Sábado, 15
de novembro de 2014.
“O errado é
errado mesmo que todos o pratiquem, o certo é certo mesmo que ninguém o
pratique.”
EVANGELHO
DE HOJE
Lc 18,1-8
— O Senhor
esteja convosco.
— Ele está
no meio de nós.
—
PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Lucas.
Naquele
tempo, 1Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a
necessidade de rezar sempre, e nunca desistir, dizendo: 2“Numa cidade havia um
juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. 3Na mesma cidade havia
uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: ‘Faze-me justiça contra o meu
adversário!’ 4Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Eu
não temo a Deus, e não respeito homem algum. 5Mas esta viúva já me está
aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha agredir-me!’” 6E o
Senhor acrescentou: “Escutai o que diz este juiz injusto. 7E Deus, não fará
justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai
fazê-los esperar? 8Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o
Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”
Palavra da
Salvação
Glória a vós
Senhor.
MEDITAÇÃO
DO EVANGELHO
Padre
Queiroz
Deus
fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele.
Neste
Evangelho, Jesus nos conta a parábola do juiz injusto, que não queria atender a
viúva e, no fim, só a atendeu devido à insistência dela. O centro da parábola
não é o juiz, evidentemente, mas a viúva, e mais precisamente, a insistência da
viúva.
Quando
rezamos, Deus nos atende logo e não nos faz esperar. Acontece que ele faz o que
é bom para nós e do jeito que é melhor para nós, o que nem sempre coincide com
o que nós pensamos.
O
evangelista S. Lucas começa a narração com as seguintes palavras: “Jesus contou
aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e
nunca desistir”. Está aí o objetivo da parábola. Devemos ser, diante de Deus,
como a viúva diante do juiz: pedir, pedir, pedir... e ficarmos insistindo até
receber o que queremos.
Devemos
persistir na oração, mesmo quando dá impressão que Deus não está ouvindo. Deus
é Pai amoroso. Ele nos escuta com atenção, desde o primeiro pedido que fizemos.
Escuta e atende. A forma dele atender é que, muitas vezes, é um mistério para
nós.
A
oração é também uma escola. Ela purifica os nossos afetos, organiza as nossas
idéias, direciona os nossos pensamentos e vai, aos poucos, colocando-nos no
caminho certo da nossa felicidade. O resultado da oração perseverante é sempre
uma grande alegria, ânimo e vontade de lutar e vencer.
Quando
rezamos, Deus nos atende mostrando-nos os primeiros passos do caminho. Os
outros passos, ele vai mostrar depois que dermos os primeiros passos. Se ele
nos mostrasse todos os passos logo no início, correríamos o risco de
esquecê-los. “Não vos preocupeis com o dia de amanhã”.
Quem
não reza, afoga-se num copo d’água. O horizonte das nossas possibilidades é bem
pequeno, termina logo ali. Nós não dominamos nem a nós mesmos! Daí a angústia.
Mas com Deus as nossas possibilidades tornam-se infinitas e sem fronteiras.
Santo
Afonso Maria de Ligório dizia: “Quem reza se salva, quem não reza se condena”.
Nós não queremos ser condenados, por isso vamos rezar.
Rezar
de manhã, rezar ao meio dia, rezar à noite; rezar quando estamos tristes e
quando estamos alegres; rezar principalmente quando somos tentados. As
tentações começam pelos nossos pensamentos. Portanto, desde aí, já devemos
rebatê-los com uma prece. Pode ser uma oração curtinha, que chamamos
jaculatórias, feitas mentalmente. “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”.
Em resumo, rezar sempre e nunca cessar de o fazer.
A
oração age em nós como limpa-brisa de carro. As falhas diárias vão embaçando a
nossa visão, obscurecendo a inteligência, enfraquecendo a vontade,
descontrolando os sentimentos... É hora de ligar o limpa-brisa, através da
oração.
