Domingo, 09
de setembro de 2012
"Se
você acha que a educação é cara, tenha a coragem de experimentar a
ignorância." (Derek Bok)
EVANGELHO
DE HOJE
Mc 7,31-37
Jesus saiu
da região que fica perto da cidade de Tiro, passou por Sidom e pela região das
Dez Cidades e chegou ao lago da Galiléia. Algumas pessoas trouxeram um homem
que era surdo e quase não podia falar e pediram a Jesus que pusesse a mão sobre
ele. Jesus o tirou do meio da multidão e pôs os dedos nos ouvidos dele. Em
seguida cuspiu e colocou um pouco da saliva na língua do homem. Depois olhou
para o céu, deu um suspiro profundo e disse ao homem:
-
"Efatá!" (Isto quer dizer: "Abra-se!")
E naquele
momento os ouvidos do homem se abriram, a sua língua se soltou, e ele começou a
falar sem dificuldade. Jesus ordenou a todos que não contassem para ninguém o
que tinha acontecido; porém, quanto mais ele ordenava, mais eles falavam do que
havia acontecido. E todas as pessoas que o ouviam ficavam muito admiradas e
diziam:
- Tudo o que
faz ele faz bem; ele até mesmo faz com que os surdos ouçam e os mudos falem!
MEDITANDO
O EVANGELHO
Padre
Antonio Queiroz
Aos surdos
faz ouvir e aos mudos falar.
Este
Evangelho trás para nós a belíssima cena de Jesus curando o homem surdo e que
falava com dificuldade.
O
texto começa dizendo: “Jesus saiu de novo...” Jesus caminhava, ia atrás do
povo, não ficava parado. Ele não ficava esperando que as pessoas fossem até
ele. O amor nos dá esse dinamismo. Como é importante nós também aproveitarmos a
nossa saúde e tempo disponível para nos movimentarmos, indo até as pessoas que
precisam da Água Viva, da Boa Nova de Cristo!
Quando
Jesus atravessava uma região, trouxeram-lhe “um homem surdo, que falava com
dificuldade”. Geralmente os surdos têm deficiência na conversa, porque a nossa
fala depende da audição.
Na
área espiritual é a mesma coisa: as pessoas que não ouvem a Palavra de Deus,
acabam não ouvindo também os apelos da realidade que as cerca, e
conseqüentemente tornam-se mudas, não falando a palavra certa na hora certa.
Não ficam indignadas com nada; passam pela vida sem influenciar, indo na onda
da sociedade de consumo.
Uma
Comunidade que não ouve corretamente a Palavra de Deus, confrontando com a
realidade do seu meio, também se torna muda, não fala nem faz nada de
transformador, em direção ao Reino Deus.
Jesus,
no seu primeiro discurso na sinagoga de Nazaré, disse que veio para abrir os
olhos dos cegos, dar audição aos surdos e libertar os oprimidos, anunciando o
ano da graça do Senhor (Cf Lc 4,18-19).
Muitas
pessoas são como aquelas que Jesus citou na parábola do samaritano: passam ao
lado do irmão ferido e fecham os olhos para não ver. Ou então, como o rico da
parábola: vivem uma vida inteira ao lado do Lázaro e não se tocam. Não existe
nada mais forte para tapar os ouvidos, os olhos e a boca das pessoas, do que o
apego às riquezas.
Jesus
“olhando para o céu, suspirou e disse: ‘Efatá’, que quer dizer: Abre-te!”
Recordando esta cena, no nosso batismo o padre fez um gesto parecido: colocou a
mão nos nossos ouvidos e na nossa boca, e disse: “Efatá!”
Quando
o povo hebreu era escravo no Egito, Deus apareceu para Moisés e disse: “Eu vi a
opressão de meu povo no Egito, ouvi os gritos de aflição diante dos opressores
e tomei conhecimento de seus sofrimentos, e desci para libertá-los” (Ex 3,7-8).
Deus tem os olhos e os ouvidos abertos. Assim como chamou Moisés, ele chama os
seus filhos e filhas, em todos os tempos e lugares, a fim de libertarem o seu
povo. Deus ama o seu povo, e não quer vê-los como ovelhas sem pastor.
“Jesus
afastou-se com o homem para fora da multidão”. É interessante que a primeira
coisa que Jesus fez com o homem foi afastá-lo para longe da multidão. O
primeiro objetivo foi ter um contato mais pessoal com ele. Nós não podemos
ficar só “na multidão”, mesmo que essa multidão seja de cristãos.
O
segundo objetivo de Jesus é para que o homem, depois de curado, pudesse voltar
para o meio do povo, ouvindo e falando sem dificuldade, inclusive para ajudar
os outros.
