemos, assim como Paulo, que todas as boas obras do mundo são insignificantes quando colocadas diante do único Perfeito. Descobrimos, como Pedro, que transpor o buraco entre nós e Jesus é uma façanha muito grande para o nosso pequenino pé. Então, imploramos por ajuda. Ouvimos sua voz e damos o passo com medo, esperando que nossa pouca fé seja suficiente.
A fé não nasce ao redor de uma mesa de negociações, onde barganhamos nossos dons em troca da bondade de Deus. A fé não é uma recompensa dedicada para quem aprendeu melhor a lição. Não é um prêmio dado ao mais disciplinado. Não é um título herdado pelo mais religioso.
A fé é um mergulho desesperado para fora do barco do esforço humano, que está naufragando; é uma oração pedindo que Deus esteja lá para nos resgatar de dentro da água. Paulo escreveu sobre esse tipo de fé na carta aos Efésios:
"Pois é pela graça de Deus que vocês foram salvos, por meio da fé que vocês têm. Vocês não salvaram a si mesmos. A salvação vem de Deus como um dom, e não como o resultado das obras que alguém fez, para que assim ninguém se orgulhe".
Paulo é bem claro. A força suprema da salvação é a graça de Deus. Não nossas obras, nem nossos talentos, muito menos nossos sentimentos e nossa força.
A salvação é a presença repentina e calma de Deus em meio ao mar agitado de nossas vidas.
Ouvimos sua voz e, então, damos o passo.
Nós, assim como Paulo, estamos cientes de duas coisas: somos grandes pecadores e precisamos de um grande Salvador.
Nós, assim como Pedro, estamos cientes de dois fatos: estamos afundando enquanto Deus está se levantando. E assim, começamos a escalar, deixamos para trás o Titanic da autocorreção e nos firmamos no caminho sólido da graça de Deus.
E, surpreendentemente, somos capazes de caminhar sobre as águas. A morte está desarmada, os fracassos são perdoáveis, a vida tem um propósito real. E Deus não está apenas à nossa vista, mas ao nosso alcance.
Com passos direcionados, porém trêmulos, nos aproximamos dele. Por um momento de força surpreendente, nós nos firmamos sobre suas promessas. Não faz sentido sermos capazes de realizar isso. Não pedimos para sermos dignos de tal dom incrível. Quando as pessoas perguntam como mantemos nosso equilíbrio durante tempos de tormenta, não nos gabamos. Não nos vangloriamos. Apontamos, sem nenhuma vergonha, para Aquele que torna tudo isso possível.
Nossos olhos estão nele.
E assim é como cantamos: "Nem trabalho, nem penar pode o pecador salvar; só tu podes, bom Jesus, dar-me vida, paz e luz".
Declaramos também: "Em nada ponho a minha fé, senão na graça de Jesus; no sacrifício remidor, no sangue do bom Redentor."
E, explicamos: "Foi a graça que ensinou o temor ao meu coração, e aliviou os meus medos."
Alguns de nós, diferentemente de Pedro, nunca olhamos para trás.
Outros, assim como Pedro, sentem o vento e se assustam.
Talvez estejamos enfrentando o vento do orgulho: "Afinal de contas, eu não sou um pecador tão mau assim. Olhe para o que eu posso fazer."
Ou pode ser o vento do legalismo: "Eu sei que Deus está tomando conta de parte disso, mas eu tenho que cuidar do resto."
A maioria de nós, no entanto, encara o vento da dúvida: "Eu sou muito ruim para Deus me tratar desse jeito. Não mereço ser resgatado."
E para baixo nós vamos. Com o peso do reboque da mortalidade, afundamos. Arquejando e nos debatendo, caímos num mundo escuro e úmido. Abrimos os olhos e vemos somente a escuridão. Tentamos respirar, mas não existe ar. Batemos mãos e pés para conseguirmos voltar à superfície.
Com as cabeças quase para fora da água, temos de tomar uma decisão.
Os orgulhosos perguntam: "Devemos esconder nossa face e nos afogar no orgulho? Ou devemos gritar por ajuda e pegar na mão de Deus?".

