“Seja a mudança
que você quer no mundo.” (Mahatma Gandhi)
EVANGELHO
DE HOJE
Mt 18,15-20
— O Senhor
esteja convosco.
— Ele está
no meio de nós.
—
PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Mateus.
— Glória a
vós, Senhor!
Naquele
tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15“Se teu irmão pecar contra ti, vai
corrigi-lo, mas em particular, à sós contigo! Se ele te ouvir, tu ganhaste o
teu irmão. 16Se ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para
que toda a questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas.
17Se ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja. Se nem mesmo à Igreja ele ouvir,
seja tratado como se fosse um pagão ou um pecador público.
18Em verdade
vos digo, tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que
desligardes na terra será desligado no céu. 19De novo, eu vos digo: se dois de
vós estiverem de acordo na terra sobre qualquer coisa que quiserem pedir, isto
vos será concedido por meu Pai que está nos céus. 20Pois onde dois ou três
estiverem reunidos em meu nome eu estou ali, no meio deles”.
Palavra da
Salvação
Glória a vós
Senhor.
MEDITAÇÃO
DO EVANGELHO
Padre
Queiroz
Se
ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão.
Neste
Evangelho, Jesus nos fala a respeito da correção fraterna. A Comunidade cristã
é o Corpo vivo de Cristo presente na terra. Ela é a presença viva de Jesus no
nosso bairro, agindo como luz, sal e fermento, a fim de que todos juntos
construamos o Reino de Deus.
Mas
a Comunidade é composta de pecadores. Daí a necessidade da correção fraterna.
“Eu te coloquei como sentinela... Se eu disser ao ímpio que ele deve morrer, e
não lhe falares, advertindo-o a respeito de sua conduta, o ímpio morrerá por
própria culpa, mas eu te pedirei contas do seu sangue” (Ez 33,7-8). O modo de
Deus agir para corrigir os que erram é através dos próprios cristãos, uns
corrigindo os outros. Daí as orientações que Jesus nos deu neste Evangelho. Ele
explica com clareza como devemos proceder quando um irmão ou irmã está levando
vida errada:
“Se
o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo!
Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão.” Em particular porque pode acontecer
que estávamos enganados ou mal informados. Quantos casos se esclarecem nesses
contatos pessoais, e morrem ali mesmo!
“Se
ele não te ouvir, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda a
questão seja decidida sob a palavra de duas ou três testemunhas.” O
discernimento em grupo é mais objetivo do que a nossa opinião particular. Pode
acontecer que essas pessoas que chamamos nos convençam de que a pessoa está certa,
e a questão termina ali.
Os
nossos julgamentos nem sempre são objetivos. Somos influenciados por muitos
fatores, como a simpatia ou antipatia, o estado emocional naquela hora, a
desinformação... Por isso que devemos ser humildes e consultar outras pessoas.
Outro
motivo para convidar pessoas é que: “Onde dois ou três estiverem reunidos em
meu nome, eu estou aí, no meio deles”. E com Jesus presente, é claro, tudo
funciona melhor. Jesus supõe também que vai haver diálogo, no qual a pessoa que
errou terá oportunidade de se explicar. Daí para frente, a decisão, se a pessoa
está errada ou não, é grupal e não mais pessoal nossa.
“Se
ele não vos der ouvido, dize-o à Igreja”. Quer dizer, à coordenação da
Comunidade cristã. Isso porque “tudo o que ligardes na terra será ligado no
céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”. Tudo o que a
Igreja faz, Deus assina embaixo.
“Se
nem mesmo à Igreja ele ouvir, seja tratado como um pagão ou um pecador
público.” Agora sim, podemos e devemos contar para os membros da Comunidade,
que aquela pessoa errou, para que todos saibam distinguir o que é certo e o que
é errado. Mas noventa e nove por cento dos casos se resolvem antes de chegar a
esse ponto.
Em
relação às pessoas que persistem no erro, Jesus não quer que cruzemos os
braços. São ovelhas desgarradas que nós devemos sempre procurar, para tentar
trazê-las de volta ao rebanho.
