Segunda-feira,
18 de junho de 2012
“Os
poderosos podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a
primavera.” (Che Guevara)
EVANGELHO
DE HOJE
Mt 5,38-42
- Vocês
ouviram o que foi dito: "Olho por olho, dente por dente." Mas eu lhes
digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês. Se alguém lhe der um tapa na
cara, vire o outro lado para ele bater também. Se alguém processar você para
tomar a sua túnica, deixe que leve também a capa. Se um dos soldados
estrangeiros forçá-lo a carregar uma carga um quilômetro, carregue-a dois
quilômetros. Se alguém lhe pedir alguma coisa, dê; e, se alguém lhe pedir
emprestado, empreste.
MEDITANDO
O EVANGELHO
Alexandre
Soledade
Bom
dia!
Escrevi
isso no ano passado, mas ainda vive essa mensagem como fosse hoje…
Desde
criança meus avós me puseram no karatê para ajudar a controlar o potencial
destrutivo que todos temos. A sabedoria dos meus dois velhos me propiciou
grandes ensinamentos.
A
intenção não era que eu aprendesse a me defender ou a bater em alguém, mas que
tivesse controle sobre um dos lobos que temos dentro de cada um de nós, Aprendi
que não devemos fazer nada motivado pela vingança ou pela raiva. No karatê, ao
tentar revidar um golpe tomado, deixávamos a “guarda” sempre aberta para
apanhar mais e sofrer ainda mais.
Faixas
vão se passando e você vai entendendo que um golpe levado deve gerar um
aprendizado e não a vontade de vingança. Onde se encaixa no evangelho de hoje?
“(…) Mas eu lhes digo: não se vinguem dos que fazem mal a vocês“.
Certa
vez falava eu dos cabelos brancos que ganhamos por tentar viver além dos nossos
problemas os da responsabilidade dos que correm da responsabilidade; falamos
dos cabelos grisalhos que surgem da raiva, do comodismo, da sobrecarga, da
intolerância, da falsidade, (…), mas estranhamente Jesus e os escritos contidos
na bíblia nos convidam a não revidar com as mesmas armas e sim com a sabedoria
e a paciência.
Nas
provações do dia-a-dia Deus nos pede CALMA!
“(…) humilha
teu coração, espera com paciência, dá ouvidos e acolhe as palavras de
sabedoria; não te perturbes no tempo da infelicidade, sofre as demoras de Deus;
dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua
vida se enriqueça. Aceita tudo o que te acontecer. Na dor, permanece firme; na
humilhação, tem paciência. Pois é pelo fogo que se experimentam o ouro e a
prata, e os homens agradáveis a Deus, pelo cadinho da humilhação. Põe tua
confiança em Deus e ele te salvará; orienta bem o teu caminho e espera nele.
Conserva o temor dele até na velhice. Vós, que temeis o Senhor, esperai em sua
misericórdia, não vos afasteis dele, para que não caiais; vós, que temeis o
Senhor, tende confiança nele, a fim de que não se desvaneça vossa recompensa.
Vós, que temeis o Senhor, esperai nele; sua misericórdia vos será fonte de
alegria. Vós, que temeis o Senhor, amai-o, e vossos corações se encherão de
luz”. (Eclesiástico 2, 2-10)
Olhar
o ensinamento que surgiu no monte, por completo ou em partes é maravilhoso, mas
devemos admitir que humanamente é duro de se cumprir. Nossa fraqueza pede pra
avançar sobre o agressor, mas Jesus sugere que contornemos; nossa fragilidade
deseja revidar, mas a sabedoria nos convida a respirar e contar até dez, vinte,
trinta, quarenta… Triste é saber que quando o perverso sabe que não o
atacaremos, parece ter mais vontade de cutucar. (risos)
A
mensagem do monte difere em muito da filosofia de Auguste Comte – o
positivista. A mensagem de Jesus nos propõe não a passividade da subserviência
do escravo, do oprimido, do rendido, mas pensar alternativas que contornem e
continuem a caminhar. A política de Jesus nos pede que “NÃO ENTREMOS NO JOGO”
dos que vivem esse mundo.
Irmãos
e irmãs brigam por cargos, locais em destaque, poder, (…); mas bem que poderiam
deslocar esse potencial para coisas boas e construtivas. E nós também! Ao invés
da réplica, da noite mal dormida pensando na resposta que daremos ao que nos
magoou, Ele nos convida a continuar andando.