Os legalistas questionam: "Devemos afundar sob o peso da Lei? Ou devemos abandonar os códigos e implorar por graça?".
Os duvidosos perguntam: "Devemos alimentar nossas dúvidas com murmurações do tipo, `Eu realmente o desprezei dessa vez?' ou esperamos que o mesmo Cristo que nos chamou para fora do barco, nos chamará também para fora do mar?".
Sabemos qual foi a decisão de Pedro.
“... e começou a afundar e gritou: Salve-me, Senhor!”
“E Jesus imediatamente estendeu a sua mão, o segurou...”
Também conhecemos a escolha de um outro marinheiro numa outra tempestade.
Embora separado por dezessete séculos, esse marinheiro e Pedro se aproximam muito por várias notáveis semelhanças:
• Ambos ganharam a vida no mar.
• Ambos encontraram o Salvador após uma longa batalha em meio a tempestade.
• Ambos, temerosos, encontraram o Pai e seguiram-no com fé.
• Ambos saíram do barco e se tornaram pregadores da Verdade.
Você conhece a história de Pedro, o primeiro marinheiro. Deixe-me contar sobre o segundo, cujo nome é John.
Ele serviu nos mares desde que tinha onze anos. Seu pai, um comandante inglês de navio mercante, no Mediterrâneo, levou-o para o exterior e treinou-o para uma vida na Marinha Real.

Mas, o que John tinha ganhado em experiência, tinha perdido em disciplina. Ele desafiava as autoridades, andava com pessoas erradas, metia-se em caminhos tortuosos. Embora seu treinamento o houvesse qualificado para servir como um oficial, seu comportamento fez com que ele fosse punido e rebaixado.
Quando tinha cerca de vinte anos de idade, John viajou para a África, onde se envolveu com o lucrativo comércio de escravos. Aos vinte e um anos, ganhava a vida com o Greyhound, um navio negreiro que cruzava o oceano Atlântico.
John ridicularizava a moral e zombava de assuntos religiosos. Até fazia piadas sobre um livro que, no final de tudo, remodelaria sua vida: A imitação de Cristo. Na verdade, ele estava desprezando aquele livro poucas horas antes do navio entrar no meio de uma grande tempestade.
Naquela noite, o mar agrediu o Greyhound, levando o navio, em prazo de minutos, para o topo de uma onda e baixando-o de volta para o fundo das águas.
John foi desperto entre as águas que enchiam sua cabine. Um lado do Greyhound tinha colidido. Era comum de se esperar que tal dano teria levado o navio para o fundo em questão de minutos. Porém, o Greyhound foi carregado como uma carga flutuante e permaneceu na superfície.
John trabalhou durante toda a noite para consertar o estrago. Por nove horas, ele e os outros marinheiros lutaram para não deixar que o navio afundasse. Mas ele sabia que era uma causa perdida. Finalmente, quando as esperanças estavam mais danificadas que a embarcação, ele se atirou no convés cheio de água salgada e clamou:
— Se isso não funcionar, então que o Senhor tenha misericórdia de nós.
John não merecia misericórdia, mas mesmo assim a recebeu. O Greyhound e sua tripulação sobreviveram.
John nunca se esqueceu da misericórdia demonstrada por Deus naquele dia tempestuoso, em meio ao feroz oceano Atlântico. Ele retornou à Inglaterra onde se tomou um grande compositor.
Você já ouviu algumas de suas músicas.
Esse traficante de escravos, que se tornou compositor, era John Newton, o autor de uma das músicas mais famosas mundialmente: Amazing Grace.

Amazing grace! how sweet the sound,
That saved a wretch like me!
I once was lost, but now am found,
was blind, but now I see.


[Ó Graça maravilhosa! Quão doce o som
Que salvou um desaventurado como eu
Eu estava perdido, mas, agora salvo
Fui cego, mas agora vejo.]


Ao longo de suas composições, ele também se tornou um poderoso pregador. Por quase 50 anos, encheu os púlpitos e as igrejas com a história do Salvador que nos encontrou no meio de uma tempestade.
Um ou dois anos antes de sua morte, as pessoas insistiam para que parasse de pregar por causa de sua visão deficiente.
— O quê??? — e então explicava — O blasfemo africano também vai parar enquanto puder falar?
Ele não pararia. Não poderia parar. O que tinha começado com uma oração temerosa resultou numa vida inteira de fé. Durante os seus últimos anos, alguém lhe perguntou sobre sua saúde. Ele confessou que suas forças já estavam enfraquecidas.
— Minha memória já quase se foi. — ele disse Mas ainda me lembro de duas coisas: sou um grande pecador e Jesus é um grande Salvador.
Do que mais precisamos nos lembrar?
Dois marinheiros e dois mares. Duas embarcações em duas tempestades. Duas orações temerosas em duas vidas de fé. Como união dessas duas histórias, está o Salvador, um Deus que caminhará  sobre as águas a fim de estender a mão auxiliadora para um filho que clama por socorro.

Max Lucado


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