O
grande problema em relação à correção fraterna é que nós freqüentemente
invertemos a ordem desses passos apresentados por Jesus, e começamos pelo
último, que é comentar com os outros, antes mesmo de falar com a própria pessoa
que errou. Também os comentários muitas vezes são descaridosos, como se
conhecêssemos o interior de cada um. “Não julgueis!”
O
contrário também acontece: uma pessoa está dando um escândalo, continua
participando da Comunidade e ninguém a adverte nem toma providência. Assim, a
Comunidade perde o brilho e o povo começa a deixá-la, a começar com os jovens.
Ao
corrigir alguém, devemos ser humildes, expressando os nossos sentimentos, de
tal modo que a pessoa perceba que estamos querendo o bem dela, e nada mais.
Fazendo assim, a pessoa não se sente humilhada e vai até nos agradecer. “Aquele
que quer aprender, gosta que lhe digam o que está certo” (Prov 12,1).
“Irmãos,
caso alguém seja apanhado em falta, vós, os espirituais, corrigi esse tal com
espírito de mansidão, cuidando de ti mesmo, para que também tu não sejas
tentado” (Gl 6,1). S. Paulo nos lembra o perigo de a pessoa fazer a nossa
cabeça e nós também entrarmos no erro dela.
Devemos
também ser compreensivo e paciente com os que erram, não querendo que mudem da
noite para o dia. “Eis o meu servo... Ele não quebra o ramo já machucado, não
apaga o pavio já fraco de chama. Fielmente promoverá o que é de direito, sem
amolecer e sem oprimir” (Is 42,3-4; Mt 12,18-20).
E
neste Evangelho Jesus fala: “Tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e
tudo o que desligardes na terra será desligado no céu”. Veja como é importante
a vida em Comunidade! Em outras palavras, Jesus diz: Tudo o que vocês, como
Comunidade, fizerem, e as decisões que tomarem, Deus assina embaixo. Por
exemplo, se uma pessoa morre legitimamente dentro da Igreja da terra, e em
comunhão com ela, é certo que estará eternamente dentro da Igreja celeste,
junto com Deus, com seus anjos e santos, inclusive junto com os seus parentes
que faleceram também dentro da Igreja.
Uma
vez uma pessoa apresentou a seguinte pergunta: “Se um membro da Comunidade está
levando uma vida de pecado, mas às escondidas, sem ninguém saber, e morre
assim, vai para o céu? Porque morreu dentro da Comunidade!” Resposta: Isso
nunca acontece, porque o Espírito Santo assiste à Igreja e não permite. Jesus
falou uma vez: “Não há nada de oculto que não venha a ser revelado, e nada de
escondido que não venha a ser conhecido” (Mt 10,26). Antes de a pessoa morrer,
é certo que a coisa ficará pública. E aí, ou a pessoa se arrepende e muda de
vida antes de morrer, ou morre assim, desunida da Igreja da terra.
Podemos
observar em volta de nós, quantas pessoas conseguem manter sua vida de pecado
em segredo durante bom tempo, mas de repente são pegas em flagrante e a bom
estoura, isto é, todo mundo fica sabendo. Ninguém é capaz de citar um caso em
que só depois que a pessoa morreu é que o seu pecado foi descoberto pela
Comunidade. Nosso Deus é poderoso, sábio e vigilante!
Ao
corrigir, apresentemos também à pessoa o seu lado positivo, pois todos temos
qualidades e virtudes. Só o diabo é totalmente ruim, assim como só Deus é
totalmente bom.
Certa
vez, um mestre perguntou aos discípulos: “Como você sabe o momento exato em que
termina a noite e começa o dia?” Um discípulo levantou a mão e disse: “É
quando, avistando ao longe, consigo distinguir um cão de um carneiro”. O mestre
disse que não. Um segundo discípulo respondeu: “É quando consigo diferenciar
uma laranjeira de uma mangueira”. E o mestre não se satisfez. Outro discípulo
arriscou: “É quando consigo distinguir um boi de um burro”. E o mestre
continuou esperando.
Como
ninguém mais arriscava uma resposta, ele disse: “Termina a noite e começa o dia
quando, olhando para o rosto de alguém, reconhecemos nele o nosso irmão”.