“(…)
Deponde, pois, toda malícia, toda astúcia, fingimentos, invejas e toda espécie
de maledicência Como crianças recém-nascidas desejai com ardor o leite
espiritual que vos fará crescer para a salvação, se é que tendes saboreado quão
suave é o Senhor (Sl 33,9). Achegai-vos a ele, pedra viva que os homens rejeitaram,
mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus; e quais outras pedras vivas, vós
também vos tornais os materiais deste edifício espiritual, um sacerdócio santo,
para oferecer vítimas espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo. Por
isso lê-se na Escritura: Eis que ponho em Sião uma pedra angular, escolhida,
preciosa: quem nela puser sua confiança não será confundido (Is 28,16)“. (I
Pedro 2, 1-6)
Não
paguemos o mal com o mal. Não nos deixemos confundir!
Um
imenso abraço fraterno!
MOTIVAÇÃO NO TRABALHO
Max
Gehringer responde
Por que as
mulheres não têm as mesmas oportunidades que os homens no mercado de trabalho?
Elas
têm. Apenas ganham menos que os homens. Ainda. Os salários femininos estão 35%
abaixo da média dos masculinos para funções equivalentes. Mas não é um fenômeno
brasileiro. Na Alemanha e na Inglaterra, a disparidade salarial chega aos 25%.
A situação muda quando avaliamos não dados estáticos, mas a evolução da
situação. Em 1970, só 18% das brasileiras estavam no mercado de trabalho. Hoje,
esse número está perto de 50% e bate os 55% na Grande São Paulo. Nas
faculdades, há mais mulheres matriculadas que homens. E um professor de uma
universidade paulistana me forneceu um dado revelador: em média, os homens
faltam a 17% das aulas. As mulheres, a 4%. Algo me diz que, aos poucos, as
mulheres ocuparão cargos mais altos e os salários vão se igualar, embora não do
jeito que gostaríamos. Como elas serão maioria no mercado de trabalho e
continuarão aceitando salários menores, puxarão para baixo os salários
masculinos de admissão. Isso será bom para as empresas, porque o custo da mão
de obra cairá. Será relativamente bom para as mulheres, porque o salário delas
subirá. Ao contrário do que a situação presente parece mostrar, os jovens do
sexo masculino é que deveriam estar mais preocupados.
O que se
deve alegar para faltar ao trabalho quando vamos a uma entrevista em outra
empresa?
“Resolver
problemas pessoais.” Olhe para sua própria empresa. A que horas ela entrevista
candidatos a emprego? Às 3 da madrugada? Aos domingos? Não. As entrevistas são
conduzidas em dias úteis, durante o horário de expediente. E certamente os
entrevistadores de sua empresa não perguntam aos candidatos que desculpas eles
deram para faltar ao trabalho. Por outro lado, nas demissões que sua empresa
fez no ano passado, os demitidos foram avisados com antecedência? Não creio. A
má notícia é dada no momento da demissão. Se as empresas agem conforme seus
interesses – e não estão faltando com a ética ao fazê-lo –, elas entendem que
os empregados podem agir da mesma maneira em relação a sua carreira.
Há uma vaga
de supervisão aberta em meu setor. Não sou candidata, mas meu gerente me
perguntou quais de meus colegas, em minha opinião, não reuniam condições para o
cargo. E eu dei três nomes. Fiz mal?
Fez
muito mal. Se isso vazar, você ficará numa situação bastante desagradável
perante seus colegas. A resposta correta seria: “Não tenho condições de avaliar
o que a empresa espera de um supervisor, mas tenho certeza de que o senhor, seu
gerente, vai tomar a decisão mais correta”. Sinceridade é uma virtude, mas há
momentos em que a sabedoria recomenda manter a boca fechada. Esse era um deles.
Ter tido
quatro empregos em três anos é ruim para o currículo?
Se
você foi dispensado de todos, é péssimo. Se está empregado e pediu a conta três
vezes para ganhar mais, já não é tão ruim. Mesmo assim, você estreitou seus
horizontes. A maioria das empresas prefere não contratar o “funcionário-pulga”,
aquele que tem um histórico de muitos saltos em pouco tempo.
MOMENTO
DE REFLEXÃO
Quarenta
anos, quarenta e cinco. Você sente, obscuramente, nos seus ossos, que o tempo
passou mais depressa do que esperava. Não lhe incomoda envelhecer, é claro. A
velhice tem suas alegrias, as sua compensações - todos dizem isso, embora você
pessoalmente, ainda não as tenha descoberto - mas acredita.
Todavia,
também obscuramente, também sentida nos seus ossos, às vezes lhe dá aquela
nostalgia da mocidade.
Não
de amores nem de paixão; a doçura da meia-idade não lhe exige essas
efervescências. A saudade é de alguma coisa que você tinha e lhe fugiu
sutilmente junto com a mocidade. Bracinhos de criança no seu pescoço. Choro de
criança. O tumulto da presença infantil ao seu redor. Meu Deus, para onde foram
as suas crianças? Naqueles adultos cheios de problemas, que hoje são seus
filhos, que têm sogro e sogra, cônjuge, emprego, apartamento e prestações, você
não encontra de modo algum as suas crianças perdidas. São homens e mulheres -
não são mais aqueles que você recorda.