Deus
caminha ao nosso lado nas vinte e quatro horas do dia. Mas, por respeito à
nossa liberdade, ele não entra na nossa vida, se não pedirmos. Ele fica nos
esperando em cada esquina da vida, com seus sinais, alertas, advertências e
convites. Ele é capaz de morrer na Cruz, na nossa frente, mas sem interferir na
nossa liberdade. Agora, se pedimos, abrindo a porta para ele, maravilhas
acontecerão.
A
oração é estrada de duas mãos. Nós falamos com Deus e Deus fala conosco.
Imagine um amigo encontrar-se com você e falar o tempo todo! Seria chato, não?
Às vezes, somos chatos com Deus, pois não o deixamos falar nada para nós! Ele
nos fala através da Sagrada Escritura.
Quem
toma a iniciativa da oração é sempre Deus. Ele que percebe as nossas
necessidades, e nos inspira, movendo-nos a pedir, a agradecer, a pedir perdão,
a louvá-lo... “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,15). Deus é que nos dá o
pensar, o querer e o agir.
O
destaque está na persistência da viúva. Se até um homem ruim atende, por causa
da insistência, quanto mais Deus que é nosso Pai amoroso! “Será que vai
fazê-los esperar?”
No
final da parábola, Jesus lamenta: “Mas o Filho do Homem, quando vier, será que
ainda vai encontrar fé sobre a terra?” Que pena a falta de fé! Nós perdemos a
fé por tão pouca coisa! Basta um aparente atraso de Deus em nos atender,
pronto.
Vamos
responder à pergunta de Jesus, dizendo: “Sim, Jesus. Quando o Senhor vier, vai
encontrar fé. Como Santa Mônica, nós, através da oração, vamos perseverar
firmes na fé, confiantes na esperança e alegres na caridade”.
Havia,
certa vez, um mendigo que passava o dia na rodoviária pedindo esmolas. As
pessoas davam moedinhas para ele.
Um
dia, ele viu um homem indo embora, foi atrás, bateu nas costas dele e disse:
“Por favor, o senhor podia dar-me uma moeda de dez centavos?” Assim que o homem
se virou para trás, o mendigo o reconheceu: era seu pai! Então disse: “Meu pai!
O senhor não está me conhecendo?”
O
pai lançou-se ao pescoço dele e falou emocionado: “Meu filho! Já fazem dezoito
anos que estou procurando você! Eu quero dar-lhe tudo o que eu possuo, todos os
meus bens”.
Que
nós não andemos pela vida em busca de dez centavos, sendo que ao nosso lado
está o nosso Pai, rico e amoroso, que quer dar-nos tudo o que possui. O bom
Deus quer que lhe entreguemos todas as nossas preocupações, para assim podermos
dedicar-nos mais ao cumprimento da sua vontade sobre nós.
Maria
Santíssima é nossa Mestra de oração. “Ensina teu povo a rezar, Maria, Mãe de
Jesus!”
Deus
fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele.
CASA,
LAR E FAMÍLIA
Como
aproveitar pequenos espaços.
Imóveis
de tamanho reduzido exigem criatividade para melhor aproveitamento dos
ambientes
Os
apartamentos estão cada vez menores. Não apenas por uma questão de custos, já
que a tendência é que as construtoras diminuam espaços e aumentem o número de
apartamentos por prédio. Há também uma procura grande por parte de pessoas que
optam por morar sozinhas ou casais que não pretendem ter filhos tão cedo. De
acordo com o vice-presidente do Conselho Regional de Corretores de Imóveis,
Paulo Tavares, a demanda por apartamentos pequenos tem crescido. “A venda
desses apartamentos é excelente. A saída é rápida e atinge uma grande faixa de
público.
A
arquiteta Ana Machado Sallum acredita que a procura por apartamentos menores,
de 70 e 80 metros quadrados, deve-se, principalmente, a uma tendência da
cultura atual. “As pessoas estão retardando alguns acontecimentos da vida.
Estão casando e tendo filhos mais tarde e priorizando a estabilidade
financeira. O resultado são muitas pessoas morando sozinhas ou com parceiros,
em apartamentos de um, dois e até três quartos”, analisa a arquiteta.