Os
nossos bispos, reunidos em Aparecida, disseram: “Vivemos uma mudança de época,
e seu nível mais profundo é o cultural. Dissolve-se a concepção integral do ser
humano, sua relação com o mundo e com Deus” (DA 44). Portanto, a nossa missão é
grande, como “discípulos e missionários de Jesus Cristo, para que o povo tenha
mais vida nele”.
Havia,
certa vez, uma menina que morava na roças. E um pássaro muito bonito começou a
entrar no quarto dela. Ela comprou ração apropriada e espalhou em cima do
guarda-roupa, e também uma tacinha de água, já preparada para não transmitir
dengue.
Assim,
o belo passarinho fez amizade com ela. Parecia que os dois eram velhos amigos.
Todos os dias ele aparecia. Suas penas eram brilhantes e seus olhinhos
encantadores.
Com
medo de perder o amiguinho, a garota o prendeu numa gaiola. Poucos dias depois,
suas penas perderam o brilho e ele passou a contar diferente, um canto parecido
com choro. Passava o dia todo olhando para a janela.
Quando
percebeu o erro que havia cometido, mais que depressa a menina abriu a gaiola e
a ave foi-se embora, para nunca mais voltar.
Que
Cristo abra os nossos ouvidos e olhos para contemplarmos a natureza, mas sem
prejudicá-la!
O
exemplo de Maria Santíssima é maravilhoso. Ela não foi surda nem muda, mas
ouviu o apelo de Deus, entendeu-o direitinho e o cumpriu com generosidade. No
magnificat, ela mostrou que ouvia também os anseios do povo, e falava com
coragem. Que ela nos ajude a nos aproximarmos de seu Filho, a fim de que ele,
dizendo “Efatá!”, nos cure da surdez e da conseqüente dificuldade em falar.
Aos surdos
faz ouvir e aos mudos falar.
MUNDO
ANIMAL
Fidelidade
de cadela serve de exemplo nas Osid
Quem
conhece a filosofia de trabalho e o carisma das Obras Sociais Irmã Dulce (Osid)
sabe que se trata de instituição toda especial, onde os mais impensáveis gestos
e atos de amor se manifestam. Renato Mário dos Santos, 43 anos, é catador de
recicláveis, negro, morador de rua, sujo pelo tempo, viciado em álcool e
homossexual. No Largo de Roma, ele encontrou dois amores após vir de Guarulhos
(SP): o primeiro é seu companheiro Jorge Luiz dos Santos Soares, 28 anos,
também alcoolista. A segunda "pessoa" é seu maior amor, Nina, uma
cadela de quem não se sabe a idade ou raça, que há dois anos encontrou Renato,
fazendo-o "renascer" como uma espécie de "Lázaro moderno".
Renato
cuidou de Nina em sua doença (ele buscou todos os meios para curá-la de um
sangramento intermitente e encontrou uma veterinária que cuidou do animal sem
cobrar pelo serviço). Hoje Nina tem cartão de vacina e dá ao seu dono toda a atenção e proteção. "É
ela quem cuida de mim, me protege, é meu anjo. E ela nunca gostou que eu
bebesse. Quando via uma bombinha vazia
(de cachaça), ela me tomava. E rosna para quem me oferece bebida", contou
Renato, que divide com Nina comida e espaço
em calçadas ou no Albergue de Roma.
O
internamento - Buscando livrar-se do vício, Renato e Jorge buscaram tratamento
no Centro de Acolhimento e Tratamento de Alcoolistas (Cata) da Osid. Era
primeiro de agosto e a dupla escolheu
roupa "de gala": vestiu-se com paletós e foi ao centro calçada de
havaianas. Mas o tratamento pedia uma indesejada separação: Renato não poderia
ter, dentro da unidade de saúde, contato com o animal amigo. Mas, logo os
funcionários começaram a perguntar de quem ela seria. Dócil com quem passa, a
cadela só abandona a vigília para alimentar-se, "aliviar-se" ou
proteger-se da chuva.
Logo
descobriram que Nina buscava seu dono e viram que se tratava de um animal
especial. Como escreveu o jornalista Ciro Brigham, primeiro a traduzir em
letras este caso de amor, "não duvide, portanto, se, ao olhar para essa
cadelinha, você enxergar, de relance, Irmã Dulce a cochichar-lhe num ouvido e
São Francisco no outro". A coordenadora do Cata, a médica Maria Del
Carmen, ressaltou que Renato e Nina têm características interessantes.
"Ela é uma cadela diferente e Renato é muito tranquilo". Por isso,
uma primeira exceção foi aberta para Renato e Jorge: eles foram internados no
Cata, mesmo não sendo dia para novas admissões.
Outra
licença foi concedida a Renato: em vista do amor entre o paciente e a cadela,
foi permitido a ele descer ao menos uma vez no dia para ver sua grande
companheira. Renato e Jorge passarão pelo menos 20 dias em desintoxicação e
depois terão atendimento ambulatorial
(Jorge sofreu três convulsões provocadas pela abstinência do álcool, mas
encontra em Renato apoio para enfrentar esta difícil fase da luta contra o
terrível vício).