E
então, um belo dia, sem que lhe fosse imposta nenhuma das agonias da gestação
ou do parto, o doutor lhe põe nos braços um menino. Completamente grátis -
nisso é que está a maravilha. Sem dores, sem choro, aquela criancinha da sua
raça, da qual você morria de saudades, símbolo ou penhor da mocidade perdida.
Pois aquela criancinha, longe de ser um estranho, é um menino que se lhe é
"devolvido". E o espantoso é que todos lhe reconhecem o seu direito
sobre ele, ou pelo menos o seu direito de o amar com extravagância; ao
contrário, causaria escândalo ou decepção, se você não o acolhesse imediatamente
com todo aquele amor que há anos se acumulava, desdenhado, no seu coração.
Sim,
tenho a certeza de que a vida nos dá os netos para nos compensar de todas as
mutilações trazidas pela velhice. São amores novos, profundos e felizes, que
vêm ocupar aquele lugar vazio, nostálgico, deixado pelos arroubos juvenis.
Aliás,
desconfio muito de que netos são melhores que namorados, pois que as violências
da mocidade produzem mais lágrimas do que enlevos. Se o Doutor Fausto fosse
avô, trocaria calmamente dez Margaridas por um neto...
No
entanto! Nem tudo são flores no caminho da avó. Há, acima de tudo, o entrave
maior, a grande rival: a mãe. Não importa que ela, em si, seja sua filha. Não
deixa por isso de ser a mãe do neto. Não importa que ela hipocritamente, ensine
a criança a lhe dar beijos e a lhe chamar de "vovozinha" e lhe conte
que de noite, às vezes, ele de repente acorda e pergunta por você. São
lisonjas, nada mais. No fundo ela é rival mesmo. Rigorosamente, nas suas
posições respectivas, a mãe e a avó representam, em relação ao neto, papéis
muito semelhantes ao da esposa e da amante nos triângulos conjugais. A mãe tem
todas as vantagens da domesticidade e da presença constante. Dorme com ele,
dá-lhe banho, veste-o, embala-o de noite. Contra si tem a fadiga da rotina, a
obrigação de educar e o ônus de castigar.
Já
a avó não tem direitos legais, mas oferece a sedução do romance e do
imprevisto. Mora em outra casa. Traz presentes. Faz coisas não programadas.
Leva a passear, "não ralha nunca". Deixa lambuzar de pirulito. Não
tem a menor pretensão pedagógica. É a confidente das horas de ressentimento, o
último recurso dos momentos de opressão, a secreta aliada nas crises de
rebeldia. Uma noite passada em sua casa é uma deliciosa fuga à rotina, tem
todos os encantos de uma aventura. Lá não há linha divisória entre o proibido e
o permitido, antes uma maravilhosa subversão da disciplina. Dormir sem lavar as
mãos, recusar a sopa e comer croquetes, tomar café, mexer na louça, fazer trem
com as cadeiras na sala, destruir revistas, derramar água no gato, acender e
apagar a luz elétrica mil vezes se quiser - e até fingir que está discando o
telefone. Riscar a parede com lápis dizendo que foi sem querer - e ser
acreditado!
Fazer
má-criação aos gritos e em vez de apanhar ir para os braços do avô, e lá
escutar os debates sobre os perigos e os erros da educação moderna...
Sabe-se
que, no reino dos céus, o cristão defunto desfruta os mais requintados prazeres
da alma. Porém não estarão muito acima da alegria de sair de mãos dadas com o
seu neto, numa manhã de sol. E olhe que aqui embaixo você ainda tem o direito
de sentir orgulho, que aos bem-aventurados será defeso. Meu Deus, o olhar das
outras avós com seus filhotes magricelas ou obesos, a morrerem de inveja do seu
maravilhoso neto!
E
quando você vai embalar o neto e ele, tonto de sono, abre um olho, lhe
reconhece, sorri e diz "Vó", seu coração estala de felicidade, como
pão ao forno.
E
o misterioso entendimento que há entre avó e neto, na hora em que a mãe
castiga, e ele olha para você, sabendo que, se você não ousa intervir
abertamente, pelo menos lhe dá sua incondicional cumplicidade.
Até
as coisas negativas se viram em alegrias quando se intrometem entre avó e neto:
o bibelô de estimação que se quebrou porque o menino - involuntariamente! -
bateu com a bola nele. Está quebrado e remendado, mas enriquecido com preciosas
recordações: os cacos na mãozinha, os olhos arregalados, o beicinho pronto para
o choro; e depois o sorriso malandro e aliviado porque "ninguém" se
zangou, o culpado foi a bola mesma, não foi, vó? Era um simples boneco que
custou caro. Hoje é relíquia: não tem dinheiro que pague.
Rachel de
Queiroz
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