Independentemente do motivo, viver em espaços menores exige criatividade. É
preciso saber aproveitar cada canto e, ao mesmo tempo, tornar o ambiente agradável,
aconchegante, mas sem excessos. Ana aposta na idéia de integração de espaços
para aproveitar melhor os pequenos apartamentos e fazer os poucos metros
quadrados do imóvel renderem. A regra é diminuir o número de paredes e conectar
ambientes, como salas e cozinhas; um dos quartos com a sala; e até mesmo
banheiro com quarto. “Os ambientes agora são mais bem planejados. Cozinhas
americanas, que unem sala de jantar e cozinha por um balcão, exigem peças
bonitas e bem-acabadas. A geladeira hoje é uma peça tão valorizada quanto a
televisão.”
Ambientes
bem planejados:
Eliminar
paredes para integrar cômodos diferentes, instalar divisórias mais estreitas e
usar painéis ou espelho são recursos que permitem melhor aproveitamento do
espaço.
Apartamentos
pequenos devem ser planejados com inteligência, otimizando os ambientes, mas
deixando espaços confortáveis de circulação. De acordo com a arquiteta Ana
Machado Sallum, as próprias construtoras estão deixando opções para que o
cliente possa criar e aproveitar os espaços da melhor forma. “Os apartamentos
novos são construídos sem empecilhos hidráulicos em certas paredes, já pensando
na possibilidade de o proprietário ampliar o espaço. Por exemplo, num
apartamento de dois quartos, o banheiro não é mais colocado entre os quartos,
para caso de a pessoa querer ampliar o cômodo.” Ana adora o desafio de
transformar esses espaços pequenos em ambientes agradáveis e versáteis. Para
isso, ela sugere, além de eliminar paredes e integrar cozinha e sala, o uso de
divisórias de dry wall. A arquiteta explica que essas divisórias são de fácil
colocação e têm cerca de dez centímetros a menos que as paredes comuns.
“Enquanto uma parede de tijolos ocupa, em média, 15 centímetros, a divisória
tem 5 centímetros. E ela não tem desvantagem na comparação com a parede comum.”
Levando ao pé da letra o conceito de Ana, Droysen Lopes Tomich decidiu
realmente integrar ambientes. Ele é dentista e há dois anos mora sozinho em um
apartamento de três quartos, com 90 metros quadrados. Droysen quebrou paredes,
investiu no acabamento e o imóvel passou a ter dois quartos, com cozinha
americana e até mesmo banheira dentro do quarto. “Queria fazer um ambiente
aconchegante e que tivesse o meu perfil. Optei por uma estética agradável e um
espaço que eu pudesse realmente aproveitar, já que adoro ficar em casa.” O
apartamento também ganhou painéis de madeira e espelho, que ajudaram a aumentar
a sensação de amplitude.
Versatilidade
O
arquiteto Rodrigo Albuquerque afirma que existe uma tendência por parte das
construtoras de aproveitar espaço, baixar custos e, conseqüentemente, o preço
dos imóveis. Ele também acredita que integrar ambientes seja uma boa solução
para ampliar os apartamentos. O arquiteto sugere cômodos com diversas
utilidades. “O múltiplo uso de um espaço é uma saída inteligente para os
pequenos apartamentos. Além das mudanças mais radicais, o sucesso pode estar na
decoração e no mobiliário”, afirma o arquiteto. Para ele, um escritório pode
ser o quarto de hóspedes, a bancada da televisão ser desenhada de forma que
fique um espaço para computador, e o balcão da cozinha americana incluir bancos
que sejam usados como copa ou espaço gourmet.
Rodrigo
acredita que, além dos tradicionais pufes versáteis e práticos, outros detalhes
podem ajudar. “Uma mesa de canto pode ser substituída por um baú, unindo
finalidades. O aparador, comportar embaixo o bufê para guardar copos, pratos
etc. Camas sempre com gavetões. O ideal é aproveitar tudo e deixar de ser um
simples enfeite ou ter apenas uma utilidade.” O arquiteto completa explicando
que, no caso de imóveis pequenos, o banheiro não pode ter uma simples bancada
sem armários embaixo. Ela tem que comportar um espaço para guardar produtos de
higiene e outros objetos, já que será usada também, por exemplo, como penteadeira.
