Domingo, 30 de dezembro de 2012
“Para sonhar um
ano novo que mereça este nome, você, meu caro, tem de merecê-lo, tem de fazê-lo
novo, eu sei que não é fácil, mas tente, experimente, consciente. É dentro de
você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre.”
(Carlos Drummond
de Andrade)
EVANGELHO DE HOJE
Lc 2,41-52
— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus
Cristo, + segundo Lucas
— Glória a vós, Senhor!
41Os pais de Jesus iam todos os anos a
Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42Quando ele completou doze anos, subiram
para a festa, como de costume. 43Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem
de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem.
44Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois
começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. 45Não o tendo
encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. 46Três dias depois, o
encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo
perguntas. 47Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua
inteligência e suas respostas. 48Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e
sua mãe lhe disse:
— “Meu filho, por que agiste assim
conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”.
49Jesus respondeu:
— “Por que me procuráveis? Não sabeis
que devo estar na casa de meu Pai?”
50Eles, porém, não compreenderam as
palavras que lhes dissera.
51Jesus desceu então com seus pais para
Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas
coisas.
52E Jesus crescia em sabedoria,
estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens
- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.
MEDITANDO O EVANGELHO
Padre
Antonio Queiroz
Jesus foi encontrado por seus pais no
meio dos doutores.
Com alegria celebramos hoje a
festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. Esta família foi o modelo que
Deus nos deixou para a nossa vida em família. O Evangelho narra a perda e o
encontro de Jesus no Templo, entre os doutores, que é o quinto mistério gozoso
do terço.
Nós admiramos vários pontos nessa
maravilhosa cena:
- O cuidado dos dois pelo filho:
procuraram-no durante três dias sem parar. Anos antes eles haviam até se mudado
para outro país, o Egito, para proteger o filho. Temos no Brasil três milhões
de crianças de rua. E os pais?
- A união dos pais para resolver
os problemas do filho. Havia acontecido na apresentação no Templo, na fuga para
o Egito e agora se repete.
- A maneira de Maria educar.
Apesar de estar aflita, primeiro pergunta ao filho por que ele fez isso.
Geralmente, num caso desses, a mãe já chegaria dando bronca e nem dá chance
para o filho falar e se explicar.
- Da parte de Jesus, admiramos a
obediência: “Jesus desceu com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente”.
“Jesus desceu com eles para
Nazaré e era-lhes obediente”. Sinal que os pais tinham autoridade sobre ele,
mandavam, davam ordens e Jesus obedecia. Como é importante a autoridade em
casa! Os pais devem não apenas aconselhar, orientar, mas exigir. “O pai que
poupa a vara odeia seu filho” (Pr 13,24).
“Insista, aconselhe, oportuna ou
inoportunamente, advertindo, reprovando, com toda a paciência e bondade. Pois
vai chegar o tempo em que não suportarão mais a sã doutrina. Pelo contrário:
desviarão os seus ouvidos da verdade e os abrirão para ilusões, ao seu bel
prazer” (2Tm 4,2-4).
A criança é como um bloco de
mármore, no qual o escultor vai lapidar, com o cinzel, fabricando uma estátua.
A criança não nasce pronta, nem cresce boa por si. Pelo contrário, a sua
natureza é ferida pelo pecado. Se os pais não educam em casa, as crianças vão
aprender, na rua, os caminhos errados.
“E Jesus crescia em sabedoria,
estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens”. Com esse tipo de pais,
só podia dar isso. “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem”
(Rm 12,21).
“Sua mãe conservava no coração
todas estas coisas.” Maria não só ouvia, mas guardava no cor os fatos, para
tirar as lições para a vida. Os pais sempre aprendem. Deus lhes fala de muitos
modos, até através dos filhos.
Na família de Nazaré, todos os
membros colaboravam, cada um do seu modo. Assim, só podia dar no que deu: uma
família que formou três santos.
O casamento é uma vocação bem
definida dentro da Igreja. Os esposos são chamados a viver uma espiritualidade
característica. Instituído pelo próprio Cristo, o matrimonia é uma íntima comunidade
de vida e de amor.