Para
os funcionários e religiosos da Osid, o caso os faz pensar sobre o amor.
"Nina nos mostra como devemos amar, independentemente das escolhas das
pessoas", disse a irmã Helena, religiosa da mesma congregação que Irmã
Dulce. Ela conta que, em anos anteriores, em todas as semanas de homenagens à
beata Dulce, apareceu um cachorro, frequentemente necessitando de cuidados.
"Mas desta vez apareceu uma que veio cuidar do seu dono", contou a
religiosa. Sobre Nina, Renato disse: "Ela é tudo para mim, meu maior
amor".
Cidadão
Repórter
MOMENTO
DE REFLEXÃO
Escolher quer dizer preferir, selecionar, optar.
Toda nossa vida é feita de escolhas.
Por mais indecisos que sejamos, ao abrir os olhos pela manhã, teremos
que optar entre permanecer na cama, esquecendo as horas, ou levantar.
A opção continua na primeira refeição da manhã: cereal, frutas,
chá, café, pão integral, pão branco, mel, açúcar ou adoçante.
Desejar bom dia ou resmungar qualquer coisa, ou ficar calado. São
opções.
Sair de carro, dar uma caminhada, correr para não perder a
condução ou fazer de conta que não tem compromisso nenhum.
Ser gentil no trânsito, cedendo a vez a outro carro em cruzamento
complicado, ou fazer de conta que ninguém mais existe no caminho além de você
mesmo.
Não jogar nada pelas janelas do carro, ou emporcalhar todo o
caminho por onde passa, tudo é questão de escolha.
Escolha de como você deseja que seja o seu dia, a sua vida, o seu
mundo.
Você pode viver muito bem com todo mundo ou viver muito mal até
consigo mesmo.
Você pode modificar o mau humor da sua chefia ou de seu colega de
escritório, pode sintonizar com eles ou pode ficar na sua.
Você pode atender muito bem o seu cliente e ter sorrisos de
retorno ou fingir que ele nem está aí, esperando que outro colega decida por
atendê-lo.
Você pode se tornar uma pessoa quase indispensável, no mundo, pela
sua forma de ser.
Ou decidir por ser alguém que, se faltar, poucos ou talvez ninguém
notará.
Contou-nos amigo nosso que, viajando por essas estradas de Deus,
pelo interior do nosso Brasil, começou a sentir fome.
Aproximava-se o horário do almoço e porque ele e o companheiro de
viagem não conhecessem muito bem aqueles caminhos, ficaram atentos a qualquer
placa indicativa de lanchonete ou restaurante.
Mais alguns quilômetros percorridos e chegaram a um local que
oferecia refeições.
Em cima do imóvel, escrito em letras grandes, em madeira firme,
lia-se: Comida a escolê.
Logo entenderam que o proprietário ou proprietária se equivocara
ao escrever. Talvez pelas poucas letras que tivesse.
Mas compreenderam, sem dúvida, que havia comida para se escolher.
Entraram e uma senhora muito simples os atendeu. Porque não
houvesse cardápio à vista, perguntaram o que havia para lhes matar a fome.
Frango frito. Foi a resposta rápida.
E que mais?
Só frango frito. Respondeu de novo.
Mas a tabuleta diz comida a escolher. – argumentou meu amigo.
Sim. Falou a senhora, sem
pestanejar. O senhor escolhe se quer comer ou se não quer comer.
Tinha toda razão aquela senhora.
Tudo é opção.
Por isso, alguns de nós, escolhemos viver em clima de felicidade,
com o pouco ou quase nada que tenhamos.
Outros optamos por ser infelizes, com a abundância que
desfrutamos.
Uns recebemos o diagnóstico de doença insidiosa e decidimos lutar
e viver o quanto nos seja permitido.
E curtimos a natureza, a praia, a montanha, os passeios com a
família, o cinema, a bagunça dos netos.
Outros, optamos por nos deixar morrer, sem combate.
Felicidade ou infelicidade. A decisão cabe a cada um de nós.
Todos sofremos perdas, doenças, lutas, no mundo de provas e
expiações em que nos movimentamos.
Todos também usufruímos alegrias, conquistas, dádivas, saúde.
O que fazemos com cada uma dessas coisas é o que estaremos fazendo
com o nosso dia: alegria ou tristeza. vitórias ou derrotas.
Pense nisso e escolha o que você deseja para você, agora, hoje,
nesse novo dia.
Abrace a alvorada que
surge, viva as horas de bênçãos e quando a noite chegar, agradeça a Deus pelas
felizes escolhas desse bendito tempo que se chama dia.
Amanhã, quando retornarem as horas a movimentar os ponteiros do
relógio, você voltará a fazer as suas escolhas... muito boas escolhas.
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