Outra grande aposta é o uso de espelhos. Além de ter um custo baixo, eles dão a
sensação de que o espaço foi duplicado. “Eles refletem a luz, aumentando o
ambiente. E são esteticamente muito bonitos.” Rodrigo indica a inserção de
espelhos não só em paredes, mas também em móveis e luminárias. “Já projetei até
uma luminária cercada de espelhos.”
Texto:
Mariana Fonseca - Site: Lugar Certo
Fonte:http://www.cygnusimoveis.com.br/internas.php?area=dicas&secao=dicas_0702_01
MOMENTO
DE REFLEXÃO
“...
viram Jesus caminhando sobre as águas e se aproximando do barco. Os discípulos
ficaram com medo...”
A
fé sempre foi a filha do medo. O medo impulsionou Pedro para fora do barco. Ele
já tinha navegado entre aquelas ondas. Sabia do que essas tormentas eram
capazes. Tinha ouvido outras histórias, visto naufrágios. Conhecia as viúvas.
Ele sabia que a tempestade poderia matar e, então, sentiu vontade de sair dali.
Durante
toda a noite ele quis escapar dali. Por nove horas, foi arrastado com o barco,
lutou com os remos e buscou esperança em cada sombra que aparecia no horizonte.
Estava ensopado até a alma e cansado do lamento de morte trazido pelo vento.
Olhe
para os olhos de Pedro e você não conseguirá enxergar um homem de convicção.
Procure
sua face e não encontrará um semblante forte. Mais tarde, sim, vai vê-lo com
coragem no jardim, testemunhar sua devoção no Pentecostes e contemplar sua fé
nas epístolas.
Mas
não nessa noite. Olhe para seus olhos, agora, e veja o medo; um temor sufocante
e trepidante de um homem que não tinha saída.
Mas
desse medo nasceria um ato de fé, pois a fé é a filha do medo.
"O
temor do Senhor é o princípio da sabedoria", escreveu o sábio.
Pedro
poderia ter sido a ilustração do sermão acima.
Se
Pedro tivesse visto Jesus caminhar sobre as águas durante um dia calmo e
pacífico, você acha que ele teria andado até Jesus?
Nem
eu.
Se
caso o mar estivesse calmo, sem ondas, como se fosse um tapete, e a viagem
agradável, você acha que Pedro teria implorado para que Jesus o tirasse dali e
o fizesse passear sobre as ondas? Duvido.
Mas,
dê a alguém uma opção de escolha entre a morte certa e uma oportunidade maluca,
e verá que a oportunidade sempre será a escolhida.
Grandes
atos de fé raramente nasceram de um planejamento ou de um cálculo frio.
Não
foi a lógica que fez Moisés erguer seu cajado nas margens do Mar Vermelho.
Não
foi uma pesquisa médica que convenceu Naamã a mergulhar sete vezes no rio.
Não
foi o bom senso que fez Paulo abandonar a Lei e abraçar a graça.
E
não foi um comitê secreto que orou numa pequena sala em Jerusalém para libertar
Pedro da prisão. Foi um grupo de crentes temerosos, desesperados, que se
sentiram pressionados contra a parede. Foi uma igreja sem opções. Uma
congregação de joão-ninguéns pedindo por ajuda.
E
mais do que nunca eles foram fortes.
No
princípio de um ato de fé, há sempre uma semente de medo.
As
biografias de discípulos corajosos sempre iniciam com capítulos de puro pânico.
Temor
da morte, do fracasso, da solidão, de uma vida vã, de fracassar em conhecer a
Deus.
A
fé começa quando você vê Deus na montanha, mas você mesmo está no vale e sabe
que está muito fraco para subir. Consegue enxergar o que está precisando... o
que tem... e descobre que o que tem não é suficiente para realizar qualquer
coisa.
Pedro
deu o melhor de si. Porém, o seu melhor não era o bastante.
Moisés
tinha um mar em sua frente e um inimigo nas suas costas. Os israelitas poderiam
muito bem nadar ou lutar, mas nenhuma das opções era o bastante.