O amor conjugal é um caminho para
Deus e ajuda os esposos na sublime missão da maternidade e paternidade.
O sentido do matrimônio é viver a
caridade cristã na sua forma conjugal e viver a responsabilidade humana e
cristã de transmitir a vida e educar os filhos. Além disso, os esposos
ajudam-se mutuamente, sendo um para o outro e para os filhos, testemunhas da fé
e do amor de Cristo.
A família cristã é uma Igreja em
miniatura. Ela está a serviço da evangelização dos homens, e é sensível às
necessidades do próximo.
A família é tão importante para
Deus que, dos trinta e três anos que seu Filho passou na terra, trinta anos
viveu dentro da família. A família de Nazaré é portanto um modelo completo de
como viver em família.
Um dos grandes meios de manter a
família unida é a oração em comum.
Havia certa vez um casal que
estava brigando muito. Já haviam tentado de tudo e nada dava certo. Foram,
então, pedir ajuda a um sábio. Após serem bem recebidos pelo sábio, expuseram o
problema. O sábio os ouviu até o fim, sem dizer nada.
Depois pediu licença, entrou para
dentro de sua casa, foi até o quintal, pegou um pequeno vaso, encheu-o de
terra, arrancou uma muda de flor, enterrou-a no vaso e voltou à sala. Entregou
o vaso a eles e disse: “Levem este vaso para casa. Se esta planta vingar e
ficar viçosa, é sinal que a convivência de vocês vai melhorar. Se ela morrer, é
sinal que o casamento de vocês acabou mesmo”.
Os dois agradeceram e foram
embora. Chegando em casa, a mulher regou o vaso e colocou-o num lugar bem
apropriado. No outro dia, ela foi logo cedo regar o vaso. Mas teve uma
surpresa: o marido já estava lá, regando-o. Os dois sorriram um para o outro, e
dali em diante as brigas foram diminuindo, até acabarem de vez.
Aquele sábio colocou em prova a
esperança do casal. Porque, se não tivessem esperança, ou não quisessem
recuperar a convivência, nem iam regar o vaso. Bastava um deles querer, que a
plantinha não morreria, isto é, que o amor deles não acabaria.
Jesus nos confiou a plantinha da
redenção. Nossa Senhora a rega todos os dias. E nós? Esta planta precisa cobrir
a face da terra!
Jesus foi encontrado por seus pais no
meio dos doutores.
MOMENTO DE REFLEXÃO
Você pode não ter dinheiro, mas, se for rico
em bom senso, será um pai ou uma mãe brilhante. Se você contagiar seus filhos
com seus sonhos e entusiasmo, a vida será enaltecida.
Se for um especialista em reclamar, se
mostrar medo da vida, temor pelo amanhã, preocupações excessivas com doenças,
estará paralisando a inteligência e a emoção deles.
Não seja um transmissor de "mazelas
psíquicas" aos seus filhos, netos e bisnetos...
Demonstre força e segurança aos seus filhos.
Diga
frequentemente à eles:
"A verdadeira liberdade está dentro de
você.",
"Não seja frágil diante das suas
preocupações!",
"Enfrente as suas manias e
ansiedade",
"Opte por ser livre!"
Cada pensamento negativo deve ser combatido,
para não ser registrado (pela mente).
O verdadeiro otimismo é construído pelo
enfrentamento dos problemas e não pela sua negação.
Os otimistas têm menos chances de ter doenças
emocionais e psicossomáticas.
O pessimismo é um câncer da alma.
Muitos pais são vendedores de pessimismo ao
transmitirem para seus filhos um futuro sombrio.
Tudo lhes é difícil e perigoso. Estão
preparando os filhos para temer a vida, fechar-se num casulo, viver sem
poesia...
Nutra seu filho de otimismo sólido !
Não devemos formar super-homens, como
preconiza Nietzche.
Pais brilhantes não formam heróis, mas seres
humanos que conhecem seus limites e sua força.
Augusto Cury
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