Terça-feira,
21 de abril de 2015
Certas
coisas são tão importantes que precisam ser descobertas sozinhas. (Paulo
Coelho)
EVANGELHO
DE HOJE
Jo 6,30-35
— O Senhor
esteja convosco.
— Ele está
no meio de nós.
—
PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo João.
— Glória a
vós, Senhor!
Depois que
Jesus saciara os cinco mil homens, seus discípulos o viram andando sobre o mar.
22No dia seguinte, a multidão que tinha ficado do outro lado do mar constatou
que havia só uma barca e que Jesus não tinha subido para ela com os discípulos,
mas que eles tinham partido sozinhos.
23Entretanto,
tinham chegado outras barcas de Tiberíades, perto do lugar onde tinham comido o
pão depois de o Senhor ter dado graças. 24Quando a multidão viu que Jesus não
estava ali, nem os seus discípulos, subiram às barcas e foram à procura de
Jesus, em Cafarnaum.
25Quando o
encontraram no outro lado do mar, perguntaram-lhe: “Rabi, quando chegaste
aqui?” 26Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, eu vos digo: estais me
procurando não porque vistes sinais, mas porque comestes pão e ficastes
satisfeitos. 27Esforçai-vos não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento
que permanece até a vida eterna, e que o Filho do homem vos dará. Pois este é
quem o Pai marcou com seu selo”. 28Então perguntaram: “Que devemos fazer para
realizar as obras de Deus?” 29Jesus respondeu: “A obra de Deus é que acrediteis
naquele que ele enviou”.
Palavra da
Salvação
Glória a vós
Senhor.
MEDITAÇÃO
DO EVANGELHO
Alexandre
Soledade
Bom
dia!
Os
milagres não eram a principal ação de Jesus. Ele fazia questão de deixar claro
isso, mas o apego ao visível obscurecia a graça invisível. O povo de Cafarnaum,
bem como da Judéia não havia entendido que a mensagem sobrepõe-se ao tocável, e
de fato não entenderiam visto que culminou com a ida de Jesus para a cruz.
Esse
apego ainda perdura até nossos dias e parece ser nosso. Parece ser algo que
precisamos constantemente para reafirmar nossas convicções de fé. Poderíamos
chamar isso de carência da nossa natureza humana?
“(…)
Portanto, meus irmãos, nós temos uma obrigação, que é a de não vivermos de
acordo com a nossa natureza humana. Porque, se vocês viverem de acordo com a
natureza humana, vocês morrerão espiritualmente; mas, se pelo Espírito de Deus
vocês matarem as suas ações pecaminosas, vocês viverão espiritualmente Pois
aqueles que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus”. (Romanos 8,
12-14)
Por
vezes vi e teci comentários bem delineados sobre a falta de fé de São Tomé
quando condicionou sua crença a tocar nas cicatrizes de Jesus, mas por vezes
também somos assim. Partindo dessa afirmação notamos a dimensão que tem o nosso
testemunho de vida e oração. Somos reflexos do criador, mas nós BUSCAMOS OS
MILAGRES OU A PRESENÇA DE JESUS?
Todos
conhecem ou já ouviram falar o contexto cristão da expressão “O EXEMPLO
ARRASTA”. Ela se aplica bem ao evangelho de hoje. Se nos apegamos aos milagres
extraordinários não conseguiremos convencer ninguém dos ordinários. Se como
liderança, coordenador, ministro, catequista, (…) me apego ao visível, como
convencerei as pessoas que caminhem sobre as águas?
Temos
por acaso conhecimento ou conhecemos o trabalho feito pelas intercessoras da
RCC? Conhecemos algo da dinâmica desse ministério de serviço? A grosso modo,
elas (porque geralmente são mulheres) ficam de fora do que acontece nos grandes
encontros; revezam-se na presença do Senhor, seja Ele eucarístico ou
contemplativo na oração, durante horas e horas. Pouco as vemos, pouco assistem
dos encontros, mas não deixam de acreditar.
Uma
irmã intercessora diz com muita simplicidade (ou seria sabedoria?) que a
presença de Jesus sentida já vale o encontro. Talvez seja essa a fonte da
fortaleza dessas senhoras. São difíceis de serem vistas tristes. A idade talvez
já se faça injusta, mas os joelhos ainda estão dispostos a tocar o chão por
quem precisa (…) será que era isso que Jesus quis dizer no evangelho de hoje?
“(…) Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em
mim nunca mais terá sede”.
Alguém
poderia perguntar: Mas eu conheço um monte de intercessoras que vivem
reclamando disso e daquilo! Mas é claro que reclamam, elas são humanas! Sofrem
com a idade, tem saudade, ficam doentes, (…) por que seriam diferentes? O que
enalteço é a forma devocional e respeitosa que se apresentam ao Senhor. “A sua
presença basta” ou como diriam os discípulos de Emaús: Fica conosco Senhor!
Buscar
o senhor apenas por interesse é voltar a viver do maná que caía do céu. Amar o
Senhor sobre todas as coisas não é por acaso que é o primeiro mandamento. Nosso
Deus é um ser amoroso e compassivo e como diria Isaias “busquemos enquanto Ele
se deixa encontrar”.