Naamã
tinha experimentado outros métodos de cura e consultado adivinhos. Viajar uma
longa distância para se meter em um rio de lama não tem muito sentido quando
existem rios cristalinos em seu quintal. Mas, que opções ele tinha?
Paulo
tinha perfeito conhecimento da lei, era mestre do sistema. Mas um olhar para
Deus o convenceu de que sacrifícios e símbolos não eram o bastante.
A
igreja em Jerusalém sabia que não havia esperança de libertar Pedro da prisão.
Eles tinham cristãos que poderiam lutar, mas eram poucos. Tinham armas, mas não
eram potentes. Não precisavam de músculo, precisavam de milagre.
E
Pedro também. Ele estava consciente de dois fatos: descia cada vez mais
enquanto o Senhor Jesus se levantava. E sabia onde queria estar.
Não
há nada errado com essa reação. A fé que se inicia com o temor terminará mais
próxima ao Pai.
Já
faz algum tempo que fui para o oeste do Texas falar no funeral de um grande
amigo da família. Ele tinha criado cinco filhos. Um de seus filhos, Paul, contou
uma história sobre uma das mais antigas memórias que tinha sobre seu pai.
Era
primavera lá no Texas, ou seja, a estação dos tornados. Paul tinha somente três
ou quatro anos de idade naquela época, mas se lembrava claramente do dia em que
um tornado atingiu sua pequena cidade.
Seu
pai arrastou as crianças para dentro da casa e as fez deitar no chão, enquanto
ele mesmo deitava-se sobre um colchão em cima deles. Porém, o pai não estava
protegido. Paul se lembrou de ter espiado por debaixo do colchão e visto seu
pai de pé ao lado de uma janela aberta, assistindo a nuvem afunilada sacudir e
destruir tudo ao longo da pradaria.
Quando
Paul viu seu pai, sabia onde queria estar. Desvencilhou-se dos braços da mãe,
engatinhou para fora do colchão e correu para abraçar as pernas do pai. — Algo
me dizia, continuou Paul — que o lugar mais seguro para estar quando há uma
tormenta era perto do meu pai. Algo havia dito a mesma coisa para Pedro.
—
"Se é o senhor mesmo, Senhor, " — Pedro disse "mande que eu vá
andando em cima da água até onde está."
Pedro
não estava testando Jesus; ele estava clamando. Pisar sobre um mar agitado não
é um gesto muito lógico; é um gesto de desespero.
Pedro
agarrou-se na beirada do barco, colocou uma perna para fora... e depois a outra.
Alguns
passos foram dados. Era como se existisse um caminho de rochas sob seus pés. No
final do caminho estava a face luminosa do amigo que sempre o encorajava.
Nós
fazemos a mesma coisa, não é verdade? Chegamos até Cristo em horas de grande
necessidade. Abandonamos o barco das boas obras. Descobrimos, assim como
Moisés, que a força humana não pode nos salvar. Olhamos para Deus
desesperadamente. Percebemos, assim como Paulo, que todas as boas obras do
mundo são insignificantes quando colocadas diante do único Perfeito.
Descobrimos, como Pedro, que transpor o buraco entre nós e Jesus é uma façanha
muito grande para o nosso pequenino pé. Então, imploramos por ajuda. Ouvimos
sua voz e damos o passo com medo, esperando que nossa pouca fé seja suficiente.
A
fé não nasce ao redor de uma mesa de negociações, onde barganhamos nossos dons
em troca da bondade de Deus. A fé não é uma recompensa dedicada para quem
aprendeu melhor a lição. Não é um prêmio dado ao mais disciplinado. Não é um
título herdado pelo mais religioso.
A
fé é um mergulho desesperado para fora do barco do esforço humano, que está
naufragando; é uma oração pedindo que Deus esteja lá para nos resgatar de
dentro da água. Paulo escreveu sobre esse tipo de fé na carta aos Efésios:
"Pois
é pela graça de Deus que vocês foram salvos, por meio da fé que vocês têm.
