Quarta-feira,
19 de fevereiro de 2014.
São Conrado
“Deus não
fez tudo num só dia; o que me faz pensar que eu possa?” (William Shakespeare)
EVANGELHO
DE HOJE
Mc 8,22-26
— O Senhor
esteja convosco.
— Ele está
no meio de nós.
—
PROCLAMAÇÃO do Evangelho de Jesus Cristo, + segundo Marcos.
— Glória a
vós, Senhor!
Naquele
tempo, 22Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas
trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele.
23Jesus
pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, pôs
as mãos sobre ele, e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?”
24O homem
levantou os olhos e disse: “Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que
andam”. 25Então Jesus voltou a por as mãos sobre os olhos dele e ele passou a
enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez.
26Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: “Não entres no povoado!”
Palavra da
Salvação
Glória a vós
Senhor.
MEDITAÇÃO
DO EVANGELHO
Padre
Antonio Queiroz
O
cego ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez.
Este
Evangelho nos traz a cena da cura do cego em dois estágios. “Jesus pegou o cego
pela mão, levou-o para fora do povoado...” A multidão massifica, aliena.
Precisamos ficar a sós com Deus para reassumirmos a nossa individualidade. Cada
um de nós é diferente de todos e de todas. Este cego era massificado, por isso
não tinha muita iniciativa: “Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a
Jesus que tocasse nele”.
“Cuspiu
nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele...” É importante o contato físico com
Deus e com as pessoas. Também hoje podemos ter contato físico com Jesus, na
Eucaristia e na Comunidade reunida em seu nome.
Também
nós, como continuadores de Jesus, devemos nos aproximar fisicamente das
pessoas, ter contato pessoal, e não apenas ficar atrás de um microfone, de uma
câmara ou sentados escrevendo.
A
cura em dois estágios nos ensina que a libertação da nossa cegueira espiritual
é gradativa e vai acontecendo aos poucos. O primeiro estágio é a pessoa
reconhecer Jesus, mesmo que apenas como curador, e reconhecer o próximo, mesmo
que como “árvores que andam”. Mais tarde, a pessoa reconhecerá Jesus como Filho
de Deus, caminho, verdade e vida, e o próximo como irmão e irmã. Os estágios
continuam... O amor a Deus e ao próximo vão crescendo, até a pessoa dizer como
S. Paulo: “Não sou mais eu que vivo, é Cristo que vive em mim”, e dar a vida
por ele e pelos irmãos.
Ultrapassamos
o interesse em receber favores de Jesus, e passamos a “amar como Jesus amou,
pensar como Jesus pensou”, viver e morrer como Jesus, unindo-nos depois
eternamente com ele e com a sua e nossa Família, no Céu.
“Não
entres no povoado.” Jesus não quer ser visto como um simples curador. O seu
objetivo é levar o povo a acreditar em Deus e na própria união em Comunidade. O
seu desejo é que o povo caminhe com suas próprias pernas, rumo à autonomia e à
libertação dos seus males todos, sem depender dos outros. Mas para isso
precisamos do primeiro estágio, que é nos libertarmos de toda e qualquer
cegueira. A participação em movimentos sociais e o engajamento político fazem
parte dessa caminhada.
Após
o Natal, um garoto saiu à rua e viu um menino da sua idade com uma bicicleta
nova. Perguntou a ele: “Como que você conseguir esta bicicleta?” O garoto
respondeu: “Foi meu irmão que me deu”. Ele olhou bem para a bicicleta e disse:
“Nossa, como que eu gostaria de ser como o seu irmão!”
Em
seguida convidou o dono da bicicleta para ir com ele até a sua casa, que era
perto. Chegando, ele foi lá dentro, trouxe o seu irmão menor, apontou para a
bicicleta e disse: “Quando eu crescer, vou comprar para você uma bicicleta
igualzinho a esta”.
Que
exemplo esse garoto deu, não? Em geral, o nosso é receber, ele sonhava em dar;
amava tanto o seu irmãozinho que sonhava em lhe dar uma bicicleta. A reação
espontânea dele não foi, como geralmente acontece, querer ter a sorte de quem
ganhou, mas querer ter o coração e a possibilidade de quem deu. Esse menino não
é “cego” espiritual. “Descubra a felicidade de servir”. “Há mais felicidade em
dar do que em receber” (At 20,35).
Quando
Maria Santíssima disse que Deus “derrubou do trono os poderosos e elevou os
humildes, encheu de bens...”, certamente ela sonhou com um povo agindo com as
suas próprias forças, unido, organizado, com fé e gratidão a Deus, e feliz.
O
cego ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez.
CURIOSIDADES
A obra de
arte mais roubada de todos os tempos
Obras
de arte são peças altamente cobiçadas, mas nada foi tão desejado e furtado como
o “Retábulo do Cordeiro”, um dos mais famosos trabalhos de Jan Van Eyck. Uma
pintura medieval gigantesca, mais pesada que um elefante, que já foi furtada
por Deus e o mundo. Napoleão a roubou, os calvinistas quase a queimaram, os
nazistas a queriam desesperadamente, até um vigário a furtou. E só depois de
passar por diferentes donos no mercado negro teve seu descanso no seu lugar de
origem, na Catedral de St. Bavo, na Bélgica.