Que
bom se na Comunidade cristã todos nos relacionássemos como irmãos e irmãs,
inclusive na correção fraterna! “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu
nome eu estou ali, no meio deles”.
A
Comunidade cristã tem uma Mãe zelosa para com seus filhos e filhas desgarrados.
Com seu jeito de mãe, ela sabe como corrigir. Que ela nos ajude a praticar bem
este mandamento de Jesus, da correção fraterna.
Se
ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão.
VÍDEO
DA SEMANA
A felicidade
depende de mim - Pe. Fábio de Melo
MOMENTO
DE REFLEXÃO
Reinaldo
era um jovem príncipe, herdeiro de um grande reino.
Toda
manhã, ao despertar, recebia uma lista de tarefas que devia cumprir.
Tarefas
que o deixavam muito zangado, porque iam desde limpar os seus sapatos e vestes
reais, organizar brinquedos e jogos, até lavar e escovar seu cavalo e organizar
o seu quarto.
Embora
não gostasse, em respeito a seu pai, o rei, ele obedecia.
Mas
não deixava de ficar olhando as terras e os campos infindáveis que pertenciam à
sua família.
Também
os rebanhos, palácios e os súditos.
No
palácio, onde vivia, existiam muitos criados prontos para executar todas as
tarefas.
Por
isso mesmo é que o príncipe não entendia porque ele mesmo tinha que limpar os
seus sapatos.
Certo
dia, ele foi convidado a visitar um pequeno reino para conhecer um príncipe de
sua idade, com o intuito de estreitar amizade.
O
contato com o herdeiro daquele reino fez Reinaldo pensar ainda mais em como ele
era injustiçado.
É
que aquele príncipe tinha a seu serviço três servos.
Até
o banho era preparado por um deles.
Nada
de tarefas a cumprir.
Era
só dar ordens.
Quando
regressou para sua casa, Reinaldo foi logo falar com seu pai:
-
Não entendo, disse ele, porque o senhor faz isso comigo.
Sou
seu único filho e herdeiro.
Por
que devo cumprir tarefas?
Devo
ser motivo de risos entre todo o povo.
Vi
hoje, no reino vizinho, o que um verdadeiro herdeiro deve fazer: somente dar
ordens.
O
rei, paciente, perguntou ao filho:
-
Como era o reino que você visitou?
Era
grande como o nosso?
-
É claro que não, pai.
É
muito menor que o nosso, mais pobre, tem menos súditos e o castelo real é dez
vezes menor que o nosso.
Veja
bem, pai: se num reino pobre, o príncipe pode ter três criados para servi-lo,
porque eu, num reino tão rico, devo fazer trabalho de criado?
-
Pois é, meu filho.
Saiba
que há anos atrás, o reino vizinho era vinte vezes maior do que o nosso. Nós
crescemos, fomos ampliando e o reinado vizinho foi perdendo território.
Seu
avô sempre me dizia: "se você não pode sequer limpar os próprios sapatos,
como poderá cuidar de todo um reino?
Se
você não é capaz de organizar seu próprio quarto, como irá governar todo um
povo?"
As
tarefas simples, Reinaldo, nos educam, nos preparam para executar as maiores.
Para
comandar é preciso saber fazer.
Até
mesmo para exigir qualidade.
Se
você nunca lavou as próprias vestes, como saberá se o outro as lavou bem?
Apenas aceitará o que lhe entregam, da forma que vier.
Os
seus antepassados foram comprando as terras do reino vizinho, que as perdeu por
não saber administrar.
Talvez
falte ensinar aos príncipes herdeiros lições de humildade, da importância do
trabalho simples, diário.
O
que me diz, filho amado?
O
menino pensou um pouco, e declarou:
-
Digo que tenho uma lista de tarefas para executar agora, e começarei limpando
os sapatos que se sujaram de lama pelo caminho.
*Não
permita que seu filho se torne um incapaz, em razão do descaso em sua educação.

Prepare-o
na arte de auxiliar, de prestar colaboração, todos os dias.
Logo
mais, ele andará sem você pelos caminhos do mundo.
Ensine-o
a andar com seus próprios pés, seguro e confiante.
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