Vocês não salvaram a si mesmos. A salvação vem de Deus como um dom, e não como
o resultado das obras que alguém fez, para que assim ninguém se orgulhe".
Paulo
é bem claro. A força suprema da salvação é a graça de Deus. Não nossas obras,
nem nossos talentos, muito menos nossos sentimentos e nossa força.
A
salvação é a presença repentina e calma de Deus em meio ao mar agitado de
nossas vidas.
Ouvimos
sua voz e, então, damos o passo.
Nós,
assim como Paulo, estamos cientes de duas coisas: somos grandes pecadores e precisamos
de um grande Salvador.
Nós,
assim como Pedro, estamos cientes de dois fatos: estamos afundando enquanto
Deus está se levantando. E assim, começamos a escalar, deixamos para trás o
Titanic da autocorreção e nos firmamos no caminho sólido da graça de Deus.
E,
surpreendentemente, somos capazes de caminhar sobre as águas. A morte está
desarmada, os fracassos são perdoáveis, a vida tem um propósito real. E Deus
não está apenas à nossa vista, mas ao nosso alcance.
Com
passos direcionados, porém trêmulos, nos aproximamos dele. Por um momento de
força surpreendente, nós nos firmamos sobre suas promessas. Não faz sentido
sermos capazes de realizar isso. Não pedimos para sermos dignos de tal dom
incrível. Quando as pessoas perguntam como mantemos nosso equilíbrio durante
tempos de tormenta, não nos gabamos. Não nos vangloriamos. Apontamos, sem
nenhuma vergonha, para Aquele que torna tudo isso possível.
Nossos
olhos estão nele.
E
assim é como cantamos: "Nem trabalho, nem penar pode o pecador salvar; só
tu podes, bom Jesus, dar-me vida, paz e luz".
Declaramos
também: "Em nada ponho a minha fé, senão na graça de Jesus; no sacrifício
remidor, no sangue do bom Redentor."
E,
explicamos: "Foi a graça que ensinou o temor ao meu coração, e aliviou os
meus medos."
Alguns
de nós, diferentemente de Pedro, nunca olhamos para trás.
Outros,
assim como Pedro, sentem o vento e se assustam.
Talvez
estejamos enfrentando o vento do orgulho: "Afinal de contas, eu não sou um
pecador tão mau assim. Olhe para o que eu posso fazer."
Ou
pode ser o vento do legalismo: "Eu sei que Deus está tomando conta de
parte disso, mas eu tenho que cuidar do resto."
A
maioria de nós, no entanto, encara o vento da dúvida: "Eu sou muito ruim
para Deus me tratar desse jeito. Não mereço ser resgatado."
E
para baixo nós vamos. Com o peso do reboque da mortalidade, afundamos.
Arquejando e nos debatendo, caímos num mundo escuro e úmido. Abrimos os olhos e
vemos somente a escuridão. Tentamos respirar, mas não existe ar. Batemos mãos e
pés para conseguirmos voltar à superfície.
Com
as cabeças quase para fora da água, temos de tomar uma decisão.
Os
orgulhosos perguntam: "Devemos esconder nossa face e nos afogar no
orgulho? Ou devemos gritar por ajuda e pegar na mão de Deus?".
Os
legalistas questionam: "Devemos afundar sob o peso da Lei? Ou devemos
abandonar os códigos e implorar por graça?".
Os
duvidosos perguntam: "Devemos alimentar nossas dúvidas com murmurações do
tipo, `Eu realmente o desprezei dessa vez?' ou esperamos que o mesmo Cristo que
nos chamou para fora do barco, nos chamará também para fora do mar?".
Sabemos
qual foi a decisão de Pedro.
“...
e começou a afundar e gritou: Salve-me, Senhor!”
“E
Jesus imediatamente estendeu a sua mão, o segurou...”
Também
conhecemos a escolha de um outro marinheiro numa outra tempestade.
Embora
separado por dezessete séculos, esse marinheiro e Pedro se aproximam muito por
várias notáveis semelhanças:
•
Ambos ganharam a vida no mar.