Qual
a importância dessa peça de arte? Trata-se da primeira pintura a óleo, iniciada
no ano de 1426 por Hubert van Eyck, mas, devido ao seu falecimento, quem
finalizou a obra foi seu irmão Jan, em 1432. O Retábulo é quase um A a Z do cristianismo. São doze
painéis, que incluem desde uma bela e minuciosa representação da adoração de
fiéis peregrinos ao Cordeiro de Deus, até importantes passagens bíblicas, como
Adão e Eva no paraíso, Virgem Maria e Cristo sendo corado. Tudo com riquíssimos
detalhes. Por isso, a obra é considerada um precursor do Renascimento e do
realismo artístico.
No
entanto, um bem tão valioso teve que pagar o preço do sucesso, passando por
maus bocados ao longo de sua existência. Quase foi destruído em um incêndio
provocado pela fúria calvinistas contra os católicos, acabou sendo pilhado,
desmembrado, censurado, roubado, mas também muito desejado por reis católicos
de toda Europa a partir do século XVIII, caçado na primeira guerra mundial,
vendido por um clérigo renegado em seguida, furtado várias vezes durante a
segunda guerra mundial, até finalmente ser resgatado.
O
mais ambicioso e destemido de seus perseguidores foi Adolf Hitler. Além de
possuir grande interesse em obras de arte, o Führer acreditava que a peça tinha
o segredo para encontrar as Armas Christi, instrumentos usados no flagelamento
da Paixão de Cristo, como sua coroa de espinhos e a lança do soldado romano que
perfurou seu coração. Ele acreditava piamente que esses objetos tinham algum
tipo de poder sobrenatural. Vai entender a cabeça insana do homem mais odiado
de todos os tempos.
Depois
de 600 anos de sofrimento, a peça está em processo de restauro, no museu de
Artes de Ghent, na Bélgica.
MOMENTO
DE REFLEXÃO
Não
sei se é possível dizer o instante exato onde nasce a sementinha dos sonhos que
plantamos em nós.
Sei
apenas que um dia há aquele estalo mágico que nos faz acordar e projetar para
os dias e anos que chegam aquilo que nasceu em nós e nosso coração recebeu
aberto, como se toda a felicidade do mundo estivesse concentrada ali.
As
horas que gastamos depois, nos planos que fazemos, nos incontáveis momentos
onde colocamos o sono do lado da cabeceira para melhor viver os projetos, são
uma parte do preço que pagamos e do qual cobraremos depois.
Ah!...
mas esses sonhos, projetos, planos são sempre infalíveis na nossa cabeça, não
contamos com os contras, com a possibilidade, mesmo que remota, de algo não dar
certo, daquilo não se realizar.
É
a idéia do positivismo que exige isso de nós e não posso dizer que essa atitude
não seja já um meio caminho andado.
Mas
só um meio... o restante, fica por conta do trabalho, da ação.
E
por quê?
Por
que certas coisas que planejamos nunca chegam ao fim, nunca se concretizam?
Por
que um dia o mais leve sopro pode destruir em um minuto aquilo que levamos horas
e horas para sonhar e que até pagamos o preço?
Por
que a felicidade não pode ser continuada, prolongada o bastante para que nosso coração
se sinta saciado?
Deixa
eu dizer o que aprendi: primeiro, nossos desejos são nossos desejos e nossos
sonhos, nossos sonhos.
Vemos
diante de nós uma linha sem curvas, sem levar em conta as várias pequeninas
peças que fazem uma poderosa máquina funcionar.
Nossos
planos envolvem, claro, infalivelmente, outras pessoas, elas mesmas com seus
próprios desejos e anseios.
Precisamos
aprender a flexibilidade de ter que ceder aqui para receber ali, de avançar
lentamente o caminho ao qual nos fixamos.
Segundo,
quando algo que planejamos não dá certo, é porque Deus nos tem sob sua proteção
e prepara algo melhor para nós.
Somos,
creiam, pessoas especiais que desejam um pedacinho do céu e que Deus quer dar
todo o universo.
Os
planos dEle sim, são perfeitos, pois Ele vê e sente o coração de todos os
homens, Ele sabe dizer o que há por detrás do muro onde se encerra nossa visão.
Quando
muitas pessoas pensam que Deus as abandonou,
Ele
está, invariavelmente, cuidando com dobrado carinho e atenção delas.
Poucos,
em toda a história da humanidade, perderam tanto quanto Jó.
E
poucos, em toda a história da humanidade, choraram como ele, se lamentaram como
ele e receberam a vitória como ele.
Não
podemos perder a coragem, fé e motivação. Caídos, sim, muitas vezes, mas
enterrados, não.
Não
e não!!!
Quem
cair, levante-se e se não encontrar forças, estenda a mão!
Não
há humilhação em estender o braço.
Muito
pior que isso é deixá-los contra si mesmo enquanto outros continuam o caminho
como se não existíssemos.
Deus
promete o sol, não todos os dias, mas ele sempre aparece.
Deus
nos promete a lua e, mesmo se ela muda de fases, dá aquele encanto mágico a um
ponto do céu onde nunca chegaríamos, mesmo em imaginação.
Letícia
Thompson
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