Santas
intercessoras! Hoje uma ave Maria por vocês!
Um
imenso abraço fraterno
VIDA
SAUDÁVEL
Apego a bens
materiais sinaliza autoestima em baixa
Crianças e
adolescentes são mais vulneráveis ao mal
Ter
uma vida confortável e sem preocupações financeiras é um desejo quase
universal. No entanto, a vontade exacerbada em ter roupas de grife,
equipamentos eletrônicos de última geração, produtos e serviços caros e
luxuosos não segue a mesma lógica e podem sinalizar um problema: autoestima em
baixa. O mal da sociedade moderna, em que o status é valorizado pelo consumo e
exclusividade, atinge principalmente crianças e adolescentes, segundo estudo
feito nos Estados Unidos.
De
acordo com os estudiosos, a autoestima é um fator essencial no apego aos bens
materiais. Crianças e jovens com baixa autoestima valorizam suas posses muito
mais que as crianças confiantes. "Possuir coisas é um amuleto no reforço
da autoestima. Os bens materiais ajudam a neutralizar a ansiedade e as
inseguranças que sofremos em diferentes graus no dia a dia. Quanto mais temos,
desencadeamos nas pessoas sentimentos que misturam admiração e inveja. E este é
o componente principal do narcisismo", explica o psicólogo e psicanalista
Claudio Vital.
Valores
invertidos
O
estudo aponta que o apego a bens materiais, como ursinhos de pelúcia, dinheiro
e artigos esportivos, é mais valorizado que estar com os amigos, ter sucesso
nos esportes ou ajudar o próximo, entre as faixas de 8 a 9 anos e 12 e 13 anos,
mas cai a apartir dos 14 anos, quando os motivos para a diminuição da
autoestima estão mais relacionados ao período de transformações do corpo e
valorização social entre amigos. "Um indivíduo que consegue ter sucesso
passa a ser visto como alguém com capacidade superior e por isso ganha o
respeito do grupo. Assim, os bens se tornaram a base para a aprovação e para a
autoestima", analisa Claudio Vital.
De
acordo com o profissional, este comportamento explica o motivo para que tantas
pessoas busquem desesperadamente mostrar sinais de riqueza aos outros, ainda
que não possuam recursos. Segundo o médico, o comportamento demonstra pouco
desenvolvimento pessoal e imaturidade.
Prevenção
contra o narcisismo
Especialistas
são unânimes em eleger o consumismo como um dos grandes vilões da vida moderna.
Além de instabilidade financeira, o mal pode interferir na saúde psíquica das
pessoas, levando os indivíduos a um quadro depressivo. De acordo com Claudio
Vital, os cuidados para evitar o dano devem começar ainda na infância. Ensinar
as crianças que não podem ter tudo evita que elas venham a se tornar adultos
narcisistas.
Segundo
o psicanalista, é comum ceder aos caprichos dos filhos e confundir a atitude
com amor. No entanto, ele alerta que as crianças, na verdade, pedem atenção e reconhecimento
dos pais, ou seja, algo que pode ser dado de forma natural e que não gera
gastos. Orientar e demonstrar carinho ajuda a desenvolver a autoconfiança e
consequentemente aumenta a autoestima, segundo o profissional. A manutenção do
narcisismo das crianças vai refletir na vida adulta. "Educar é a melhor
jeito de não formar um adulto arrogante, com ego inflado", finaliza
Claudio.
MOMENTO
DE REFLEXÃO
Não
é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milênio. As relações
afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o
conceito de amor.
O
que se busca, hoje, é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual
exista individualidade, respeito, alegria e prazer de estar junto, e não mais
uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu
bem-estar.
A
idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o
romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século. O amor romântico
parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra
metade para nos sentirmos completos. Muitas vezes ocorre até um processo de
despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona
suas características, para se amalgamar ao projeto masculino. A teoria da ligação
entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não
sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia
prática de sobrevivência – e pouco romântica, por sinal.
A
palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de
necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não
preciso, o que é muito diferente.
Com
o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão
perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo
mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras.
O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é
príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de viagem.
O
homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando,
para se adaptar ao mundo que fabricou. Estamos entrando na era da
individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem
energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela
financeira ou moral. A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e
significado. Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas
metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade.
Quanto
mais o indivíduo for competente para viver sozinho, mais preparado estará para
uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao
contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são ótimas, são
muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos
crescem. Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século
passado. Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de
referência para avaliar ninguém.
Muitas
vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi
inventá-lo ao nosso gosto. Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em
quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.

O
amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o
aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é
suficiente ser perdoado por alguém: algumas vezes, você tem de aprender a
perdoar a si mesmo…
* Flávio
Gikovate é médico formado pela USP no ano de 1966. Desde 1967, trabalha como
psicoterapeuta, tendo atendido mais de 8000 pacientes. Dedica-se,
principalmente, às técnicas breves de psicoterapia.
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