•
Ambos encontraram o Salvador após uma longa batalha em meio a tempestade.
•
Ambos, temerosos, encontraram o Pai e seguiram-no com fé.
•
Ambos saíram do barco e se tornaram pregadores da Verdade.
Você
conhece a história de Pedro, o primeiro marinheiro. Deixe-me contar sobre o
segundo, cujo nome é John.
Ele
serviu nos mares desde que tinha onze anos. Seu pai, um comandante inglês de
navio mercante, no Mediterrâneo, levou-o para o exterior e treinou-o para uma
vida na Marinha Real.
Mas,
o que John tinha ganhado em experiência, tinha perdido em disciplina. Ele
desafiava as autoridades, andava com pessoas erradas, metia-se em caminhos
tortuosos. Embora seu treinamento o houvesse qualificado para servir como um
oficial, seu comportamento fez com que ele fosse punido e rebaixado.
Quando
tinha cerca de vinte anos de idade, John viajou para a África, onde se envolveu
com o lucrativo comércio de escravos. Aos vinte e um anos, ganhava a vida com o
Greyhound, um navio negreiro que cruzava o oceano Atlântico.
John
ridicularizava a moral e zombava de assuntos religiosos. Até fazia piadas sobre
um livro que, no final de tudo, remodelaria sua vida: A imitação de Cristo. Na
verdade, ele estava desprezando aquele livro poucas horas antes do navio entrar
no meio de uma grande tempestade.
Naquela
noite, o mar agrediu o Greyhound, levando o navio, em prazo de minutos, para o
topo de uma onda e baixando-o de volta para o fundo das águas.
John
foi desperto entre as águas que enchiam sua cabine. Um lado do Greyhound tinha
colidido. Era comum de se esperar que tal dano teria levado o navio para o
fundo em questão de minutos. Porém, o Greyhound foi carregado como uma carga
flutuante e permaneceu na superfície.
John
trabalhou durante toda a noite para consertar o estrago. Por nove horas, ele e
os outros marinheiros lutaram para não deixar que o navio afundasse. Mas ele
sabia que era uma causa perdida. Finalmente, quando as esperanças estavam mais
danificadas que a embarcação, ele se atirou no convés cheio de água salgada e
clamou:
—
Se isso não funcionar, então que o Senhor tenha misericórdia de nós.
John
não merecia misericórdia, mas mesmo assim a recebeu. O Greyhound e sua
tripulação sobreviveram.
John
nunca se esqueceu da misericórdia demonstrada por Deus naquele dia tempestuoso,
em meio ao feroz oceano Atlântico. Ele retornou à Inglaterra onde se tomou um
grande compositor.
Você
já ouviu algumas de suas músicas.
Esse
traficante de escravos, que se tornou compositor, era John Newton, o autor de
uma das músicas mais famosas mundialmente: Amazing Grace.
Amazing grace! how sweet the sound,
That saved a wretch like me!
I once was lost, but now am found,
was blind, but now I see.
[Ó
Graça maravilhosa! Quão doce o som
Que
salvou um desaventurado como eu
Eu
estava perdido, mas, agora salvo
Fui
cego, mas agora vejo.]
Ao
longo de suas composições, ele também se tornou um poderoso pregador. Por quase
50 anos, encheu os púlpitos e as igrejas com a história do Salvador que nos
encontrou no meio de uma tempestade.
Um
ou dois anos antes de sua morte, as pessoas insistiam para que parasse de
pregar por causa de sua visão deficiente.
—
O quê??? — e então explicava — O blasfemo africano também vai parar enquanto
puder falar?

—
Minha memória já quase se foi. — ele disse Mas ainda me lembro de duas coisas:
sou um grande pecador e Jesus é um grande Salvador.
Do
que mais precisamos nos lembrar?
Dois
marinheiros e dois mares. Duas embarcações em duas tempestades. Duas orações
temerosas em duas vidas de fé. Como união dessas duas histórias, está o
Salvador, um Deus que caminhará sobre as
águas a fim de estender a mão auxiliadora para um filho que clama por socorro.
Max Lucado
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